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Em dia de negociações de cessar-fogo, Israel ataca Beirute

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que os esforços para garantir um cessar-fogo no Líbano estão "nas negociações finais", mas não foi por isso que o dia deixou de ser marcado por ataques israelitas a Beirute. Trump vai sendo informado em tempo real.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse ao final da tarde desta terça-feira que os esforços para conseguir um cessar-fogo – em princípio de 60 dias – entre Israel e o Líbano estavam (à altura) numa fase final. Blinken afirmou ainda que qualquer acordo para interromper o conflito entre Israel e o Líbano – ou seja, com o Hezbollah – também poderia ajudar a colocar um fim à guerra em Gaza. "Ainda não chegámos lá, mas acredito que estamos nos estágios finais. Ao diminuir as tensões na região, isso também pode ajudar-nos a acabar com o conflito em Gaza", disse Blinken após uma reunião em Fiuggi, perto da capital italiana, Roma, onde participava numa reunião do G7 que analisava precisamente os cenários no Médio Oriente.

Mas, apesar dos sorrisos e de todas as expectativas geradas desde o dia anterior em torno da possibilidade de um cessar-fogo, Israel tratou de atacar com violência, mais uma vez, a capital do Líbano, Beirute. Ataques aéreos israelitas mataram pelo menos dez pessoas e feriram quatro dezenas no centro da cidade esta terça-feira, disseram fontes do governo do Líbano. Com um pormenor adicional: desde o início dos ataques a Beirute, há várias semanas, foi a primeira vez que as forças de defesa de Israel anteciparam o ataque com uma ordem de evacuação emitida para a área. Mesmo assim, os ataques foram 'normalmente' mortais. Aviões de guerra israelitas bombardearam o centro da capital libanesa e os subúrbios a sul.

Na sequência, o Hezbollah retomou o lançamento de rockets contra Israel, acionando sirenes de ataque aéreo em todo o norte do país, enquanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reunia o seu gabinete de segurança para discutir uma proposta de cessar-fogo.

De acordo com Antony Blinken, o acordo de cessar-fogo garante a “implementação efetiva” da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, aprovada em 2006 para encerrar a Segunda Guerra do Líbano, e que pretendia forçar o desarmamento do Hezbollah e recuar as suas forças para além do rio Litani, a poucos quilómetros a norte da fronteira com Israel. O novo acordo prevê que o exército libanês avance para sul até à fronteira com Israel e à missão da UNIFIL (ONU).

Pressionado sobre se os Estados Unidos deram a Israel garantias de que apoiarão as ações do exército contra possíveis violações do novo acordo por parte do Hezbollah, Blinken evitou responder diretamente: "Israel sempre terá o direito de lidar com desafios ou ameaças à sua segurança, assim como qualquer país tem esse direito".

Blinken disse também que o G7 e vários países árabes estão de acordo em trabalhar para acabar com a guerra em Gaza – que terá evidentemente que passar pela libertação de todos os reféns. "Agora que Israel alcançou seus objetivos estratégicos após 7 de outubro, está aberta a possibilidade de a guerra acabar. Concordamos com os nossos parceiros árabes: não podemos acabar com o conflito sem termos um plano para o pós-conflito – algo em que estamos a trabalhar intensamente". Blinken não se esqueceu de recordar que o G7 "reiterou profunda preocupação com as atividades nucleares do Irão e o fracasso contínuo em cooperar totalmente com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA)", o órgão de vigilância nuclear da ONU.

Entretanto, segundo as agências internacionais, a equipa do presidente norte-americano eleito, Donald Trump, foi informada sobre as negociações para o cessar-fogo entre Israel e Hezbollah e vê o possível acordo favoravelmente. Uma fonte citada pela CBS News afirmou que a equipa de transição de Trump está a ser atualizada a todo o instante sobre o acordo.

Na União Europeia – entidade que não tinha nem achada nas negociações – o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, pediu aos Estados-membros que honrem o direito internacional aplicando o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. "Não se pode defender o tribunal quando vai contra o presidente russo Vladimir Putin e permanecer em silêncio quando vai contra Netanyahu", disse, enfatizando que todos os membros da União são partes da Convenção de Roma, que fundou o Tribunal Penal Internacional (TPI).

Borrell, que também está na reunião do G7 em Itália, pediu “aos Estados-membros da União que cumpram a sua obrigação com o direito internacional. Goste-se ou não, o TPI é um tribunal tão poderoso quanto qualquer tribunal nacional. Se a Europa não apoiar o TPI, não haverá esperança de justiça".

Sobre o acordo Israel-Líbano, o chefe da diplomacia dos 27 disse que este pode desmoronar se a proposta EUA-França não avançar. Rejeitando as objeções à proposta por autoridades israelitas extremistas, Borrell pediu a Netanyahu que trabalhe para aprovar e implementar o acordo de cessar-fogo.