Ao cabo de duas semanas em que a China se manteve aparentemente afastada da primeira linha da diplomacia em torno da guerra entre Israel e o Hamas, Pequim fez saber que apoia a convocação de uma ampla e autorizada conferência internacional de paz o mais rapidamente possível. Segundo avança a agência Reuters, a China quer usar a crise atual para levar a comunidade internacional a ‘empurrar’ a questão palestiniana para a "solução de dois Estados", disse o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, esta quarta-feira.
Segundo a mesma fonte – que citava um comunicado do Ministério dos negócios Estrangeiros chinês – Wang fez estes comentários durante um contacto telefónico com o seu homólogo de Omã, Sayyid Badr Albusaid, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.
Resta saber se Israel estará interessado em permitir que o assunto se internacionalize. No passado (recente), Telavive manteve sempre um grande distanciamento em relação a qualquer solução que pudesse emanar de um compromisso internacional alargado. Por uma razão: com base no seu histórico na ONU, Israel sabe que os ventos internacionais dificilmente soprarão a seu favor. Todas as tentativas de se encontrar um compromisso entre o Estado hebraico e a comunidade internacional falharam.
Por diversas vezes – nomeadamente na altura das Intifadas – vários países colocaram a hipótese da criação de uma força militar internacional que, como sucede nos Balcãs depois das guerras que assolaram a região nas duas últimas décadas, pudesse garantir alguma estabilidade nas belicosas fronteiras israelitas (nomeadamente as do Líbano e da Síria). Israel mostrou-se sempre diametralmente adverso a uma solução deste tipo e nunca quis que soldados estrangeiros tomassem em mãos uma pequena parte que fosse da sua segurança interna.
No meio do conflito, as duas principais plataformas da China – Alibaba e Baidu – removeram o nome ‘Israel’ de seus mapas, embora a fronteira do país e os nomes de suas principais cidades permaneçam. Segundo a imprensa israelita, as empresas não forneceram nenhuma explicação para esta surpreendente alteração.
Ainda na frente diplomática, esta quarta-feira ficou marcada por uma convocação do Ministério das Relações Exteriores da Jordânia, que retirou o seu embaixador de Israel. O ministério disse que o regresso do seu embaixador a Telavive, bem como do embaixador israelita a Amã, capital da Jordânia, está condicionado ao fim da guerra na Faixa de Gaza.
Por outro lado, o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou a Colômbia e o Chile por também terem convocado os seus embaixadores em protesto contra a guerra. "Cidadãos da Colômbia, Chile e outros países latino-americanos também estão entre as vítimas do ataque hediondo" de 7 de outubro, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat, citado pela imprensa do país. "O Estado de Israel está a travar uma guerra que lhe foi imposta; uma guerra contra uma organização terrorista que usa os cidadãos da Faixa de Gaza como escudos humanos".
Haiat disse que Israel "pede à Colômbia e ao Chile que condenem explicitamente a organização terrorista Hamas, que matou e sequestrou bebés, crianças, mulheres e idosos. Israel espera que a Colômbia e o Chile apoiem o direito de um país democrático de proteger os seus cidadãos e peçam a libertação imediata de todos os reféns."
Tanto a Colômbia como o Chile convocaram os seus embaixadores junto ao Estado judeu, acusando-o de "massacres" e violação dos direitos humanos.
No terreno, as forças de defesa de Israel (IDF) continuaram a avançar sobre a cidade de Gaza. Segundo a imprensa local, o brigadeiro-general Itzik Cohen, comandante da 162ª Divisão das IDF, afirmou que as suas forças estão a atuar “nas profundezas de Gaza, às portas da Cidade de Gaza".
Cohen revelou que nos últimos cinco dias "destruímos grande parte das estruturas do Hamas, atacámos as suas instalações estratégicas, os seus túneis subterrâneos e outras instalações, que destruímos completamente". Mas assinalou que esta é uma "longa tarefa" que terá de ser continuada por muito tempo.
As IDF revelaram também que a frente de guerra no Líbano continua muito ativa. As forças israelitas adiantaram que vários morteiros foram disparados contra Israel a partir do Líbano ao longo desta quarta-feira. Os militares respondem bombardeando a célula que realizou os lançamentos. Recontros deste género – com as IDF a tentarem deixar claro que os seus ataques surgem sempre como retaliação e não como provocação – foram assinalados em vários pontos da fronteira comum.