O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pressionou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em conversas esta terça-feira para capitalizar a morte do líder do Hamas, garantindo a libertação dos reféns do ataque de 7 de outubro e encerrando a guerra em Gaza. Depois de repetidas tentativas infrutíferas de mediar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, Blinken fez a sua 11ª viagem ao Oriente Médio desde que a guerra em Gaza começou.
Blinken também procurava formas de acabar com o crescente conflito entre Israel e o Hezbollah no Líbano, e, segundo os jornais norte-americanos, expressou a esperança dos Estados Unidos de que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, proporcionará uma nova oportunidade para a paz.
“O secretário de Estado falou sobre a necessidade de capitalizar a ação bem-sucedida de Israel para levar Yahya Sinwar à justiça”, segundo um comunicado do Departamento de Estado, “garantindo a libertação de todos os reféns e encerrando o conflito em Gaza de uma forma que proporcione segurança duradoura para israelitas e palestinianos”. O comunicado do Departamento de Estado versava a mais recente reunião entre a administração Biden e o governo de Israel, mas assentava em pontos que dificilmente serão verdadeiros. Nomeadamente a possibilidade de as mortes na cúpula do Hamas serem uma força de fazer sentar o grupo radical à mesa das negociações.
Em comunicado divulgado pelo seu gabinete, Netanyahu disse que a eliminação de Sinwar “pode ter um efeito positivo no regresso dos reféns, na realização de todos os objetivos da guerra e no dia seguinte à guerra”. Mas o texto não mencionava um possível cessar-fogo.
Segundo a agência Reuters, vários países aliados ocidentais de Israel veem o assassinato de Sinwar, na semana passada, como uma plataforma potencial que fornece cobertura política ao governo de extrema-direita de Netanyahu para afirmar que os seus objetivos foram alcançados em Gaza.
Mas não é nada disso, a acreditar no próprio primeiro-ministro, que Israel está a pensar fazer, dado que afirmou repetidamente que não vai parar a guerra até que o Hamas seja totalmente destruído como força militar e entidade governativa em Gaza. Do seu lado, o Hamas recusou sempre libertar reféns enquanto Israel não se comprometer em acabar com a guerra e retirar do enclave.
O Departamento de Estado disse que Blinken e Netanyahu também discutiram maneiras de implementar a resolução da ONU de 2006, aprovada após a última guerra entre Israel e o Hezbollah, que restauraria a segurança ao longo da fronteira Israel-Líbano. Mas o Hezbollah tem a mesma posição que o Hamas: enquanto Israel não retirar e não baixar as armas, a guerra não vai parar. Aliás, o Hezbollah anunciou esta terça-feira que realizou dezenas de ataques contra alvos israelitas, incluindo instalações militares perto de Haifa e Telavive.