A semana vai ser marcada pelo Fórum do BCE que decorre até quarta-feira em Sintra e reúne os vários governadores dos bancos centrais, académicos e especialistas do mercado financeiro para debater os desafios da política monetária.
Em termos macroeconómicos, a semana será marcada pela divulgação dos dados da inflação da zona euro de junho (sexta-feira) com os economistas a perspetivarem uma queda da inflação homóloga para 5,6% em junho mas um aumento da inflação “core” para 5,5%.
Do outro lado do Atlântico, e também na sexta-feira, será conhecido o índice de preços PCE, a medida que a Fed coloca como referência para medir a inflação nos EUA. Os economistas aguardam uma descida abaixo de 4%, algo que a acontecer irá cumprir mínimos de março de 2021.
Do lado da Fed, vamos ficar a conhecer os resultados dos testes de stress aos bancos norte-americanos esta quarta-feira, um relatório importante sobretudo depois do período de turbulência que o sector viveu recentemente, com a falência de vários bancos regionais.
Como foi na semana passada?
A subida das taxas de juro para travar a escalada da inflação parece não ter, pelos menos por enquanto, um fim à vista. Este foi o sinal transmitido esta semana pelos bancos centrais, levando alguns dos índices europeus e norte-americanos que tinham renovado máximos de 2022 a registarem uma correção.
Na semana passada, a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (Fed) decidiu fazer uma pausa na subida dos juros, mantendo as taxas no intervalo entre 5% e 5,25%, face a uma inflação homóloga de 4% em maio, o valor mais baixo desde março de 2021.
Contudo, Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano, deixou claro esta semana que esta pausa foi apenas temporária. No Congresso, o responsável explicou que a inflação mantém-se demasiado alta para o objetivo de longo-prazo.
As subidas de juro serão, portanto, para continuar. Jerome Powell afirmou que “quase todos os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) consideraram que será apropriado voltar a subir taxas mais para o final do ano”, repetindo a linguagem do comunicado que se seguiu ao anúncio da decisão de manter os juros inalterados.
Já no Reino Unido, o Banco de Inglaterra anunciou um aumento das taxas de juro de 50 pontos base, para 5%, o nível mais elevado desde 2008 e acima daquilo que era a expectativa do mercado, de 25 pontos base. Para as reuniões futuras, os decisores de política monetária também garantiram que continuarão a subir taxas caso a inflação não dê sinais claros de recuo, reforçando a sua luta contra a pressão inflacionista que tem retirado poder de compra às famílias britânicas.
Também o Banco Nacional da Suíça e o Norges Bank subiram as taxas de juro, sublinhando, por um lado, os seus receios sobre a evolução da inflação global, e por outro, as preocupações em torno do impacto dos aumentos dos juros na procura.
Os sinais dados pelos bancos centrais levaram os mercados acionistas a registarem uma correção face aos máximos alcançados nas últimas semanas. “Após terem renovado máximos de abril de 2022, dezembro de 2022 e de janeiro de 2022, respectivamente, os índices norte-americanos S&P 500, Dow Jones e Nasdaq, estão agora a corrigir”, afirma Luís Pinheira, consultor da Informação de Mercados Financeiros.
Nos mercados acionistas europeus também se verificou este movimento. “Enquanto o índice Stoxx 600 tinha renovado máximos de Maio, o alemão Dax apresentava-se em máximos históricos, tendo ambos recentemente apresentado uma correção”, indica o consultor.
“Os investidores precisam de perceber que os bancos centrais em todo o mundo vão continuar a combater a inflação de forma agressiva”, refere, por outro lado, Oliver Pursche, vice-presidente sénior da Wealthspire Advisors, à Reuters.
Por cá, o PSI, o índice de referência nacional, recuava mais de 2% nos últimos cinco dias. Isto numa semana que foi marcada pela divulgação de resultados da Greenvolt, na quarta-feira. A empresa de energias renováveis liderada por João Manso Neto alcançou um resultado líquido de 300 mil euros
no primeiro trimestre do ano, ou seja, menos 800 mil euros em comparação com o primeiro trimestre de 2022, numa queda de 74% face ao período homólogo.
De acordo com João Manso Neto, esta evolução é reflexo da “redução do EBITDA da biomassa devido, sobretudo, aos menores preços spot no Reino Unido, já previstos, bem como o facto de não ter sido concluída nenhuma operação de venda de ativos, prevista para os próximos trimestres do ano”.
Este resultado levou as ações da Greenvolt a recuarem mais de 4% na manhã de quinta-feira. No conjunto da semana, os títulos perderam 8%, negociando em torno dos 6,26 euros.