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Cimeira dos BRICS: mais 13 países mostram vontade política de aderir ao grupo

Grupo de economias emergentes quer alargar o seu espectro geográfico, as suas zonas de influência e a ligação da sua economia. Muito longe de Kasan, Aleksandar Vucic, presidente da Sérvia - país que está às portas da União Europeia - falou de paz e de Europa.

Pelo menos 13 países estão a realizar consultas sobre a obtenção do estatuto de Estado parceiro dos BRICS, revelou um assessor do Kremlin, Yury Ushakov, no final do primeiro dia da cimeira do agregado, que se realiza em Kazan – 800 km a leste de Moscovo. Segundo disse, citado pela imprensa russa, a questão da obtenção do estatuto de país parceiro é "objeto de consultas entre delegações e será posteriormente considerada pelos líderes" dos Estados BRICS.

O presidente russo, Vladimir Putin, que é também o presidente da estrutura internacional, assegurada rotativamente, disse que pelo menos 30 estados expressaram a vontade política de se juntarem ao trabalho dos BRICS de uma forma ou de outra – mesmo que não seja desde logo como membro de pleno direito. A 16ª Cimeira dos BRICS tem como membros de pleno direito o Brasil, Rússia, Índia, África do Sul, Egipto, Etiópia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Aguardado com forte expectativa era o encontro entre Putin e o seu homólogo chinês, Xi Jinping. A reunião entre os dois presidentes, à margem da cimeira, durou cerca de uma hora. Na parte aberta do encontro, Putin enfatizou que a cooperação entre Moscovo e Pequim é "justa, em benefício mútuo e absolutamente incondicional", enquanto Xi Jinping se referiu ao nível dos laços bilaterais como "sem precedentes".

Segundo as mesmas fontes, os dois líderes abordaram o crescimento do volume de negócios entre os países envolvidos, a implementação de projetos conjuntos em várias indústrias, bem como o desenvolvimento de laços humanitários. Além da importância intrínseca do encontro, os analistas esperavam que Xi Jinping tecesse considerações sobre a guerra que Israel levou até à Palestina e ao Líbano – com o Irão à espera de desenvolvimentos – uma vez que Pequim tem sido parca em comentários. Mas, as imprensas russa e chinesa não têm nenhuma referência sobre a matéria. A China foi responsável pela aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita – um acontecimento de todo inesperado pela diplomacia mundial e que se converteu num precioso trunfo para o poder chinês. Mas o certo é que, desde outubro passado, e numa altura em que o Ocidente esperava mais intervenção, Pequim tem estado principalmente ausente dos palcos do Médio Oriente.

O mesmo não se passa com a questão da guerra na Ucrânia, em relação à qual Pequim tem dado apoio firme às iniciativas de Moscovo. Mas também nesta área as informações não indicam qualquer intervenção específica de Xi Jinping. A agência TASS adianta apenas que ambos os líderes "observaram uma convergência significativa de posições e abordagens em relação ao que está acontecer no mundo", nomeadamente no que tem a ver com a Ucrânia e com a situação internacional em geral, segundo afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Os dois lados trocaram opiniões sobre a Ucrânia e a situação internacional em geral. Mais uma vez, ambos notaram uma convergência significativa de posições e abordagens.

O ‘analista de serviço’ foi desta vez o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que afirmou que ele próprio, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, são os únicos políticos europeus que não têm medo de discutir um acordo de paz para o conflito na Ucrânia. “O trio tem uma perspetiva um pouco diferente sobre os combates na Europa, particularmente na Ucrânia. Ao contrário de muitos outros, não temos medo de pronunciar a palavra ‘paz’, que se tornou bastante impopular na Europa de hoje. O discurso predominante concentra-se em como derrotar o inimigo e não na importância de alcançar a paz", afirmou Vucic, citado pela agência de notícias Tanjug.

Vucic não está em Kasan: está de visita a Komarno, no sul da Eslováquia, onde está envolvido em debates com Fico e Orban sobre o combate à imigração ilegal. Pela Sérvia – país que está na linha da frente (ou talvez já tenha passado para a segunda fila) para entrar na União Europeia – está na cimeira o vice-primeiro-ministro, Aleksandar Vulin, o ministro da Defesa, Bratislav Gasic, a ministra da Economia, Adriana Mesarovic, e o ministro Nenad Popovic, que supervisiona a cooperação económica internacional.