A Euronext Lisboa quer atrair investidores para a economia portuguesa e promoveu um estudo em que identifica oportunidades de investimento em cinco sectores, considerados como tendo potencial de desenvolvimento.
O estudo “Structural Trends Shaping Portugal’s Economy and Growth” (Tendências Estruturais Que Moldam a Economia e o Crescimento em Portugal) foi desenvolvido no último ano por Ricardo Reis e pela Universidade Católica Portuguesa (UCP).
Nele são identificados os sectores da saúde, energia, infraestruturas, turismo e agricultura e florestas, considerados como “catalisadores para o desenvolvimento sustentável”, “rentáveis para investidores privados” e com potencial para “ajudar a acelerar o caminho para prosperidade e progresso” português.
O estudo foi apresentado no “Portugal Capital Markets Day”, uma iniciativa da Euronext Lisboa e da AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado, para promover as empresas cotadas na bolsa portuguesa, que se realizou na sexta-feira, 28 de junho.
A presidente da Euronext Lisboa, Isabel Ucha, explica esta iniciativa com a necessidade de informar os investidores internacionais sobre as empresas e o mercado de capitais português, assim como quanto à evolução da economia nacional.
“A economia portuguesa estar a viver um momento positivo e há um conjunto de condições que merecem ser conhecidos”, afirmou.
Saúde
Na saúde, o estudo da UCP antevê um crescimento contínuo de um sector que tem já um peso de 11% no produto interno bruto (PIB).
Considera que o sector está preparado para oferecer serviços mais diversificados e baseados em tecnologias de informação (TI) e que “a fragmentação atual do mercado sugere oportunidades de consolidação”, existindo “oportunidades óbvias” para obter ganhos de eficiência decorrentes da padronização de procedimentos, centralização de compras e logística, e partilha de infraestruturas de TI.
Energia
A indústria de energia é vista como um sector em transição, “com significativas oportunidades e desafios pela frente” e onde ainda serão necessários grandes investimentos nos próximos anos.
“O contexto político claro e estável é favorável. Portugal beneficia de uma boa combinação de grandes empresas incumbentes com uma vasta gama de novos participantes, oferecendo oportunidades de consolidação”, refere a UCP, apontando que “as maiores empresas de energia estão a utilizar extensivamente os mercados de capitais para financiamento”.
Como oportunidades, antecipa-se um crescimento significativo da geração de energia renovável, incluindo leilões de energia eólica offshore, que implicarão “o reforço/repotenciação de parques eólicos e solares”.
Acrescentam-se as necessidades da infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, a melhoria da interconetividade das redes e, ainda, eventuais projetos de dessalinização.
“Investimentos em projetos de dessalinização e eficiência hídrica são considerados importantes oportunidades de investimento em Portugal”, refere o estudo.
Infraestruturas
As oportunidades nas infraestruturas passam pela rede ferroviária, considerada “subdesenvolvida”, evidenciando necessidades ao nível da modernização e expansão, incluindo alta velocidade, transporte de carga e expansão dos serviços de comboios suburbanos e urbanos.
Depois, o desenvolvimento do novo Aeroporto de Lisboa, seguindo-se “soluções habitacionais criativas e reabilitação urbana e infraestruturas governamentais”.
“Investimentos significativos são imperativos. Hospitais, escolas, universidades, parques industriais e de inovação, edifícios governamentais, tribunais, prisões, estações de bombeiros e policiais, e instalações e quartéis militares sofreram de subinvestimento crónico” é referido. “A próxima década será crucial para revitalizar essas infraestruturas essenciais para atender às necessidades e padrões contemporâneos”, acrescenta-se.
Ricardo Reis e a sua equipa assinalam, também, que o sistema de vias rodoviárias encerra oportunidades, “em renovações e novas soluções de mobilidade, à medida que os contratos de concessão de rodovias amadurecem nos próximos anos, antes de 2030”.
Turismo
O sector do turismo registou um crescimento significativo e já recuperou dos níveis pré-pandemia de covid-19 e está preparado “para um maior crescimento e inovação”.
As tendências antecipadas incluem aumento de investimento de cadeias hoteleiras estrangeiras e empresas de private equity, ênfase nas práticas de turismo sustentável, integração de tecnologia nos serviços de turismo, promoção do património cultural e ofertas culinárias, diversificação das ofertas turísticas, e colaboração entre os sectores público e privado.
No estudo, identificam-se oportunidades de investimento na gestão de ativos turísticos, enoturismo, turismo de saúde, ecoturismo, turismo desportivo e turismo sénior, “todas apoiadas por um rico património cultural, serviços de alta qualidade e atrativos incentivos fiscais”.
Agricultura e floresta
Os sectores agrícola e florestal de Portugal apresentam “robustas oportunidades de investimento”, assinala a UCP, apontando que são apoiadas por “condições climáticas favoráveis, localização estratégica e compromisso com a sustentabilidade”.
“Os investidores podem beneficiar da forte demanda global por produtos agrícolas portugueses, inovação contínua no sector e apoio governamental a práticas sustentáveis”, refere o estudo.
As oportunidades de investimento passam pelo apoio a práticas sustentáveis e pela utilização de tecnologias avançadas e gestão sustentável, que prometem benefícios a longo prazo.
Na apresentação do estudo, Ricardo Reis referiu que há outros sectores da economia portuguesa em que há oportunidades, mas que estes cinco foram escolhidos por estarem em transformação.
“Estes são aqueles [sectores] que decorrem de alterações que nós achamos que são estruturais a nível a nível global, como a revolução energética, a redução alimentar as questões demográficas”, disse.
Tanto o trabalho sobre as “Tendências Estruturais Que Moldam a Economia e o Crescimento em Portugal” como a gravação da conferência “Invest in Portugal – Insights into na Economy in Transformation”, que decorreu no segundo dia do “Portugal Capital Markets Day”, serão enviados a investidores e sociedades de investimento internacionais nos próximos dias.