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Hovione vence prémio internacional e avança nos investimentos

Empresa química-farmacêutica foi distinguida com o Prémio Leonardo da Vinci 2025, pela capacidade de transmitir a sua herança e valores às gerações futuras. Em Sete Casas, Loures, o CEO, Jean-Luc Herbeaux, adiantou ao JE que o primeiro edifício do investimento de 200 milhões em curso deverá arrancar a produção em pleno em 2027.

A ideia de empresa familiar é cultivada na terceira geração Villax, detentora da Hovione, empresa multinacional especializada no desenvolvimento e fabrico de produtos farmacêuticos, que tem em Jean-Luc Herbeaux o primeiro CEO que não pertence à família. 

Diane Villax, que com o marido liderou a empresa durante décadas, orgulha-se imensamente dos seus quatro filhos e 16 netos. A mais velha, Maria, advisor do conselho, está sentada hoje ao seu lado e do pai, Peter, e de Jean-Luc Herbeaux. Juntos são o retrato da distinção que a Hovione recebe: o Prémio Leonardo da Vinci 2025, atribuído pela Associação Hénokiens, que junta empresas familiares bicentenárias de todo o mundo, e pelo Château du Clos Lucé, onde Leonardo da Vinci se estabeleceu em 1516 a convite do rei Francisco I.

O prémio reconhece a capacidade excecional das empresas familiares de transmitir a sua herança e valores às gerações futuras.

No complexo industrial de Sete Casas, Loures, a mais velha das suas quatro fábricas no mundo, a fundadora e membro do conselho de administração reafirma aos jornalistas portugueses e estrangeiros presentes o "compromisso da Hovione com a ciência, a inovação e o serviço aos doentes em todo o mundo". O prémio, salienta, "reflete os valores que nos têm guiado desde o início – honestidade, integridade, rigor científico e trabalho em equipa – com uma visão de longo prazo que coloca as pessoas e o progresso no centro. Acima de tudo, é uma homenagem ao pessoal da Hovione, cuja paixão e dedicação garantem que continuemos, em todos os sentidos, In it for life”.

A sucessão é uma questão importante nas empresas familiares, espinha dorsal de algumas economias europeias e, por vezes, pode tornar-se um problema. Diane Villax  disse ao Jornal Económico que as empresas "precisam de ideias novas" e que defende a "vantagem de os mais novos irem para fora e trazerem perspetivas diferentes". "É um valor adicional", disse-nos em junho deste ano, na Nova SBE, onde celebrou a parceria com a escola de negócios.

Fundada em 1959, por três compatriotas húngaros -  Nicholas de Horthy, Ivan Villax e Andrew Onody -, a Hovione rapidamente se transformou no projeto de duas pessoas, Ivan, o cientista, e Diane, a gestora, e 66 anos depois continua a ser uma empresa familiar, que emprega 2400 pessoas em Loures - Portugal; Nova Jérsia - EUA; Cork - Irlanda; e Macau, dois centros de I&D e oito escritórios regionais em todo o mundo.

Jean-Luc Herbeaux, o primeiro CEO da Hovione contratado no mercado internacional, disse, em Sete Casas, que a empresa tem em marcha um investimento de 200 milhões de euros, visando expandir a sua capacidade produtiva. Ao Jornal Económico, o CEO apontou 2027 como a meta de entrada em operações do primeiro edifício do Campus Hovione Tejo, no Parque Industrial da Baía do Tejo, no Seixal.

Reconhecida pela sua sólida base científica, Hovione apoia a indústria farmacêutica na resolução de desafios complexos, contribuindo para a aprovação de 29 novos medicamentos pela FDA dos EUA na última década, o que representa, em alguns anos, até 10% do total, e contribui para a melhoria da vida de cerca de 80 milhões de pacientes todos os anos. 

O nome da Hovione está associado a marcos fundamentais da saúde pública mundial como a ivermectina, o tratamento vencedor do Prémio Nobel para a cegueira dos rios, até à produção de três dos quatro medicamentos para a hepatite C que curaram mais de quatro milhões de pessoas.