O balanço mais recente do incêndio nas Palisades, em Los Angeles, aponta para pelo menos 16 mortos numa altura em que foi decretado o estado de emergência após mais de 150km2 terem sido consumidos pelas chamas e o cenário continuar a piorar. As ordens de evacuação abrangem mais de 180 mil pessoas e os custos devem ascender, no mínimo, a 132 mil milhões de euros, cerca de metade do PIB português.
Os incêndios no sul da Califórnia, em particular, em Los Angeles, não dão tréguas e já levaram a novas ordens de evacuação no domingo, além de um aviso de saúde pública devido ao impacto das partículas e fumos libertados pelos fogos na saúde pública. A frente nas Palisades, junto ao mar, começa a ficar sob controlo, com os bombeiros a falarem em 11% do incêndio controlado, mas nova frente em Eaton, mais para o interior da cidade, obrigou a mais evacuações na área da universidade de UCLA, apesar de estar 27% controlado.
Há já 16 mortes confirmadas, mas a violência das chamas ainda não permite rescaldos. Entretanto, e tendo em conta que mais de 12 mil estruturas já foram destruídas ou danificadas pelo fogo, os estragos já deverão custar, no mínimo, 135 mil milhões de dólares (130,3 mil milhões de euros).
Comparando com a realidade portuguesa, cujo PIB deverá ascender a 270 mil milhões de euros em 2024, tal representa cerca de 47,6% do PIB nacional no fim de 2024, isto assumindo uma taxa de crescimento de 2%. A AccuWeather coloca, ainda assim, para 150 mil milhões de dólares (144,8 mil milhões de euros) como limite superior da sua estimativa, o que corresponderia a 53,1% do PIB português.
Na mesma linha, várias instituições financeiras e analistas têm vindo a avisar que este poderá mesmo ser o desastre natural mais caro para o sector segurador norte-americano na história do país, com a DBRS a avançar com uma estimativa inicial de 8 mil milhões de dólares (7,7 mil milhões de euros) de perdas cobertas por apólices. No entanto, a JPMorgan Chase aponta para valores muito mais elevados, na casa dos 50 mil milhões de dólares (48,3 mil milhões de euros).
Entretanto, o ainda presidente Joe Biden anunciou que o governo federal dos EUA cobrirá 100% dos custos com os incêndios, nomeadamente com a limpeza das áreas afetadas, locais temporários de acolhimento para os residentes e despesas com as equipas de resgate. Já Donald Trump, que regressa à Casa Branca dia 20 deste mês, foi convidado pelo governador do estado, Gavin Newsom, para supervisionar os esforços de recuperação da cidade.
Newsom projetou ainda que este venha a ser o pior desastre natural na história norte-americana, anunciando que o governo estadual californiano está já a trabalhar numa espécie de Plano Marshall para revitalizar a cidade. LA será uma das cidades anfitriãs do Campeonato do Mundo de futebol em 2026, da final da Super Bowl em 2027 e dos Jogos Olímpicos de 2028, algo que irá aumentar a urgência da reconstrução, garantiu o governador.
Portugueses afetados
Não há vítimas nem desaparecidos de nacionalidade portuguesa a lamentar entre as vítimas, mas os incêndios afetaram membros da diáspora. Duas famílias portuguesas estão entre as milhares afetadas pelos incêndios, tendo perdido as suas casas.
O cônsul-geral em São Francisco já fez saber que estes cidadãos nacionais terão apoio por parte do Estado português, uma posição reforçada pelo Presidente da República. O gabinete de Marcelo Rebelo de Sousa emitiu uma nota a expressar “solidariedade” com os “compatriotas”, fazendo saber ainda que está a acompanhar o consulado nas diligências necessárias.
Nas zonas afetadas em Los Angeles, várias comunidades portuguesas e lusodescendentes haviam-se estabelecido ao longo das últimas décadas. Dado este cenário, a probabilidade de mais famílias nacionais afetadas é elevada, pelo que o consulado garante estar a monitorizar a situação.