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Incêndios obrigam Governo e Presidente da República a cancelar agendas

Situação crítica, no pior dia do ano, levou o Governo e o Presidente da República a cancelar agendas. Fogo destruiu habitações e levou ao corte de estradas e vias-férreas. Morreram pessoas e há feridos a registar.

"O país vive dias difíceis". O desabafo foi deixado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa publicação na rede social X e espelha bem as enormes dificuldades que foram vividas em Portugal neste primeiro dia da semana com o combate aos incêndios em território nacional. O Governo vai prolongar a declaração de situação de alerta até ao final do dia de quinta-feira, face às previsões meteorológicas.

A grave situação que Portugal vive ao nível dos incêndios que deflagraram este domingo e que assolaram o país com grande intensidade esta segunda-feira, deverão obrigar o Governo a mudanças de planos no que diz respeito à agenda, não só dos ministros como até do primeiro-ministro. Sabe-se agora que essas mudanças de planos chegaram a Belém com Marcelo Rebelo de Sousa a cancelar a visita a Espanha (Tenerife e Las Palmas) que iria acontecer entre quarta e sexta-feira.

Quanto a Luís Montenegro, e após o chefe do Governo ter cancelado a agenda desta segunda e terça-feira, fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro transmitiu que "caso seja necessário", a agenda de Luís Montenegro "será reavaliada para os próximos dias".

O primeiro-ministro tinha duas ações de agenda marcadas para esta terça-feira e as duas na sua residência oficial: um pequeno-almoço com quinze agentes da Cultura inserido na iniciativa "Projetar Portugal" e ainda a assinatura de acordos de Compromisso com o Sector Solidário e Social.

Já ao final da tarde desta segunda-feira, foi a vez do gabinete da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, revelar mudanças de planos também pelo mesmo motivo. "Dada a situação de alerta que se verifica em Portugal, em resultado da deflagração de vários incêndios, a agenda da ministra foi cancelada", pode ler-se num breve comunicado do Ministério.

O primeiro-ministro Luís Montenegro está a acompanhar e a supervisionar a coordenação do combate aos incêndios e de acordo com comunicado do seu gabinete, tem mantido contactos com líderes da União Europeia para garantir apoio internacional.

Portugal ativa Mecanismo Europeu

Este domingo, o Governo declarou situação de alerta para todo o território do continente, prevendo o agravamento do perigo de incêndios rurais até às 23h59 desta terça-feira. Infelizmente, essa previsão do Executivo estava correta e agravou-se especialmente esta segunda-feira não só em zonas rurais como também em áreas de cariz industrial.

Assim, cerca de 70 pessoas tiveram de ser retiradas e pelo menos cinco imóveis, incluindo habitações, foram atingidos pelas chamas em diferentes incêndios rurais que deflagraram entre domingo e segunda-feira nas regiões Norte e Centro, e as chamas obrigaram a cortes de trânsito nas autoestradas A25, A1 (incluindo no nó com a A41), A29, A17 e A32 e no Itinerário Complementar (IC) 2, além de motivarem alguns condicionamentos ferroviários.

Perante a gravidade da situação, Portugal acionou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil e, no âmbito dessa cooperação, chegaram esta segunda-feira a Portugal dois aviões canadair de Espanha e estão também previstos outros dois meios aéreos de França, disse à Lusa fonte do Ministério da Administração Interna (MAI).

Fonte da Proteção Civil disse entretanto à Lusa que também já manifestaram disponibilidade para apoiar Portugal a Itália e a Grécia, com dois aviões canadair cada, totalizando oito os meios aéreos que podem chegar a Portugal através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Montenegro agradece "ajuda rápida e fundamental"

O primeiro-ministro português agradeceu esta segunda-feira à Comissão Europeia e a França, Grécia, Itália e Espanha a “ajuda rápida e fundamental” no combate aos incêndios em território nacional, admitindo que o país “vive dias difíceis”.

Na mesma publicação na rede social X, Luís Montenegro agradece expressamente à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao chefe de Estado e do Governo franceses, Emmanuel Macron e Michel Barnier, e aos primeiros-ministros da Grécia, Itália e Espanha.

“Estamos juntos. Agradeço à França, à Grécia, à Itália e à Espanha a ajuda rápida e fundamental no combate a este flagelo”, refere, numa publicação em português e inglês.

Chamas assolam Norte e Centro do país

Até às 19:30 desta segunda-feira foram registadas 205 ocorrências, segundo adiantou André Fernandes, havendo 59 incêndios em curso, 19 dos quais considerados ocorrências significativas, assumindo especial gravidade o “complexo de incêndios” nas localidades de Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis.

A declaração de situação de alerta decorre da elevação do estado de alerta especial do Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS) e da necessidade de adotar medidas preventivas e especiais de reação face ao risco de incêndio máximo, muito elevado e elevado, previsto pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em grande parte do território continental.

A situação de alerta implica várias medidas excecionais, como a proibição do acesso e circulação em vários espaços florestais ou a proibição da realização de queimadas e de trabalhos em florestas com recurso a maquinaria (com exceção para as situações de combate a incêndios rurais).