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"Entrada em Portugal é muito suportada pelos centros comerciais", diz responsável da Aqui a Tua Remodelação

Integrada na empresa espanhola Aquí Group, a franchise portuguesa chega ao país com uma forte presença em Lisboa, cuja primeira loja ficará no centro comercial Colombo. Objetivo passa por realizar 500 obras por mês através dos 100 espaços que terá no país e ilhas e onde a tecnologia e proximidade ao cliente terão um papel preponderante. "Sentimos que somos a locomotiva da digitalização do sector de remodelações", refere Paulo Neto Leite.

Depois de assumir que tem como objetivo liderar o mercado das renovações e chegar às 100 lojas franchisadas em quatro anos em Portugal, o Aquí Group, através da portuguesa Aqui a Tua Remodelação aponta a proximidade com o cliente e utilização da tecnologia como vertentes estratégicas diferenciadoras no nosso país.

Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Paulo Neto Leite, Master Franchise Portugal da Aqui a Tua Remodelação assume que é necessário transmitir confiança aos clientes para que estes possam arriscar um pouco mais para fazer uma obra, "do que o pão com manteiga tradicional".

Apesar de estar a entrar em Portugal, o responsável já olha para novos horizontes. "Acreditamos que com a competência e a capacidade que nós temos, porque não cruzar o Atlântico?", sublinha Paulo Neto Leite.

Além das 100 lojas, que outra estratégia e objetivos estão delineados com a entrada em Portugal?

Em primeiro lugar, a entrada em Portugal é muito suportada pelos centros comerciais. O perfil de consumo em Portugal é muito distinto, por exemplo, de outros mercados. É mais parecido com o México, que também tem uma presença forte nos centros comerciais. Para termos uma ideia, um centro comercial como o Colombo tem 27 milhões de visitantes por ano. O maior centro comercial de Espanha tem 14 milhões.

A estratégia passa por as lojas serem um polo de conforto e de bem-estar para os consumidores e para as pessoas realmente se envolverem. Como é óbvio, existe uma pressão muito grande na União Europeia para até 2030 adotarem-se todas as medidas energéticas. O número de casas em Portugal que não estão ainda suportadas, apesar de todos os incentivos que houve ainda é muito grande e é necessário fazer um trabalho forte nessa altura e, como tal, estamos a desenvolver um produto de crédito específico, que vai permitir quer um produto de crédito ao consumo, ou um produto de crédito em que possa haver uma renegociação do crédito e com isso a pessoa possa incorporar as obras.

Em que geografias de Portugal vamos poder encontrar lojas da Aqui a Tua Remodelação?

Vamos começar com uma presença forte em Lisboa. Depois vamos para o Porto, a seguir o Algarve e outras regiões.

Dessas 100 lojas, a maioria ficará na zona da Grande Lisboa?

Se chamarmos Grande Lisboa à Área Metropolitana de Lisboa atravessamos desde Setúbal até quase Mafra, Ericeira, vamos ter uma grande mancha por aí. Se formos ao Grande Porto, Matosinhos, também temos uma grande mancha. Portugal tem inúmeros polos de construção, não nos podemos esquecer que o público-alvo das remodelações tipicamente é um público de um parque habitacional anterior a 2000, 2010, portanto, é onde realmente há essa necessidade e temos muitas cidades já com alguma dimensão.

Em Espanha, nas cidades com menos de 20 mil habitantes não há lojas. Em Portugal há muitas cidades. Às vezes fazemos uma comparação Portugal, Espanha, mas a densidade populacional em Portugal às vezes é maior, está mais concentrada. Vamos começar por aí e crescer para realmente fazer essa 'mancha de azeite' espalhar-se.

Só em Portugal Continental ou também as ilhas?

As ilhas também porque é importante para avançarmos. Portugal Continental é uma extensão rápida da Ibéria em termos de fornecedores. Para as ilhas temos que começar um trabalho mais demorado de protocolos dos materiais, etc, mas avançaremos para as ilhas também, como em Espanha, as Ilhas Canárias.

Quantos postos de trabalho vão gerar estas 100 lojas?

Duas coisas importantes. Em primeiro lugar, o atendimento nas lojas é altamente qualificado. Vamos ter que ter também um trabalho de reeducação nas lojas. Estamos a falar de arquitetos e diretores de obras que estão sentados na loja. Especialmente o perfil de centro comercial, pelo horário de funcionamento, tem uma escala mais alargada é perfeitamente possível contar que, em média, cada loja terá entre seis a dez funcionários.

É uma possibilidade também de ter uma oportunidade de trabalho também para os jovens, enquanto estão a estudar arquitetura e engenharia. É uma oportunidade com salários acima da média de mercado. Esse é o nosso objetivo. Acho que Portugal tem lutado muito para dignificar os salários, porque tem que pagar salários maiores. A culpa não é sempre só do Governo. Os empresários também têm que pagar salários melhores, porque vamos ter um serviço melhor. O objetivo é nós querermos dar o melhor serviço ao cliente e, portanto, tenho que ter os melhores profissionais e mais bem pagos para que estejam motivados.

