As explicações transmitidas pela SAD do FC Porto sobre a reestruturação da sua dívida e uma injeção de capital ainda não convenceram a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que mantém suspensas as ações da sociedade desportiva desde a manhã de terça-feira, 2 de abril.
Esta decisão do regulador aconteceu depois da entrevista dada pelo presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, à estação de televisão "SIC", na noite de segunda-feira, na qual revelou que em junho o clube vai receber 70 milhões de euros do negócio do naming do Estádio do Dragão.
Pinto da Costa abordou, também, a ligação com a Quadrantis, assegurando que o clube não está refém deste fundo de investimento.
"Claro que não. É um absurdo. O FC Porto precisa de empréstimo, é beneficiado com pagamento de juros que está a pagar e eu vou desconfiar de quem me ajuda? Se o fundo quiser emprestar dinheiro mais alto não falta a quem”, afirmou. “Não sei se foi Quadrantis ou não. Mas isso é com a Quadrantis ou qualquer um. Os bancos portugueses fecharam torneira ao FC Porto, mas trabalhamos com estrangeiros", disse.
No dia seguinte, às 9h25, a CMVM suspendeu a negociação dos títulos da FC Porto SAD na Euronext Lisboa, “aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”.
Uma hora depois da suspensão da negociação dos títulos, a SAD divulgou um comunicado, “na sequência da entrevista do seu presidente”, a informar que “espera fechar definitivamente o contrato com uma reputada empresa internacional, com reconhecida experiência na otimização das receitas comerciais relacionadas com grandes equipamentos desportivos, até 30 de junho de 2024”, que se traduzirá na concretização de uma “participação minoritária numa das empresas com os direitos comerciais do Grupo FC Porto, através da injeção de capital por um montante estimado entre os 60 e 70 milhões de euros, como anteriormente comunicado ao mercado”.
Assim, os capitais próprios da FC Porto SAD serão aumentados em igual montante.
Acrescentou, ainda, que está em negociações para reformular a sua dívida a médio e longo prazo num valor de 250 milhões de euros “a uma taxa de juro competitiva em termos de mercado”.
Mesmo assim, a negociação dos títulos da FC Porto SAD continuou sem ser retomada até ao encerramento da sessão no mercado.
Quando foram suspensas, as ações cotavam a 1,15 euros e não eram negociadas desde 27 de março.