Évora é a grande estrela do POCITYF, um projeto com fundos da União Europeia que tem como objetivo ajudar as cidades históricas a tornarem-se mais verdes e inteligentes ao mesmo tempo que respeitam o seu património cultural.
A EDP coordena este projeto que tem 46 parceiros de 13 países. Estão envolvidas também as cidades de Alkmaar que, a par de Évora, é a outra âncora do projeto, juntando-se também Granada, Bari, Ioannina, Ujpest, Celje, e Hvidore, que acabam por ser locais de replicação das soluções que são desenvolvidas em Évora e Alkmaar.
O POCITYF tem sido crucial no desenvolvimento de soluções energéticas ao nível do património histórico existente em Évora e também na promoção das comunidades de energia, de acordo com a organização.
O projeto liderado pela EDP envolve, no que diz respeito a Évora, o centro histórico da cidade, a zona industrial e Valverde.
No âmbito deste projeto europeu, em Évora existirão comunidades energéticas localizadas no centro histórico e será um “autoconsumo coletivo com todos os edifícios do projeto” onde estão a ser instaladas as soluções Building Integrated Photovoltaics (BIPV) e cujo “excesso será para partilhar entre os edifícios “dependentes” das suas próprias necessidades energéticas.
Existirá outra comunidade energética em Valverde com clientes residenciais, onde a EDP está a dar apoio na fase de licenciamento, e onde será possível testar uma plataforma P2P para possibilitar a troca ("ativa") entre cidadãos e onde lhes vai dar mais consciência das suas próprias necessidades.
No âmbito deste projeto existirá também uma central fotovoltaica comunitária.
“O conceito aqui é que a Câmara Municipal [de Évora] tem terrenos que vai disponibilizar para esse efeito, com vista a fazer uma central fotovoltaica comunitária de até cinco megawatts (MW), em lotes mais pequenos. Está em fase final de lançamento de concurso. Em troca desse acesso a esses terrenos, a contrapartida para a Câmara Municipal é que vão ter que fornecer energia a um custo limitado aos clientes”, explica o managing director da EDP New, João Maciel, ao Jornal Económico (JE).
Esta central fotovoltaica deve ficar instalada nos arredores do centro histórico de Évora, e está em fase final de lançamento de concurso.
EDP desenvolve soluções para património histórico
O POCITYF vai instalar 305 quilowatts (kW) de produção fotovoltaica, através de vidros ou telhas fotovoltaicas, com a a implementação de soluções que permitem preservar o património histórico.
Nos Paços do Concelho de Évora estão a ser instaladas 3.350 telhas fotovoltaicas com uma potência instalada de 25 kW e a claraboia já existente será substituída por uma claraboia fotovoltaica com uma potencia instalada de 33 kW.
João Maciel explica que, no caso do centro histórico de Évora, não podem ser instalados painéis fotovoltaicos convencionais devido ao património histórico.
Isto obrigou a EDP a desenvolver outro tipo de soluções que permitissem trazer inovação ao nível energético para o património histórico.
“Para equilibrar, por um lado, a produção renovável e a proteção do património tem sido utilizado o Building Integrated Photovoltaics (BIPV). São, basicamente, soluções fotovoltaicas integradas ou invisíveis, que sejam imersas no património. Em particular, soluções como telhas solares, que nós instalámos, por exemplo, nos Paços do Concelho [de Évora]. São telhas que são iguais às telhas [convencionais], até já com um aspecto envelhecido, e são instaladas como se fossem telhas”, explica João Maciel.
Outra solução tem passado pela substituição do vidro convencional por vidro fotovoltaico.
Este tipo de solução tem sido aplicada por exemplo em fachadas, claraboias, escolas, parques de estacionamento, pérgulas, em vários locais de Évora.
O projeto no total tem uma duração de cinco anos. Deveria acabar este ano mas foi negociada uma extensão de um ano de forma a “garantir que conseguimos ter aproximadamente um ano de monitorização da maior parte das soluções”, disse João Maciel.
O projeto nesta altura está em fase de instalações das várias soluções energéticas da EDP.
“Eu diria que entre o final deste ano e primeiro trimestre do próximo devemos ter já o grosso das soluções instaladas. Portanto, vai ser aproximadamente um ano, eventualmente ligeiramente menos do que um ano de monitorização”, explica João Maciel ao JE.
Existem outras soluções, integradas no POCITYF, que estão a ser testadas, como por exemplo um vehicle to grid, de carregamento bidirecional fotovoltaico.
Há outro tipo de solução ligada à gestão de resíduos e ainda uma recompensa de comportamentos positivos do ponto de vista de energia.
“Por exemplo, se utilizar uma trotineta elétrica, em vez de ir com um veículo a combustão, ganha uns créditos, ou tokens, que depois podem ser convertidos em doações energéticas a entidades que necessitem ou então em descontos numa rede de parceiros na cidade”, explica João Maciel.