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Greve na easyJet e provável paralisação na Groundforce ameaçam turismo em agosto

Uma greve dos tripulantes da easyJet entre 15 e 17 deste mês e uma provável paralisação na Groundforce a 31 e 1 de setembro ameaçam o mês mais movimentado nos aeroportos portugueses. Na verdade, os 7,2 milhões de passageiros que chegaram a Portugal em agosto de 2023 representam cerca de 28% de todo o ano.

Uma greve dos tripulantes da easyJet entre 15 e 17 deste mês e uma provável paralisação na Groundforce a 31 e 1 de setembro ameaçam o mês mais movimentado nos aeroportos portugueses: agosto. Na verdade, os 7,2 milhões de passageiros que chegaram a Portugal em agosto de 2023 representam cerca de 28% de todo o ano.

Vamos por partes. Primeiro o caso da easyJet. Na sequência de um pré-aviso de greve entregue pelo Sindicato Nacional de Pessoal de Voo da Aviação Civil, que representa os tripulantes da empresa, para os dias 15, 16 e 17 de agosto, a companhia low cost anunciou que não iria realizar 164 dos 308 voos programados para estes dias. Os 308 voos programados, disse ao Jornal Económico (JE) uma fonte do SNPVAC, engloba cerca de 56 mil passageiros.

O SNPVAC convocou os três dias greve de tripulantes de cabine na easyJet depois de acusar a empresa de ignorar as várias tentativas de resolução de questões laborais, entre as quais a falta de pessoal e o aumento do número de horas de trabalho.

A paralisação tem início às 00:01 do dia 15 de agosto e fim às 24:00 de dia 17, para “todos os voos realizados pela easyJet, bem como para os demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos”, em território nacional.

Já a easyJet lamentou o cancelamento de voos devido à “greve desnecessária” dos tripulantes de cabine. “Lamentamos que, devido à ação de greve desnecessária planeada pelo SNPVAC [Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil] e a fim de minimizar o impacto da perturbação no dia da viagem para os nossos clientes, tenhamos tido de cancelar alguns dos voos planeados para operar durante o período da ação coletiva”, indicou a empresa, numa nota enviada à Lusa na sexta-feira.

A companhia adiantou ainda que os clientes dos voos cancelados já foram contactados e que estes terão direito a um reembolso ou à transferência gratuita para um novo voo. A easyJet aconselhou ainda os clientes que viajam de e para Portugal no período da greve a verificar o estado dos seus voos.

Numa crítica à easyJet, o sindicato refere que a companhia aérea "não pode assumir factores externos como as causas dos problemas na operação e enfatiza que "não é o mau tempo que influencia a elaboração dos horários dos trabalhadores, na desorganização do departamento de operações, no cancelamento de voos por falta de staff ou em deixar tripulantes a dormir no chão de aeroportos".

Aliás, a decisão da companhia de desmarcar, desde já, metade dos voos deu ao sindicato um sinal muito claro. "Tudo vai depender se a empresa se quiser sentar novamente à mesa connosco. Mas nós já percebemos que, com este pré-aviso, a empresa afastou qualquer tipo de negociação. Porque ao cancelar 50% dos voos – e à semelhança do que fez no ano passado – quer dizer que até aos dias da greve não vai conversar mais connosco", disse ao JE uma das coordenadoras do SNPVAC, Ana Dias. "Isto embora tenhamos já duas reuniões marcadas no Ministério do Trabalho. Mas a mim parece-me que já não vai querer negociar nada depois desta greve", disse.

Embora a operação do verão esteja a afectar todas as companhias, salienta Ana Dias, o problema principal é que a easyJet "não se preparou para ela". "Embora nós tenhamos avisado já desde outubro que a operação como estavam montada não ia correr bem. E assim começaram os primeiros cancelamentos na primeira semana de abril, que é quando começa o verão IATA da aviação e nós fizemos imensos alertas e imensas propostas. Nada foi feito. Foi só no dia 29 de julho que vieram com um plano, mas é um plano que passa por cancelamentos de voos e por voos operados por tripulantes de outras bases", disse.
 
"Mas como só estão a resolver cerca de 18% dos voos com planeamento, já a bater no limite do tempo de voo, calculamos que não vá resolver nada até ao final do Verão, infelizmente", sentenciou Ana Dias.

Os problemas maiores podem vir mesmo no final do mês, mais precisamente no último fim de semana de agosto, que apanha o 31 e o 01 de setembro. São datas associadas ao regresso após a quinzena de férias mas, sabe o Jornal Económico, são as datas em que o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) – o segundo mais representado na Groundforce, depois do SITAVA – admite para uma paralisação.

No final de julho, a estrutura sindical emitiu uma nota em que dava conta da situação de "anormalidade que subsiste na empresa [SPDH, atual Menzies Portugal], relacionada com a excessiva contratação de trabalhadores de empresas de trabalho temporário, bem como a indefinição dos trabalhadores sobre os quais persiste a existência de um contrato de trabalho a termo incerto".

Em declarações ao JE, o dirigente do STTAMP Pedro Furet realçou ainda a questão "dos baixos salários praticados, bem como a prepotência da empresa". Por isso mesmo, o sindicato vai convocar para uma reunião uma alta chefia da Menzies Internacional (a compradora da SPdH). E a cumprir-se esta greve, face ao caráter transversal da Groundforce, teria o potencial para afectar muitas mais companhias. Aliás, quase todas as companhias aéreas no maior aeroporto do país, Lisboa, são servidas pela Groundforce. A easyJet, curiosamente, é servida pela Portway.

Quando, em julho de 2021, os trabalhadores da antiga Groundforce entraram em greve, cada dia de paralisação cancelou cerca de 300 voos. O STTAMP representa cerca de 400 trabalhadores da antiga Groundforce. O maior sindicato na empresa é o SITAVA, com cerca de 700 trabalhadores.