Vários países expressaram seu apoio à Noruega, Irlanda e Espanha depois de os três países europeus terem anunciado esta quarta-feira que reconheceriam unilateralmente um Estado da Palestina. Mas, como seria de esperar, Estados Unidos, França e Alemanha disseram que não é o momento certo para tomar essa decisão, e estão convencidos de que não há as condições certas para tal.
Portugal assume, para já e desde sempre, uma posição alinhada com a União Europeia: a do não-reconhecimento. O embaixador Francisco Seixas da Costa afirma que o mais provável é que Portugal continue a pautar a sua postura pelo entendimento comum – e que nunca irá reconhecer unilateralmente o Estado Palestiniano. O novo Governo confirma: Portugal não vai seguir para já o passo da Noruega, de Espanha e da Irlanda. À CNN Portugal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que Portugal “mantém a mesma posição do anterior governo e não vai assumir uma posição diferente” para já, “o que não significa que não venha a reconhecer no futuro”.
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita “expressa como bem-vinda por parte do reino a decisão tomada pelo reino da Noruega, pelo reino da Espanha e pela república da Irlanda de reconhecer o Estado-irmão da Palestina”, de acordo com um comunicado publicado na rede social X. “O reino aprecia esta decisão emitida pelos países amigos, que afirma o consenso internacional sobre o direito inerente do povo palestiniano à autodeterminação, e apela aos demais países para que tomem rapidamente a mesma decisão.” Recorde-se que as autoridades sauditas disseram há poucos dias que os laços com Israel são impossíveis sem passos “irrevogáveis” para o reconhecimento de um Estado palestiniano. O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, reconheceu que Israel pode não estar disposto a isso.
A Jordânia saudou a medida coordenada da Irlanda, Noruega e Espanha como um “passo importante e essencial para o Estado palestiniano”. “Saudamos as decisões tomadas pelos países europeus amigos de reconhecer um Estado palestiniano”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros jordaniano, Ayman Safadi, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo húngaro em Amã. “Valorizamos esta decisão e consideramo-la um passo importante e essencial para uma solução de dois Estados que incorpore um Estado palestiniano independente e soberano ao longo das fronteiras de julho de 1967”. Um Estado palestiniano “marca um passo importante e essencial em resposta às ações do governo israelita não apenas na rejeição da solução de dois Estados, mas também em termos de medidas práticas no terreno que matam as hipóteses de alcançar a paz na região”, disse ainda Ayman Safadi.
Os seis membros do Conselho de Cooperação do Golfo – Omã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Qatar, Bahrein e Kuwait – também se manifestaram em apoio à medida, com o secretário-geral Jasem Mohamed Albudaiwi a afirmar que representa “um passo crucial e estratégico para alcançar a solução de dois Estados”.
A Organização de Cooperação Islâmica, com sede na cidade saudita de Jeddah, também saudou a medida como um “passo histórico importante”.
Do seu lado, a Turquia saudou a decisão, considerando-a um passo importante para a restauração dos “direitos usurpados dos palestinianos”. O Ministério das Relações Exteriores turco disse que a medida ajudaria “a Palestina a ganhar o estatuto que merece na comunidade internacional”. A Turquia continuará com os esforços para pressionar mais Estados a reconhecer a Palestina, disse o ministério.
A Eslovénia saudou o reconhecimento de um Estado palestiniano independente pelos três países europeus, mas não seguiu o seu exemplo. Recorde-se que, no início do ano, o governo da Eslovénia lançou um procedimento de reconhecimento do Estado palestiniano, mas adiantou que esse passo formal ocorrerá quando puder contribuir para uma paz duradoura no Oriente Médio. “O governo esloveno foi o primeiro do grupo de países que assinou uma declaração especial (…) para iniciar o processo de reconhecimento da Palestina, no qual expressamos expectativas – não condições – para ambos os lados”, disse o primeiro-ministro Robert Golob em comunicado. E acrescentou que “os palestinianos precisam de mais que apenas um gesto simbólico de reconhecimento”.
Os palestinianos saudaram o anúncio europeu como uma afirmação da sua vontade de décadas de obter um Estado com capital em Jerusalém Oriental e que se estenda à Cisjordânia e à Faixa de Gaza.
Do outro lado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acredita que um Estado palestiniano “deve ser realizado por meio de negociações diretas entre as partes, não por meio de reconhecimento unilateral”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, citado por vários jornais. “O presidente é um forte defensor de uma solução de dois Estados e tem sido ao longo de sua carreira”, acrescentou o porta-voz.
O ministro das Relações Exteriores da França disse esta quarta-feira que reconhecer oficialmente o Estado palestiniano não é um tabu, mas qualquer decisão desse tipo deve vir no momento certo. “Esta não é apenas uma questão simbólica ou uma questão de posicionamento político, mas uma ferramenta diplomática ao serviço da solução de dois Estados que vivem lado a lado em paz e segurança”, disse Stephane Sejourne em comunicado.
A Alemanha alinhou por esta posição. “Um Estado palestiniano independente continua a ser um objetivo firme da política externa alemã”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores alemão, acrescentando que é necessário um processo de diálogo para atingir esse objetivo.