Num momento em que os combates em Israel se intensificam em todas as frentes – em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano – a relação entre os comandos israelitas e a Autoridade Palestiniana (que lidera a Cisjordânia) está cada vez mais extremada. Este domingo, o Ministério das Relações Exteriores da Autoridade divulgou em comunicado em que lança dúvidas sobre a autenticidade das provas que levaram à investida militar a seguir a 7 de outubro. A Autoridade, liderada por Mahmoud Abbas afirma que helicópteros israelitas bombardearam civis em 7 de outubro durante o festival de música Supernova. A declaração lança dúvidas sobre os relatos israelitas sobre as atrocidades praticadas naquele dia pelo Hamas (que não tem relações cordatas com a Autoridade. E pede a todos os meios de comunicação, à ONU e aos líderes da comunidade internacional que revisitem aquilo que foi publicado pelos media do Estado hebraico.
A afirmação de que um helicóptero das forças de defesa de Israel (IDF) que chegou ao local do festival perto de Re'im em 7 de outubro pode ter matado alguns civis israelitas foi feita pela primeira vez no jornal “Haaretz” de sábado com base em fontes não identificadas da polícia israelita e foi amplamente divulgada na imprensa árabe.
Um comunicado da polícia emitido em resposta à alegação da Autoridade Palestiniana diz que a investigação se concentrou apenas e exclusivamente na atividade policial, e não em qualquer atividade das IDF, e, portanto, não forneceu "qualquer indicação sobre os danos de civis devido à atividade aérea". Segundo a imprensa israelita, as IDF não comentaram a reportagem do jornal.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu criticou a Autoridade Palestiniana por emitir o comunicado. "Hoje, a Autoridade Palestiniana em Ramallah disse algo totalmente absurdo. Negou que tenha sido o Hamas a levar a cabo o horrível massacre no festival perto de Gaza", disse Netanyahu em comunicado (em vídeo) divulgado em hebraico e inglês. "Na verdade, acusou Israel de realizar esse massacre. Isso é uma inversão completa da verdade." Netanyahu diz que Mahmoud Abbas, "que no passado negou a existência do Holocausto, hoje nega a existência do massacre do Hamas e isso é inaceitável".
Os Estados Unidos e outros países defenderam a ideia de que a Abbas poderia governar a Faixa de Gaza após a guerra entre Israel e o Hamas, algo contra o qual Netanyahu voltou a considerar completamente impossível. “ O meu objetivo é que, no dia seguinte à destruição do Hamas, qualquer futura administração civil em Gaza não negue o massacre, não eduque os seus filhos para se tornarem terroristas, não pague a terroristas e não diga aos seus filhos que o objetivo final na vida é ver a destruição e a dissolução do Estado de Israel.
Entretanto, as IDF revelaram que intensificaram os ataques aéreos durante a noite e as forças terrestres começaram a manobrar mais profundamente no norte da Faixa de Gaza. Caças atingiram muitos alvos do Hamas nas cidades de Jabaliya, Beit Lahiya, na Faixa de Gaza, e no bairro de Zeitoun, na Cidade de Gaza, disseram os militares, citados pela imprensa. Tropas da Brigada Nahal, com tanques e apoio aéreo, lutaram contra agentes do Hamas nos arredores de Jabaliya e Zeitoun, especificaram as IDF. Ao mesmo tempo, navios da Marinha armados com mísseis realizaram ataques a locais do Hamas ao longo da costa de Gaza. Os militares disseram que as tropas localizaram cerca de 35 poços de túneis e dezenas de armas no bairro de Rimal e Sheikh Ijlin, e invadiram um campo militar do Hamas na área de Rimal, localizando um depósito de armas e sete lança-foguetes.
No Hospital al-Shifa, o maior centro médico de Gaza, muitos pacientes, funcionários e deslocados foram evacuados, deixando para trás apenas uma equipa para cuidar daqueles que não podem ser removidos. Os militares têm operado em torno do hospital na última semana, descobrindo o que disseram ser evidências do uso do local pelo Hamas para atividades terroristas. As IDF disseram que estão a trabalhar para evacuar o maior número possível de pacientes do complexo.
A Organização Mundial da Saúde enviou este domingo uma equipa a al-Shifa para evacuar pelo menos 30 bebés prematuros, antes da sua transferência para instalações no Egipto.
O gabinete de Segurança de Israel aprovou a transferência diária de uma quantidade limitada de combustível para a Faixa de Gaza para fins humanitários, contrariando a decisão tomada pelo gabinete de guerra de alto nível (o atual governo), disse o jornal “Times of Israel”. A decisão foi impopular entre vários membros do gabinete de linha dura do, como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o ministro dos Transportes, Miri Regev, e que Gideon Sa'ar, do Partido Unidade Nacional, de Benny Gantz, um dos líderes da oposição (ambos com lugar no gabinete de crise) se absteviveram.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que permitir a ajuda humanitária a Gaza é crucial para continuar a guerra e que, sem ela, haveria menos apoio internacional à campanha militar de Israel. "Mesmo os nossos melhores amigos teriam dificuldade em manter o seu apoio a longo prazo e isso tornaria difícil completar a guerra", disse. "As IDF e o Shin Bet [serviços secretos internos] recomendaram que o gabinete aceitasse o pedido norte-americano de permitir que dois petroleiros por dia entrassem no sul da Faixa de Gaza”.
Também este domingo, os guerrilheiros houthis do Iémen, apoiados pelo Irão, sequestraram um navio que transitava pelo mar Vermelho e desviaram-no para um porto iemenita, depois de ameaçarem atacar navios israelitas em retaliação pelos bombardeamentos e o cerco da Faixa de Gaza, disse a agência EFE citando fontes do movimento insurgente. Estranhamente, não se confirma para já que a embarcação seja de propriedade ou de bandeira israelita, mas a imprensa árabe afirma que a bandeira é das Bahamas e a propriedade é parcialmente israelita.