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Estudo aponta que um em cada nove portugueses teme perder a casa nos próximos cinco anos

Dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos indica que deste número, 50% receiam que a perda de casa seja provocada pelo aumento da renda ou da prestação do crédito à habitação, sendo que 34% dos inquiridos assumem que não teriam para onde se deslocar no caso de perderem a sua habitação.

É mais um dado a juntar a tantos outros que impactam a crise que se vive no mercado de habitação em Portugal. O Barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos indica que um em cada nove dos portugueses inquiridos (12%) receiam perder a própria casa nos próximos cinco anos.

Desta percentagem, 50% receiam que a perda de casa seja provocada pelo aumento da renda ou da prestação do crédito à habitação, enquanto 28% apontam que tal situação poderá acontecer por decisão do senhorio, sendo que 34% dos inquiridos assumem que não teriam para onde se deslocar no caso de perderem a sua habitação.

No que diz respeito aos fatores que explicam o cenário de crise que se vive na habitação em Portugal, sendo que um (mais importante) e seis (menos importante), o baixo investimento público em habitação com 22,4% é o mais relevante, seguindo-se falta de casas disponíveis (22,3%), sendo que este item é também visto como o menos importante para 24,7% dos inquiridos.

Em relação ao mercado de arrendamento, os agregados que têm custos com a casa (51%) despendem, em média, 573 euros/mês fixos com o empréstimo ou a renda, enquanto os arrendatários do sector privado têm os custos mais elevados com 679 euros/mês.

Já 62% dos agregados, ou seja seis em cada 10 pessoas, dizem sentir algum grau de dificuldade em fazer face aos custos mensais com a casa, e 13%, ou seja, um em cada oito, dizem ter grande dificuldade em pagar as despesas.

Sobre os fatores a ter em conta na hora de escolher uma casa, 52,4% dos inquiridos assumem que tem de ser uma habitação que consigam pagar, seguindo-se a boa acessibilidade e transportes (45,9%) e a proximidade com o local de trabalho ou estudo (42,%), surgindo depois a qualidade da residência (41,1%).

Por sua vez, mais de um em cada outro dos inquiridos (27%) indicam que o acesso à habitação já condicionou decisões das suas vidas desde 2015, sendo que esta percentagem é maior entre os arrendatários e a população mais jovem (36% entre os 18 e 34 anos, e 33% dos 35 aos 54 anos).

No que diz respeito às políticas públicas que deveriam ser adotadas pelo país, as três medidas que geraram maior consenso entre os inquiridos foram: "O Estado deve diminuir os impostos sobre a reabilitação urbana, mesmo que isso aumente o défice orçamental"; "O Estado deve acabar com os vistos gold, mesmo que isso prejudique a economia do país"; e "O Estado deve introduzir limites máximos ao valor das rendas, mesmo que isso diminua o número de casas disponíveis".

Em sentido oposto, as medidas que tiveram menos concordância entre os inquiridos prendem-se com o aumento dos impostos sobre os alojamentos vagos, os benefícios fiscais para as mudanças residenciais nos casos de sublotação do alojamento, e a permissão para mais construção em altura.

Este estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos inquiriu 1.086 pessoas, sendo o universo composto por residentes em Portugal Continental, com 18 ou mais anos de idade, dos quais 52% do sexo masculino e 48% do sexo feminino e decorreu entre os dias 14 de agosto e 17 de setembro de 2023.