Uma semana quente no Médio Oriente. Depois dos EUA abandonarem o acordo nuclear com o Irão, a temperatura voltou a subir: desde o lançamento de rockets iranianos sobre posições israelitas nos Montes Golã, e uma musculada resposta por parte de Israel, à mudança da embaixada americana para Jerusalém, passando por manifestações de palestinianos no Dia da Nakba – a catástrofe – e pela celebração do 70º aniversário da criação do Estado de Israel, a 14 de maio. Conversámos com o historiador israelita Ilan Pappé na sua passagem por Lisboa, no âmbito da conferência “Beyond Planetary Apartheid”, no ISCTE. Criticado em Israel por não defender o “inalienável direito do povo judeu à terra prometida”, foi proibido de dar aulas na Universidade de Haifa, sua terra natal. Em 2006 muda-se para Inglaterra e prossegue a sua carreira académica na Universidade de Exeter, onde é professor e diretor do Centro Europeu de Estudos sobre a Palestina. Ilan Pappé pugna pela criação de um Estado único, binacional, de essência humanista e não nacionalista, religiosa ou étnica. É autor de dezenas de obras sobre a região, entre elas “A limpeza étnica da Palestina”, onde analisa o processo de independência de Israel (1948).