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Flotilhas, utopias e Inteligência Artificial debatidas na conferência "Puxar pela Cabeça"

O podcast "Puxar pela Cabeça", dinamizado pela Amrop Portugal, ganhou vida na AESE Business School e contou com cinco protagonistas que debateram grandes temas da atualidade.

Das flotilhas que navegam no ódio às utopias que desaguam na Inteligência Artificial, passando pela energia, participação cívica e políticas públicas. A conferência "Puxar pela Cabeça", organizada pela Amrop Portugal em parceria com o JE, decorreu na AESE Business School e contou com a participação de um painel de protagonistas moderados por André Macedo, diretor do JE.

Maria da Glória Ribeiro, managing director & co-founder Amrop Portugal e dinamizadora do podcast "Puxar pela Cabeça" (que pode ouvir todos os meses nas principais plataformas e também no site do JE) deu as boas-vindas a Lúcia Azevedo, CEO do Lux Frágil, Adriana Cardoso, farmacêutica e professora universitária, market access officer Infarmed, Pedro Sampaio Nunes, gerente e consultor na Charlemagne, consultoria em questões europeias e Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto.
 
A flotilha da polémica

A detenção de Mariana Mortágua por Israel na flotilha que se dirigia com ajuda humanitária para Gaza despoletou nos últimos dias opiniões políticas, mas também nas redes sociais de uma forma agressiva. O sentimento é partilhado pelos oradores da conferência ‘Puxar pela Cabeça’, que tem como tema central da edição de 2025 a cultura no seu sentido mais lato, realizada esta terça-feira, na AESE Business School, em Lisboa. "Há um aproveitamento político de toda esta situação, através de um gesto nobre que era ajudar uma população vitimada", afirmou Maria da Glória Ribeiro, managing director & co-founder da AMROP Portugal.

A responsável considerou que a detenção da deputada do Bloco de Esquerda, é um exemplo de temas fraturantes que "os partidos muitas vezes aproveitam e provocam para ganhar relevância".

Este episódio ganhou especial relevância pelos comentários nas redes sociais, mas também pela petição pública criada para que Mariana Mortágua fosse deportada.

"As redes sociais são perfeitamente democráticas, mas temos de as usar de forma higiénica e democrática. Não partilho de todo com quem assina petições públicas para deportar cidadãos portugueses para Gaza", referiu Adriana Cardoso, market acess officer do Infarmed.

Por sua vez, Lúcia Azevedo, CEO da Lux-Frágil, defendeu que as redes sociais fizeram a população perder a noção de que "há sempre uma boa oportunidade para podermos estar calados".

Para Fátima Vieira, vice-reitor da Universidade do Porto, muitas vezes o conflito que existe no ser humano tem a ver com falta de confiança que o ser humano tem em si próprio. "Há sempre uma receita apontada pelas utopias que é a educação", sublinhou.

Já Pedro Sampaio Nunes, gerente e consultor na Charlemagne, consultoria em questões europeias realço que hoje qualquer pessoa através das redes sociais pode expor as suas ideias e isso leva a um conflito com outras. "Nos últimos 20 anos houve uma mudança na forma como nos relacionamos e adquirimos conhecimentos.

O consultor alertou ainda para o elefante na sala chamado Inteligência Artificial (IA) que vai permitir a cada pessoa reproduzir notícias falsas. "Isso é perigosíssimo, mas temos de nos habituar a esta nova realidade", referiu.

"Saúde, educação e sufrágio universal: grandes conquistas sociais foram utopias"

O envolvimento das novas gerações na política e nos processos de decisão foi um dos temas debatido na conferência "Puxar pela Cabeça", uma iniciativa da Amrop Portugal em parceria com o JE que teve lugar esta terça-feira na AESE Business School, em Lisboa.

Adriana Cardoso, farmacêutica e professora universitária, market access officer Infarmed, começou por referir que "nunca ninguém se lembrou de perguntar a um pensionista se este podia porta-voz de uma geração. Fazem isso a jovens em partidos políticos, que se chamam juventudes partidárias".

Esta comentadora da SIC Notícias destacou que essa situação acaba por traduzir-se nas políticas públicas uma vez que estes depois vão fazer parte do processo da decisão. Adriana Cardoso lança um aviso: "Se a minha geração acreditar que o processo político está à sua margem, há algo de muito errado. Existem maneirismos de não renovação dos quadros políticos que é importante que a minha geração não repita".

Lúcia Azevedo, CEO do Lux Frágil, trouxe a sua visão sobre a participação cívica e falou um pouco do seu percurso: "Nunca me quis associar a um algum partido e hoje não me associo a qualquer partido. Nasci a quatro dias do 25 de Abril e fui educada numa família em que se falava muito de ideologia política mas sempre com humanismo.

Numa visão mais académica, Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto, reforçou a sua confiança nas utopias e garantiu estar convencida que as mesmas "são desejáveis e realizáveis". "Se olharmos para as grandes conquistas sociais, todas estas foram utopias: saúde, educação, sufrágio universal. hoje temos as pequenas e micro utopias: pequenas experiências alternativas mas que vão todas na mesma direção. Estas mobilizam as pessoas, como é o caso das alterações climáticas. Acredito na participação de cidadãos e envolver todos neste desenho de estratégias", sublinhou.

Pedro Sampaio Nunes, consultor empresarial, destacou que "todos os partidos acreditam numa utopia e têm o seu humanismo, não podemos pensar que o humanismo está todo do mesmo lado". Este gerente e consultor na Charlemagne realçou que "os partidos bloqueiam o acesso de quem quer entrar e de chegar aos pontos de decisão. Posso dizer-lhe que a experiência de uma Assembleia Municipal, e já participei em muitas, é extremamente frustrante".