O sector dos escritórios tem vindo a apresentar boas oportunidades de investimento e com muita procura em Portugal, em particular no segmento premium. Contudo, a oferta continua a ser escassa, em particular na região do Grande Porto.
A ideia é transmitida por Jorge Morgadinho, diretor executivo da Reify, empresa de imobiliário do grupo Sonae Sierra, que esta segunda-feira, 3 de julho, inaugura o seu novo espaço de escritórios na cidade da Maia, numa área com 1.100m2 e capacidade para 100 colaboradores do grupo.
Apesar do valor de investimento não ser revelado, o responsável aborda em entrevista ao Jornal Económico (JE), os próximos passos da Sonae Sierra no mercado imobiliário.
Qual o principal objetivo com a criação destes novos escritórios?
Estes escritórios estão integrados no Campus Sonae, na Maia, e constituem um excelente exemplo daquilo que é a visão da Sierra e da Reify. para os espaços de trabalho do futuro, ou seja, daquilo que empresas de vanguarda precisam para dar resposta às ambições das suas pessoas e investidores.
Temos vindo a assistir a uma mudança muito rápida nas formas de trabalhar. A pandemia precipitou uma tendência que se começava a desenhar, mas que por força dos acontecimentos foi muito mais rápida. Os novos escritórios da Sierra foram concebidos já com esta realidade totalmente incorporada.
O espaço reflete a necessidade de flexibilidade, que transformou por completo a forma de trabalhar e a relação entre colegas. Atualmente, há necessidade acrescida de uma multiplicidade e versatilidade de espaços dentro do escritório, que possibilitem diferentes características de forma de trabalho, e que devem estimular a criatividade, estar também preparados para o foco individual, bem como ser confortáveis, despreocupados e atrativos.
Assim, o conceito de arquitetura gira em torno do “Café Central”, a zona de cafetaria do escritório, onde as pessoas vão cruzar-se, naturalmente, e partilhar questões, conhecimento e experiência, encontrando, em conjunto, melhores soluções.
À volta deste lugar, criámos uma diversidade de espaços para desempenhar diferentes tipos de tarefas, individualmente ou em grupo. Estimular a criatividade e oferecer soluções adicionais para momentos de pausa são também componentes essenciais do conceito. Influenciam o bem-estar das pessoas e tornam mais interessante vir trabalhar ao escritório.
O sector imobiliário onde se inclui o segmento de escritórios tem sofrido com os aumentos sucessivos dos custos de construção, a juntar à falta de mão-de-obra e processos morosos de licenciamento. Estes fatores dificultaram de alguma forma a construção deste projeto?
O projeto seguiu dentro do cronograma e planeamento previsto sem dificuldades acrescidas por fatores externos. É verdade que o sector tem tido alguns constrangimentos, mas temos conseguido contornar essas questões de forma eficaz, até porque estamos a gerir projetos do mesmo sector, mas de dimensão muito maior por todo o país.
Na Reify. temos equipas multidisciplinares, desde o planeamento do projeto até à execução, com muita experiência e processos de trabalho bem cimentados. Beneficiamos de um percurso de mais de 30 anos e muitos desafios, com mais de 300 projetos realizados com sucesso, em vários sectores do imobiliário, em mais de 30 países.
Ao longo deste tempo fomos aperfeiçoando a abordagem aos projetos que criamos. Conseguimos assim dar uma resposta completa e integrada desde o licenciamento, projetos de desenho e de arquitetura, engenharia, e gestão de projeto, sendo o que nos permite garantir a entrega dos melhores e mais eficientes projetos no setor imobiliário.
Que outros objetivos tem a Sonae Sierra delineados até ao final deste ano e para 2024?
A Sierra está neste momento focada em desenvolver novas soluções que respondam à necessidade e oportunidades do mercado imobiliário, criando maior valor económico, ambiental e social, através das sinergias entre as suas diferentes áreas de negócio.
Em especial, na Reify., estamos a trabalhar na criação, e no desenvolvimento de espaços urbanos diferenciadores, em vários países, com usos múltiplos, oferecendo uma melhor qualidade de vida, para as comunidades e de forma sustentável.
É por isso que estamos envolvidos em grandes projetos de referência, como o Viva Offices, na zona empresarial do Porto, a nova icónica Torre Norte do Colombo, em Lisboa, os escritórios do nosso Grupo Luís Malheiro, LMSI, em Marvila, ou no projeto de uso misto do Campo Novo, também em Lisboa.
Acabámos também de anunciar um projeto de reconversão urbana, o Republica 5, um ativo de uso misto numa zona premium de Lisboa, junto ao Saldanha, com um espaço dedicado a escritórios e uma área residencial. O projeto está a cargo da Reify., sendo responsável pela Gestão e Coordenação de Projeto, Gestão de Obra e Licenciamento.
Como está atualmente este segmento na região norte do país ao nível de oferta e procura?
A região do Grande Porto tem assistido a uma procura crescente por escritórios premium, com preocupações de sustentabilidade, no entanto é evidente a escassez da oferta. O sector tem-se mostrado particularmente ativo com boas oportunidades ao nível dos escritórios e do investimento imobiliário, no geral.
A reconversão de edifícios tem sido um exercício particularmente interessante e promissor, pois desta forma conseguimos intervir com bons projetos de arquitetura em zonas urbanas nobres e responder à procura do mercado por espaços de trabalho modernizados.
É uma forma de intervenção em que estamos particularmente interessados, pois permite a concretização da nossa visão para o desenvolvimento das cidades do futuro.