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Geração Covid

Ocultar intergeracionalmente a desigualdade intrageracional dos que nos seguem é o pior que podemos fazer. A geração Covid merece-nos uma vaga de reciprocidade, solidária, no sentido exacto de uma interdependência que nos segura a todos.

Setembro é o mês do regresso às aulas para os alunos de todos os ciclos de estudos. Mas, pelo terceiro ano consecutivo, milhares de crianças (e pais e encarregados de educação) enfrentarão incertezas sobre a natureza e implicações desse regresso. Certeza segura é cada vez mais crianças não terem memória de uma outra vida escolar, feita de contactos sem freio, cavalitas, rasteiras e abraços, de cara à mostra.
Quando se tem seis ou oito anos, ao fim de tanto tempo de constrangimentos, já não se justifica falar de uma situação de transição, de crise e excepção, mas de uma normalidade que não recorda outra. Era importante não falsear o olhar da criança sobre o seu escasso passado sobrepondo-lhe o olhar adulto sobre o mesmo período de tempo. Por defeito, os rostos das pessoas nos seus desenhos na folha de papel cavalinho passaram a trazer máscara.

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