Ao longo desta terça-feira, os combates em todas as frentes de conflito em Israel aumentaram de intensidade, indo assim no sentido de um maior envolvimento das forças de defesa de Israel (IDF) com o foco na perseguição aos membros e às infraestruturas dos radicais do Hamas.
Segundo a imprensa israelita, os ataques aéreos israelitas aumentaram na Faixa de Gaza – num quadro em que, pelo menos para já, o Hamas ainda consegue dar resposta. O grupo islâmico lançou mais de sete centenas de misseis em direção à capital, Telavive, ao mesmo tempo que as IDF atingiram duramente Gaza. O mesmo sucedeu bem mais a norte, ma fronteira com o Líbano, onde os combates também aumentaram de intensidade de forma muito notória – dando crédito à decisão do governo israelita de retirar os residentes das proximidades da fronteira.
Segundo pode intuir-se das notícias emanadas pela imprensa, em presença não estará ainda o ataque principal – mas, segundo relatam os porta-vozes das IDF, a preocupação é, para já, ‘limpar’ o mais possível o terreno em Gaza antes de o grosso das tropas avançarem por terra. Esse avanço estará, por isso, eminente e pode suceder a qualquer momento.
Entretanto, merece também destaque – mesmo que os envolvidos insistam que nada tem a ver – a viagem do chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, a Teerão, capital do Irão. "A agenda bilateral atual foi amplamente discutida, com ênfase no desenvolvimento de todo o complexo da multifacetada parceria russo-iraniana, de acordo com os acordos alcançados entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente iraniano, Ebrahim Raisi", disse o Ministério das Relações Exteriores russo em comunicado citado pela agência Tass.
As partes destacaram a implementação de projetos conjuntos nos campos da energia e da logística, incluindo o lançamento integral do corredor internacional de transporte Norte-Sul. Medidas adicionais para fortalecer ainda mais os laços russo-iranianos foram acordadas, disse o ministério.
Além disso, tanto Moscovo como Teerão enfatizaram que são inaceitáveis sanções unilaterais ocidentais, que "minam o funcionamento normal da economia global". "Considerando a situação em torno do Plano de Ação Conjunto Global sobre o programa nuclear iraniano, as partes condenaram as medidas tomadas por seus participantes ocidentais, que contradizem a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU
Sobre a questão de Israel e do Hamas, nem uma palavra, pelo menos segundo aquela fonte. O mesmo (silêncio) se passa ao nível das agências oficiais ou semi-oficiais iranianas.
Importante ao longo do dia de ontem, terça-feira, foi também a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, a Israel. Mas as novidades que seguiram na mala de Macron podem não ter agradado ao governo de coligação de Benjamin Netanyahu. De facto, segundo a imprensa local, depois de o presidente francês ter sugerido a ideia de expandir a coligação internacional anti-Estado Islâmico (EI) para incluir a luta contra o Hamas, o Palácio do Eliseu parece ter recuado.
"O objetivo é inspirarmo-nos na experiência da coligação internacional contra o EI e verificar que aspetos podem também ser implementados contra o Hamas", diz o gabinete do presidente em comunicado citado pelo “The Times of Israel”. "Estamos prontos para pensar, juntamente com os nossos parceiros e com Israel, sobre o curso de ação relevantes contra o Hamas”.
Algures duramente o dia, Israel protestou depois de o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, ter tentado explicar o ímpeto por detrás dos ataques do Hamas. “É importante reconhecer também que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo”, disse Guterres. “O povo palestiniano foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante. Viram as suas terras serem continuamente devoradas por colonatos e assoladas pela violência; a sua economia foi sufocada; as pessoas foram deslocadas e as suas casas demolidas. As suas esperanças de uma solução política para a sua situação têm vindo a desaparecer.”
Guterres acrescentou que “as queixas do povo palestiniano não podem justificar os terríveis ataques do Hamas. E esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestiniano.”
O enviado israelita à ONU, Gilad Erdan, qualificou as observações de Guterres de “chocantes”, “horríveis” e “totalmente desligadas da realidade da nossa região”. “O seus comentários… constituem uma justificativa para o terrorismo e o assassinato”, disse Erdan, citado pela imprensa israelita. “É triste que uma pessoa com tais opiniões seja o chefe de uma organização que surgiu após o Holocausto.”