Caiu mais uma peça do Governo socialista esta segunda-feira. João Galamba apresentou ontem a sua demissão, considerando, porém, que mantinha as condições políticas necessárias para continuar no cargo de ministro das Infraestruturas.
"Quero transmitir que apresentei o meu pedido de demissão apesar de entender que não estavam esgotadas as condições políticas de que dispunha para o exercício das minhas funções", fez saber o governante a meio da tarde, num longo comunicado no qual alega, primeiramente, razões pessoais e familiares para a decisão.
A demissão deu-se na véspera da reunião entre António Costa e o Presidente da República sobre a situação no Governo do ministro das Infraestruturas.
O anúncio contraria o próprio ex-ministro - Marcelo aceitou no mesmo dia o pedido -, que na sexta-feira passada havia rejeitado essa hipótese na Assembleia da República, contrariando a forte pressão política que enfrentava devido à implicação na 'Operação Influencer'.
Este é o segundo pedido de demissão de Galamba este ano. Em maio, o governante socialista quis abandonar a pasta na sequência da polémica do Serviço de Informações de Segurança (SIS), que terá intervindo para a recuperação do computador que o ex-adjunto Estado Frederico Pinheiro levou do ministério para casa, mas António Costa segurou-o.
"No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo", comunicou, na altura, o ministro demissionário.
Sobre a investigação do Ministério Público aos negócios do lítio e hidrogénio, no qual é arguido a par de outras oito pessoas, Galamba assume, no mesmo comunicado, disponibilidade para qualquer esclarecimento, ressalvando que o pedido de demissão não representa qualquer "assunção de responsabilidades no mesmo.
"Quero transmitir que este pedido de demissão não constitui uma assunção de responsabilidades quanto ao que pertence à esfera da Justiça e com esta não se confunde. Neste âmbito apenas posso dizer que estou, como não poderia deixar de ser, totalmente disponível para esclarecer qualquer dúvida que haja a respeito do desempenho das minhas funções governativas, tendo já manifestado em sede do processo judicial em curso a minha total disponibilidade para colaborar em tudo o que se entenda por necessário, nomeadamente através das minhas declarações no processo".