O mês mais curto do ano está prestes a terminar, mas o número de negócios registados ou concluídos em Portugal não fez jus à dimensão do calendário e manteve-se expressivo. Ainda esta quinta-feira o grupo Sonae, que lidera o consórcio Flybird Holding Oy, conseguiu o controlo maioritário do grupo finlandês Musti, que opera na área do retalho e no negócio dos produtos para animais de estimação. Em causa está a OPA lançada no final do ano, na qual a empresa portuguesa assegurou esta semana 50,10% das ações emitidas.
Inolvidável foi também a venda da empresa nacional da Vision-Box por aproximadamente 320 milhões de euros à espanhola Amadeus. A Vision-Box, que comercializa soluções biométricas para aeroportos, companhias aéreas e controlo de fronteiras, tem receitas na ordem dos 70 milhões de euros e deverá ter terminado 2023 com um EBITDA normalizado de 20 milhões de euros. A transação foi complexa e só da DLA Piper estiveram 22 advogados envolvidos, além dos da Linklaters e da equipa da Howden.
Na energia, a Greenvolt encaixou 100 milhões de euros numa emissão de dívida verde que foi subscrita junto de 2.914 investidores de retalho. A procura superou a oferta em 112% e a taxa de juro bruta anual de 4,65%. O resultado levou a que a empresa liderada por Manso Neto revisse o valor dos anteriores 75 para 100 milhões de euros. A PLMJ assessorou os bancos coordenadores, Millennium bcp e CaixaBI, e os colocadores, através de uma equipa liderada por Raquel Azevedo, sócia da área de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais.
Destaque ainda para a conclusão da venda de projetos solares nos Estados Unidos, mais precisamente dois no estado de Ohio e um no Texas, pela EDP Renováveis por 400 milhões de euros. A operação fez com que a energética executasse 35% do programa de rotação de ativos de sete mil milhões de euros previstos para 2023-2026.
Mercado transacional cresce no início de 2024
Janeiro foi uma entrada com o pé direito para o mercado de M&A (Mergers & Acquisitions), uma vez que se concretizaram 61 operações de fusões e aquisições num valor total de 956 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados recentemente pela TTR Data. Houve, portanto, uma subida homóloga de 10% em número e de 138% em valor. Ainda assim, só um terço (30%) dos negócios tiveram os montantes associados revelados. Na análise sectorial percebe-se que o imobiliário voltou a ser o ativo no primeiro mês do ano, com doze transações, seguindo-se a indústria de “Business & Professional Support Services”, com apenas onze operações depois de uma queda de 83% quando comparado com janeiro de 2023.
O relatório da TTR destacou, em meados de fevereiro, a conclusão da venda de 30,10% da CTT Imo Yield para a Sierra Investments e investidores privados, por 36,10 milhões de euros, como o negócio do mês de janeiro. Tratou-se de um deal que contou com a assessoria jurídica da Morais Leitão e Linklaters Portugal, a assessoria jurídica da Deloitte Portugal e a due diligence da EY Portugal e também Deloitte.