Há uma série antiga de certificados de aforros (CA) que está a pagar uma taxa de juro bruta de 6%. A série C remunera os aforradores com 6% dado a Euribor estar nos 3,9% e o prémio de permanência após 10 anos atingir os 2,5%.
"Quem tem CA antigos vale a pena manter. Se tiver de resgatar, evite as séries antigas", disse ao JE António Ribeiro, da Deco Proteste.
Analisando os 6% da série C, aponta que é um "dos poucos produtos de capital garantido que neste momento consegue superar a inflação", salientando a taxa de inflação prevista para 2024 pelo Banco de Portugal de 3,6%.
Comparando com os juros pagos pelos depósitos dos bancos, esta série remunera acima da inflação prevista. "Em termos líquidos, nenhum depósito consegue bater a inflação em 2024".
Noutras séries, na D a taxa de juro ronda os 4,5%, e na E, que terminou em junho, a taxa base varia entre 3,5% e os 4,%, dependendo da data de subscrição.
Sobre o fim da série anterior, a E, "desde junho que os montantes aplicados nos CA têm diminuído todos os meses", salienta, com o montante aplicado em depósitos a subir desde então.
"As pessoas estão a apostar novamente em depósitos. O fim da série E veio ajudar a banca, retirando este produto usado pelas pessoas", acrescenta.
Neste momento, "não há mais produtos além dos depósitos que seja interessante".
Mas com a probabilidade de o BCE começar a descer as taxas de juro em 2024, impactando imediatamente os juros dos depósitos, este especialista aconselha os consumidores a apostarem em depósitos com prazos mais alargados para agarrarem os juros altos.
"As taxas de juro já chegaram ao seu topo. No próximo ano, o BCE começa a descer. As taxas de juro vão começar a descer e os depósitos são imediatos no corte. Uma dica para quem tiver de fazer depósitos agora, é apostar num prazo mais alargado, ou ano ou dois, antes de começarem as descidas", disse ao JE.
Compensa apostar nos CA atualmente?
Na série atual, a F, o Estado está a pagar um juro máximo de 2,5%, com os analistas a acreditarem que compensa mais apostar nos depósitos a prazo.
“Neste momento, a melhor opção parece-me ser fazer depósitos a um ano na banca, há ofertas acima de 3%”, disse Filipe Silva da IMF -Informação de Mercados Financeiros.
Por sua vez, o economista João Moreira Rato aponta que “para parquear a liquidez, os bancos estão competitivos. Houve um ajustamento grande dos bancos, demoraram algum tempo a ajustar as taxas, mas ajustaram”.
Já António Ribeiro da Deco Proteste aponta que “há muita oferta, há uma centena de depósitos com taxa igual ou superior aos CA. Neste momento, quem quer fazer aplicação a curto e médio prazo já encontra taxas de juro iguais ou superior”.
Uma opinião contrária tem Ricardo Cabral do ISEG que considera que os CA são mais atrativos, “sobretudo se as taxas de juro começarem a descer”
O montante aplicado pelas famílias em CA recuou em novembro para 34,06 mil milhões de euros, na que foi a primeira queda em três anos (de quase oito mil milhões de euros), segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP).
Recorde-se que em junho o Governo tomou uma decisão polémica ao cortar a taxa máxima de 3,5% para 2,5%, com muitos a considerarem que o corte foi feito em prol da banca que registava ainda taxas de juro muito baixas nos depósitos.
Nos meses anteriores, registou-se uma verdadeira corrida com as subscrições mensais a atingirem um ritmo de 2,3 mil milhões de euros.
Já a fatura com juros dos Certificados de Aforro e do Tesouro subiu 65% para mil milhões de euros até outubro. Este valor supera o montante previsto pelo Governo para o ano de 2023: 950 milhões de euros.