Subitamente, em poucos dias, dois dos mais destacados países da frente de apoio à Ucrânia deram mostras de terem dúvidas sobre as suas opções geoestratégicas: Polónia e Estados Unidos. A primeira decidiu interromper o envio de armamento para a Ucrânia, tendo como fundamento o Acordo do Mar Negro (ou dos Cereais), com o qual os produtores ucranianos têm autorização para introduzir cereais a preço de saldo (sem impostos) no espaço da União Europeia. E essa foi a primeira abordagem, que escondia a outra: a Polónia está apostada em transformar-se numa potência militar europeia. “Talvez a Polónia não esteja confortável com a forma como a Ucrânia está a dirigir a guerra”, salienta o analista Francisco Seixas da Costa. E talvez a Polónia tenha interiorizado que uma vitória da Ucrânia não é um dado adquirido, por muito que o apoio ocidental tente impor essa perceção. Resultado: rearmamento é a alternativa, perante uma possível derrota da Ucrânia, para um país que sucumbiria a uma hipotética invasão russa – que, em termos históricos, é tudo menos hipotética.