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FUSO x 15, para onde vai a videoarte?

De 22 a 27 de agosto, o FUSO – Festival Internacional de Videoarte de Lisboa vai andar à solta pela capital, dando-se a conhecer em jardins e claustros da cidade, durante seis noites dedicadas à videoarte.

“No ano em que o FUSO celebra 15 anos de actividades ininterruptas e testemunha a maleabilidade do vídeo como ferramenta criativa e crítica, o festival lança como mote de conversa e reflexão o papel da videoarte no século XXI”, lê-se em comunicado da organização. Debate precisa-se, brainstorming também.

O FUSO – Festival Internacional de Videoarte de Lisboa tem curadoria portuguesa e internacional e arranca, pelas 18h30 de dia 22, com uma conversa aberta com a historiadora e crítica de arte Isabel Nogueira no novo espaço da Duplacena, no bairro dos Anjos. Um dos principais objetivos é mostrar que a videoarte é “capaz de abarcar e cruzar as diversas disciplinas artísticas contemporâneas e de evoluir para campos de pesquisas que permitem novas experimentações”. E que se assume como “um instrumento acessível e importante para a reflexão sobre os tempos que vivemos”, realça o comunicado.

O segundo momento do FUSO será a Mostra de Videoarte dos Açores (22 ago-15 set, Qui-Sáb 16h00-20h00), com a exibição de obras que procuram fazer luz sobre as relações dos artistas com o território, a sua gente e os seus costumes. Destaque para a estreia do filme “Agapanto Sísmico”, do artista Yuri Firmeza, comissionado pela Duplacena e rodado inteiramente na ilha de São Miguel, nos Açores.

As sessões curatoriais têm hora marcada. De 22 a 27 de agosto, às 22h00, estarão em debate as propostas que envolvem quatro importantes coleções, cujos acervos integram obras de artistas históricos e contemporâneos que trabalham com a imagem em movimento. Falamos do Centre National des Arts Plastiques (França) e da curadoria de Pascale Cassagnau; da Coleção de Serralves (Portugal), pela curadora Inês Grosso; da coleção Electronic Arts Intermix (EUA), com curadoria de Lori Zippay; e da Colecção LUX (Reino Unido), que leva a assinatura do curador Benjamin Cook. Vítor Belanciano irá moderar as conversas em torno das obras exibidas que antecedem cada uma das sessões.

Para se ter uma ideia das coleções envolvidas, refira-se que a Electronic Arts Intermix é uma associação sem fins lucrativos, e um dos mais importantes repositórios de media art, cujo arquivo construído por Lori Zippay conta atualmente com mais de 4000 obras de media art, tendo sido ela a responsável pelo lançamento de um programa pioneiro de preservação das obras em suporte videográfico.

Benjamin Cook trabalha há mais de duas décadas com cinema e arte independente como produtor, curador, arquivista, escritor e professor. Pascale Cassagnau é doutorada em História da Arte, crítica de arte e, desde 2008, responsável pelas coleções audiovisuais e em novos suportes no Centre National des Arts Plastiques do Ministério da Cultura de França. As suas pesquisas focam as novas práticas cinematográficas, no diálogo cruzado que mantêm com a criação contemporânea.

Inês Grosso, Mestre em Estudos Curatoriais pela Universidade de Lisboa, para além do seu trabalho na curadoria e organização de exposições, desempenha ainda um papel importante nas aquisições para as coleções do MAAT e de Serralves.

A programação vai distribuir-se pelo novo espaço da Duplacena (22 Ago), o MAAT (23 Ago), o Museu Nacional de Arte Contemporânea (24 Ago), o Palácio Sinel de Cordes (25 Ago), o Castelo de São Jorge (26 Ago) e o Claustro do Museu da Marioneta (27 Ago). São mais de 40 os artistas envolvidos na edição 2023 do FUSO – Festival Internacional de Videoarte de Lisboa, entre nomes nacionais e internacionais, como Gabriel Abrantes, Stephanie Kyek, La Ribot, Sofia Santa-Rita, Arjuna Neuman, Arwa Aburawa e Turab Shah, ou Ricardo Grelha, entre muitos mais.

Na secção Open Call, que todos os anos recebe cerca de duas centenas de vídeos a concurso, este ano, Jean-François Chougnet é o curador responsável pela seleção final das obras que vão concorrer aos prémios Aquisição EDP/MAAT (escolha do júri) e Incentivo Duplacena (escolha do público). Isto a somar à parceria com a escola Ar.CO, que programa uma sessão com vídeos dos alunos do curso de Cinema/Imagem em Movimento.

Criado em 2009, o FUSO continua a apostar numa programação tão eclética quanto o são as linguagens que dão corpo à videoarte, com sessões gratuitas. “Como medium, é sem dúvida o que tem maior flexibilidade, maior capacidade de abarcar e cruzar as disciplinas artísticas contemporâneas: as artes visuais, a performance, a dança e o teatro, o cinema ou a literatura”, lê-se no site do festival.

Cruzar e debater são dois verbos, duas ações importantes. Daí que na edição deste ano, o FUSO invoque o direito à liberdade e a emergência climática como exemplo das questões urgentes contempladas na programação deste ano.