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Imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas cresceu 16,7% em 2025 para 50 milhões de euros

A Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE) saúda os dados obtidos nos primeiros cinco meses do ano, referindo que este desempenho surge da decisão de aplicar uma cláusula de standstill fiscal.

A receita fiscal proveniente do imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas (IABA) cresceu nos primeiros cinco meses deste ano, tendo passado de 42 milhões de euros em 2024 para aproximadamente 50 milhões em 2025.

A Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE) saúda estes dados, referindo que este desempenho surge da decisão de aplicar uma cláusula de standstill fiscal.

Recorde-se que os impostos que incidem sobre produtos como o tabaco, o álcool e o jogo não aumentaram este ano. O governo optou por manter as taxas congeladas no OE2025. Pelo tipo de produtos que taxam, nomeadamente tabaco, bebidas alcoólicas e jogo, há quem chame ao Imposto Especial de Consumo (IEC) o "imposto do pecado".

Não sendo considerados bens de primeira necessidade e pretendendo-se, por razões de saúde pública, desincentivar o seu consumo, estes produtos têm visto quase sempre agravar-se a taxa que sobre eles pesa, tornando-se, ano após ano, mais caros para o consumidor. O congelamento dos IEC está alinhado com uma política fiscal que privilegia uma teoria económica segundo a qual, a partir de um determinado ponto ótimo, acréscimos marginais da taxa de imposto não se traduzirão em aumentos de receita fiscal.

A ANEBE já tinha sinalizado que este congelamento, previsto na proposta do OE para 2025, iria “garantir mais receita fiscal, sem onerar o setor, e fechar um ciclo de aumentos sucessivos, vertiginosos e irracionais do IABA".

O relatório da proposta do OE2025 estima que a receita do IABA aumente em 16,4 milhões de euros (+4,7%), em resultado do crescimento esperado no consumo privado.

ANEBE diz que evolução contribuiu para a receita fiscal total

A robusta receita do IABA, que registou um aumento homólogo de 16,7%, “contribuiu diretamente para a robustez da receita fiscal total (+7,8%) registada no primeiro trimestre de 2025, período em que Portugal alcançou um superávit orçamental de 0,2% do PIB”, refere a ANEBE.

João Vargas, secretário-geral da ANEBE, afirma que “estes resultados mostram que a estabilidade fiscal é inteligência fiscal. É possível aumentar a receita sem aumentar os impostos — e 2025 está a prová-lo com factos e números”.

Em 2024, o imposto sobre estes produtos aumentou 10%, o que fez com que a receita efetiva naquele ano ficasse 34 milhões de euros abaixo do previsto. Só em bebidas espirituosas, o Estado arrecadou, nesse ano, menos 14 milhões de euros face a 2023.

“De facto, pese embora o aumento de 10% no valor da taxa do IABA com o Orçamento do Estado para 2024, observou-se uma diminuição superior a 18 mil hectolitros nas introduções no consumo, o que se traduziu numa diminuição da receita na ordem dos referidos 14 milhões de euros, e apenas para esta categoria”, refere Amílcar Nunes, tax partner da EY Portugal.

João Vargas acrescenta que “o aumento desmesurado do imposto em 2024 criou o efeito contrário; em 2025, não aumentar o imposto está a ter o efeito esperado. Estes dados reforçam a importância de manter políticas públicas baseadas em evidência, previsibilidade e diálogo com os setores económicos”.