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Espanhola Renfe escolhe Medway como parceira estratégica

A proposta do grupo MSC bateu, na última fase do processo de escolha, a Maersk e a CMA CGM. O JE já tinha avançado em fevereiro que a Medway estava na "shortlist", mas a escolha confirma-se agora. Conselho de Ministros espanhol terá de aprovar a decisão.

A Medway, nova designação da CP Carga após a privatização à gigante de navegação marítima MSC, foi escolhida pela espanhola Renfe Mercancías (carga) como parceira estratégica.

A antiga CP Carga vai à boleia da candidatura do grupo que a detém, a MSC – a maior empresa mundial em transporte marítimo de contentores. O processo tem vários meses [arrancou em abril de 2022], o tempo que levou a Renfe Mercancías a escolher o seu novo parceiro industrial de entre uma “shortlist” de três candidatos de primeira linha: a MSC – que foi a concurso com a empresa de logística Medlog (que detém a Medway) – a Maersk e a CMA CGM.

A decisão foi tomada em reunião do conselho de administração da Renfe na segunda-feira. Em declarações ao Jornal Económico, o CEO da Medway, Bruno Silva, explica os passos que se seguem.

“Primeiro passámos à shortlist. Agora, a Renfe seleccionou a entidade final. Eu diria que esta era a fase mais importante. Entramos na última etapa: de afinação, negociação de detalhes e condições e aprovação. Vamos falar do que é preciso afinar em negociação direta. Os detalhes devem ser em linha com aquilo que foi a nossa proposta, com a visão que nós apresentamos”, disse o responsável ao JE.

A Renfe, explicou Bruno Silva, ainda não partilhou muita informação detalhada sobre os projetos futuros, pelo que a Medway não sabe com pressão o que é que o negócio poderá vir a implicar em termos de proveitos ou investimentos. “Isso só teremos noção no final desta ronda, porque ainda houve muito pouca partilha de informação detalhada”.

O que é que isto pode significar para a Medway? “Eu diria que isto tem grande valor acrescentado para os dois futuros sócios, para a Medway e para para a Renfe. Isso significa o alavancar de um grande operador ferroviário de âmbito ibérico e com ambições de internacionalização para o mercado francês que possa prestar serviços em toda esta região da Europa a Oeste”.

A escolha da Renfe também carece de aprovação por parte do Conselho de Ministros de Espanha [agora em processo de renovação após as eleições legislativas].

O mais difícil está feito, porque “a Renfe já escolheu com quem se sente mais confortável em avançar com o negócio”. “Mais temos, ainda assim, que estruturar todos detalhes que vão suportar a operação. E tudo isto depois é alvo ainda de submissão a Conselho de Ministros para a aprovação final”.

Quando é que isto tudo estará absolutamente finalizado? Até ao final do primeiro semestre de 2024? “Tudo dependerá agora do andamento dos trabalhos e dos ciclos de aprovação. Aquilo que é o compromisso de ambas as partes é que o processo decorra da forma mais rápida possível e com vista à conclusão, para podermos andar, para podermos passar à fase seguinte, no fundo, que é começarmos a operacionalizar”.

A escolha da Medway para parceira estratégica da Renfe também poderá representar mais contratações na Medway e, em última análise, também melhorará o negócio do sector ferroviário em Portugal, considera o CEO da empresa.

“Isto vai implicar o continuar da grande aposta de investimento que nós temos estado a fazer. Vamos ter capacidade de expansão de uma forma muito mais rápida, porque toda a contribuição da Renfe na parte dos seus ativos vai permitir um crescimento mais acelerado do negócio. Sobretudo no mercado espanhol, com oportunidade de recrutamento de mais pessoas e a criação de postos de trabalho. Mas eu diria que isto não fica só circunscrito ao mercado espanhol. Temos vindo a dinamizar grande parte da atividade de manutenção em Portugal, portanto, Portugal também beneficiará com esta integração”.

A antiga CP Carga foi privatizada em 2016, pelo governo PS de António Costa, seguindo uma decisão do governo anterior (coligação PSD-CDS). A CP Carga fechou o último exercício completo nas mãos do Estado, o ano de 2015, com prejuízos de 15 milhões de euros.