A construção pode demorar quatro meses, custa 200 mil euros e "é capaz de resistir a qualquer tipo de ataque". As palavras são de Rui Ribeiro, fundador da empresa Solid Bunker, ao Jornal Económico. Até ao momento, construiu dois abrigos, no Norte do País, para empresários. São comercializados três tipos de bunker: de superfície (a partir de 50 mil euros), Modular (a partir de 60 mil euros) e o Solid (até 200 mil euros). Além de fontes de água e energia independentes, têm capacidade de regeneração de ar, televisão e câmara para o exterior, entre outros equipamentos. Antigo emigrante em França, o empresário garante que trabalha com material militar e diz que segue as normas que a Suíça aplica à construção de abrigos. "Em Portugal não existe licenciamento para este tipo de construção. O ideal é o bunker ficar a 10, 20 ou até 50 metros de profundidade. Fazemos prevenção para o futuro", explica.
Rui Ribeiro afirma ainda que vende equipamentos para pessoas que que estão a fazer abrigos subterrâneos por conta própria. A construção de abrigos comunitários e financiados de forma colaborativa é o projeto mais recente. "A proposta de ação social clara e prática, sem fins lucrativos, baseia-se numa abordagem inclusiva, onde populações, empresas e instituições locais unem esforços para tornar o projeto uma realidade. Cada comunidade – aldeias, freguesias, vilas, entre outras – poderia contribuir com um valor acessível (200€ por exemplo)", revela ao JE.
Em Espanha, a procura também aumentou. "Tivemos um aumento de 90% em pedidos de orçamento para construir bunkers. Atualmente recebo cerca de 20 consultas diariamente", diz Fernando Diaz Llorente, CEO da empresa Bunker Vip, citado pela BBC News.
Recentemente, no Reino Unido, um bunker nuclear em Yorkshire, utilizado pelo Royal Observer Corps durante a Guerra Fria, foi vendido por 35 mil euros. O aumento do interesse reflete o receio de crises globais e a crescente busca por espaços blindados. De acordo com Jon Graves, proprietário do bunker leiloado, a renovação do espaço e as crescentes tensões internacionais foram fatores determinantes para o aumento da procura. “Esta venda ilustra como a perceção sobre segurança está a mudar”, afirmou.
A Alemanha está a fazer um mapeamento de edifícios, incluindo propriedades privadas, que possam ser usadas como bunker para civis em caso de ataque, reporta a versão digital da revista The Berliner. Em cima da mesa está a possibilidade de construção de estruturas onde até 5 mil pessoas possam ser acomodadas num curto espaço de tempo. Atualmente, existem agora 579 abrigos públicos com capacidade para 480 mil pessoas.
Já Suíça pretende atualizar os seus antigos abrigos nucleares, alegando que podem vir a ser uma necessidade no futuro tendo em conta a atual incerteza global, que se iniciou com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Desde a Guerra Fria que o país exige pelo menos um abrigo subterrâneo para cada nova construção. Na Finlândia e na Suécia, a procura de abrigos subterrâneos também cresceu.
Porém, os críticos alertam para o facto de estes bunkers criarem uma falsa perceção de que é possível sobreviver a uma guerra nuclear. Nos EUA, prevê-se que o mercado de abrigos anti-bomba e anti-queda cresça de 137 milhões de dólares (cerca de 130 milhões de euros) no ano passado para os 175 milhões de dólares (167 milhões de euros) em 2030 , de acordo com um relatório de pesquisa de mercado da BlueWeave Consulting.