Além de Portugal, há outros mercados onde pensam expandir-se?

Achamos que o mercado português é um mercado muito positivo e que há muito para fazer. Os problemas são muito semelhantes. Todos nós temos a mania que a minha casa é que é diferente, no nosso país é diferente, mas na realidade os problemas e desafios que existem de habitação em Barcelona são os mesmos que em Lisboa, em Madrid e no Porto. Acreditamos que com a competência e a capacidade que nós temos, porque não cruzar o Atlântico?

As lojas de rua também poderão ser uma opção ou o foco estará mais nos grandes centros comerciais?

Muitas lojas de rua. Há perfeitamente bairros em Lisboa e no Porto. O Porto tem muita vida de rua. Lisboa também tem muita vida de rua, Campo de Ourique, por exemplo é um bairro que tem pessoas que não vão a centros comerciais. Enquanto há bairros que são realmente muito dormitórios e que não têm muito comércio, para além do tradicional café e dos serviços da lavandaria e das papelarias.

O nosso estudo de geomarketing o que fez foi precisamente o mapeamento de todos os locais em função da idade do parque habitacional e também para tornarmos atrativo para os nossos franqueados. Agora os centros comerciais fizeram um excelente trabalho durante muitos anos, também por culpa da força das rendas e os trespasses foi um incentivo a que os centros comerciais crescessem e são focos de muita gente.

A proximidade com o cliente nas lojas e o uso da realidade virtual é um elemento diferenciador da Aqui a Tua Remodelação para outros players?

Claramente. Basicamente estamos a transformar uma loja de 60 m2 numa sala de exposições de cinco mil m2 com materiais. A tecnologia além de permitir uma visualização rápida das várias opções ao vivo e de venda, permite também que possa haver aquele conjunto de materiais que está na loja. Consegue ver não só as 100 torneiras que estão na loja, como as mil que estão disponíveis.

Sempre nos definimos como estando a digitalizar o sector e nem todos os fornecedores estão preparados para fazer essa digitalização. Neste momento sentimos que somos a locomotiva da digitalização do sector de remodelações. Estamos a trabalhar com os fornecedores, a dizer venham para a digitalização para que eu possa colocar a realidade virtual e as pessoas possam fazer as mudanças nas suas casas. Estamos a ser inovadores também com os fornecedores.

As casas em Portugal não estão ou não foram construídas, tendo em conta a questão da sustentabilidade. É preciso mudar o mindset não só dos fornecedores, mas também do cliente?

Com a solução da Aqui a Tua Remodelação, o que vamos dar é o que se passou em Espanha, no México e noutros países, que é havendo confiança, as pessoas estão predispostas a arriscar um pouco mais para fazer uma obra, mais do que o pão com manteiga tradicional. Se não tiver confiança de que vou encontrar quem me cumpra prazos, que não me começar a partir uma parede e se vai embora a meio e depois não fico com nada a funcionar. Acho que toda esta profissionalização do sector faz com que haja confiança.

Os materiais completamente adaptados para a sustentabilidade vão ter algum impacto ao nível do preço?

Como é óbvio, pode ter impacto, mas uma das vantagens é o facto de sermos um comparador a nível mundial. Isso permite também tornar mais baratos os materiais e é isso que se tem vindo a passar.

Além da parceria com a Roca em Espanha vão procurar parcerias com outras empresas em Portugal?

Em todos os lugares há lugar para parceiros locais. Queremos que as pessoas cresçam com isto. Nós queremos a profissionalização do sector e que as pessoas se sintam confortáveis em elas próprias também encontrarem um parceiro. Hoje em dia, quando queremos um produto inovador as próprias marcas têm um desafio que é encontrar alguém que o aplique.

Eu próprio já tive um problema em que comprei um chão altamente inovador e quem o aplicou estragou o chão todo. Tudo isso vai fazer com que o mercado avance de uma forma estruturada e que haja uma confiança entre todos os players. É notório que nós vamos ter empresas portuguesas que realmente vão ter aqui um canal de 100 lojas que vai fazer 400 obras por mês e um expositor para não dizerem que compraram uma argamassa toda especial para colocar os azulejos e depois a utilizaram como se fosse uma coisa antiga.

Em Espanha os tickets médios de obras andam à volta dos 40 mil a 45 mil euros por mês. Que valores estimam para Portugal?

É expectável que seja 35 mil euros. Em Espanha temos um fenómeno de obras muito caras, temos remodelações de 100 mil euros.

Como explica esse fenómeno?

O mercado é maior, os custos são maiores e as casas também são maiores. Acho que em Portugal não temos uma dispersão tão grande, mas vamos andar há volta dos 30 mil a 35 mil euros. A demanda reprimida são 30%. Hoje em dia, se alguém disser, porque é que não fazemos uma obra? Se calhar vamos antes fazer uma viagem, porque na viagem sei que me vou divertir, na obra vou ter uma dor de cabeça.

E o número de obras por mês?

Se nós estimarmos que no pico de atividade em 100 lojas, é expectável que em média, cada loja esteja a fazer entre quatro e cinco obras por mês. Portanto, estamos a falar de 500 obras por mês.