O ministro das Finanças indicou esta semana que o crescimento este ano pode ultrapassar a previsão do Governo, que apontava a 2%, isto apesar da incerteza e tensões geopolíticas e comerciais crescentes.
Em Bruxelas e após uma reunião com os seus homólogos europeus, Miranda Sarmento reconheceu que os fatores a colocarem em risco a evolução positiva da economia em 2025 são vários e de desfecho incerto, mas reforçou a confiança na resistência do país a estes choques negativos.
“Neste momento, não vemos razão para rever em baixa – pelo contrário, até estamos, dentro da enorme incerteza que existe, moderadamente otimistas que a economia portuguesa irá crescer acima de 2% este ano”, afirmou aos jornalistas, isto apesar dos problemas que têm afetado a zona euro, com especial foco nas suas maiores economias.
“A zona euro tem sido muito afetada pela incerteza, porque as grandes economias, com exceção da Espanha, e sobretudo Alemanha e França, estão a ter crescimentos muito baixos e que naturalmente afetam muito a média” do bloco, apontou. Recorde-se que a Alemanha fechou mesmo o segundo ano de recessão em 2024 com um recuo de 0,2%, enquanto França cresceu 1,1%, embora com um último trimestre negativo.
Apesar destes riscos, o ministro diz-se “bastante confiante que a economia portuguesa vai crescer acima de 2% este ano”, apontando ao consumo interno e ao investimento como principais motores desta evolução. Este ano é esperada uma aceleração considerável do PRR, que se aproxima das últimas etapas, enquanto o rendimento disponível das famílias tem vindo a crescer, registando um aumento histórico no final de 2024, segundo o Banco de Portugal (BdP).
A juntar a isto, o efeito de carry-over este ano é bastante considerável, correspondendo já a mais de metade do crescimento previsto. Nas palavras do ministro da Finanças, “mesmo que nos quatro trimestres a economia portuguesa estagnasse, ainda assim em 2025 a economia portuguesa cresceria 1,3%”, ajudando à obtenção dos 2,1% no final do ano.
As principais instituições financeiras nacionais e internacionais não distam muito da previsão do Governo, ficando todas em torno dos 2%. A Comissão Europeia é mesmo a menos otimista, antecipando um avanço de 1,9% nas projeções atualizadas em novembro – ainda assim bastante acima dos 1,3% antecipados para o bloco da moeda única. Também a OCDE aponta para 2%, ficando marginalmente abaixo da previsão do Executivo.
Por sua vez, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento de 2,3%, ficando já acima da previsão do Governo, tal como as duas principais instituições nacionais com previsões macroeconómicas: o BdP coloca a expectativa em 2,2%, enquanto o Conselho de Finanças Públicas (CFP) é ainda mais otimista, esperando um crescimento de 2,4% este ano.
Governo afasta revisão em baixa projeção de crescimento de 2% para este ano
PIB : Apesar da incerteza e tensões globais crescentes, o Executivo mostra-se “moderadamente otimista” quanto ao crescimento este ano, que até pode ficar acima dos 2% esperados.
