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Impacto do aperto do crédito no crescimento económico da zona euro atingirá o pico no terceiro trimestre

O crescimento económico da Zona Euro desacelerou e a procura interna contraiu-se pelo terceiro trimestre consecutivo no segundo trimestre de 2023. Simultaneamente as condições de crédito deterioraram-se ainda mais à medida que os bancos continuaram a restringir o crédito em resposta ao aumento dos custos de financiamento.

O banco norte-americano Goldman Sachs, numa nota intitulada "Área do Euro - A superar a queda do crédito", defende que o impacto da queda do crédito no crescimento económico "é atualmente grande – cerca de 0,4 pontos percentuais por trimestre, não anualizada – e provavelmente um pouco maior do que pensávamos anteriormente", mas "o impacto das condições de crédito no crescimento económico da zona euro provavelmente atingirá o seu pico no terceiro trimestre".

O Goldman Sachs defende que "este impulso negativo no crescimento está provavelmente próximo do seu pico, mas deverá diminuir rapidamente no início de 2024 se as condições financeiras permanecerem estáveis e os bancos continuarem a moderar o ritmo de maior restritividade dos critérios de crédito".

Alexandre Stott, economista do Goldman Sachs, fez uma análise ao impulso do crédito para avaliar até que ponto o abrandamento do crescimento económico da zona euro pode ser atribuído a condições financeiras e de crédito mais restritivas.

"As condições de crédito deterioraram-se ainda mais à medida que os bancos continuaram a tornar mais rigorosos os critérios de concessão de crédito, em resposta aos custos de financiamento mais elevados", refere o banco.

"No nosso relatório de hoje, voltamos a analisar a nossa estimativa do impulso do crédito para avaliar em que medida o abrandamento do crescimento pode ser atribuído a condições financeiras e de concessão de crédito mais restritivas, se há mais entraves à vista e a rapidez com que impacto das restrições de crédito poderá diminuir", lê-se no relatório.

"O crescimento abrandou ainda mais na área do euro e as condições de crédito continuaram a deteriorar-se, suscitando um interesse renovado no perfil do impulso do crédito. (...) Concluímos que o arrastamento do crédito sobre o crescimento é atualmente grande - cerca de 0,4 pp por trimestre, não anualizado - e provavelmente um pouco maior do que pensávamos anteriormente", refere.

"O crescimento na área do euro voltou a abrandar e a procura interna contraiu-se provavelmente pelo terceiro trimestre consecutivo no segundo trimestre", lembram os analistas na nota de research do Goldman Sachs que faz a análise ao crescimento e condições de crédito na zona euro.

O economista do Goldman Sachs explica a relação estatística entre o crescimento económico e o seu Índice de Condições Financeiras (FCI na sigla inglesa), agora com uma versão que tem em consideração o efeito de padrões de crédito bancário mais restritivos.

“Esta abordagem é particularmente apelativa para a zona euro devido ao maior papel desempenhado pelos bancos na intermediação do financiamento das empresas”, refere o economista.

Com base nestes dados, as estimativas do Goldman Sachs apontam que o efeito de padrões de crédito mais restritivos sobre o crescimento económico é ligeiramente maior e ligeiramente mais tardio do que para o FCI.

“Continuamos, portanto, a procurar um crescimento moderado e abaixo do potencial no segundo semestre deste ano, mas permanecem ligeiramente acima do consenso para o próximo ano”, conclui o Goldman Sachs.