A inflação continua a recuar na zona euro e em Portugal e, ao contrário do que se temia, o crescimento não tem sofrido grandes rombos, melhorando mesmo em relação ao trimestre anterior no bloco da moeda única.
O indicador de preços nacional registou uma variação de 3,1% em termos homólogos em julho, o valor mais baixo desde dezembro de 2021 e a nona descida seguida. Os bens alimentares voltaram a abrandar, reduzindo a pressão que tem exercido nos últimos meses, ao passo que a componente energética continua a recuar e a um ritmo mais pronunciado.
Também o indicador subjacente voltou a cair, recuando de 5,3% para 4,7%, enquanto a leitura em cadeia revela mesmo uma deflação de 0,4%.
Na zona euro, a estimativa rápida para julho revela uma descida menos expressiva do indicador, que recuou apenas para 5,3% depois de ter registado 5,5% de variação homóloga no mês anterior. Ainda assim, esta é uma redução bem recebida pelos decisores do BCE, que querem ver mais dados claros de uma descida sustentada da pressão nos preços.
Explica a nota de análise do banco ING, o foco estará cada vez mais colocado nos serviços, cuja inflação tem dado menos sinais de quebra. Sendo um sector menos sensível às subidas de juros, os serviços continuam a criar maior pressão no indicador de preços, tanto no nominal, como no subjacente, cuja leitura de julho se manteve invariável em 5,5%.
O banco neerlandês antecipa que as leituras do verão beneficiem de efeitos base, tornando a análise da pressão nos preços mais toldada, mas a tendência é mesmo de queda, mesmo admitindo que “os desenvolvimentos recentes têm sido menos desinflacionários” do que há uns meses. Já a Pantheon prefere destacar a inflação subjacente, projetando que esta se mantenha elevada durante o verão devido à persistência da pressão no lado dos serviços.
Do lado do crescimento, o think-tank britânico refere que os números conhecidos esta segunda-feira ficam em linha com as projeções do BCE e com o cenário pintado pelos índices de confiança mais recentes, embora referindo as diferenças ao nível nacional: se França e Espanha registaram avanços interessantes, Portugal e a Alemanha estagnaram e, surpreendentemente, Itália verificou mesmo uma redução do PIB.
“Olhando para a frente, esperamos que o crescimento na zona euro permaneça enfraquecido”, pressionado por um investimento e consumo interno em queda à medida que sobem os juros, lê-se na nota da Pantheon. O PIB da moeda única cresceu 0,3% em cadeia, ou seja, 0,6% em termos homólogos no segundo trimestre.
Já Portugal registou um crescimento nulo em cadeia, o que se traduziu em 2,3% de crescimento homólogo. Espanha registou um PIB 0,4% mais alto do que no trimestre anterior, enquanto França cresceu 0,5%. A maior economia europeia, a alemã, manteve-se inalterada e Itália teve um crescimento negativo de 0,3%.