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Em ano de recordes, dividendos crescem abaixo dos lucros

Bolsa de Lisboa: Os lucros das cotadas nacionais cresceu mais de 6% em 2023, mas valor dos dividendos cresceu abaixo de 1%, com o payout a recuar também face ao exercício anterior. Lucros e dividendos do exercício de 2023 atingiram recordes.

O ano de 2023 foi um ano com vários recordes atingidos no índice principal da bolsa de Lisboa. O PSI atingiu um recorde nos lucros: mais de 5.640 milhões de euros. E também houve máximo nos dividendos pagos aos acionistas: mais de 2.830 milhões de euros.

Mas se os lucros aceleraram mais de 6%, o valor dos dividendos face ao exercício anterior cresceu abaixo de 1%, segundo uma análise realizada pela Maxyield - Clube dos Pequenos Acionistas.

Todas as cotadas do PSI atingiram lucros em 2023, mas metade baixaram o nível de lucro face ao ano anterior.

Só o BCP, a Galp e o universo EDP representam mais de 57% dos resultados de 2023 do PSI.

A Jerónimo Martins lidera no pagamento por ação: 65,5 cêntimos, seguida da Semapa (62,4 cêntimos) e da Galp (54 cêntimos).

Em termos de variação face a 2022, o BCPregistou o maior crescimento percentual no dividendo (1735%) para 1,6993 cêntimos. Segue-se os CTT (36%, para 17 cêntimos) e a Mota-Engil (28%, para 12,77 cêntimos).

Já a Ibersol registou a maior queda: -81% para 13,5 cêntimos, seguida da Semapa (-34%, para 62,4 cêntimos) e da Navigator (-25%, para 21 cêntimos).

E quem entregou mais em termos aos acionistas em termos absolutos?

A EDP foi a companhia que mais dividendos distribuiu em relação ao exercício de 2023: 816 milhões de euros. Segue-se a Jerónimo Martins, com 412 milhões, e a Galp, com 386 milhões de euros.

O maior crescimento percentual foi registado pelo BCP (1735%) que pagou 257 milhões de euros. Seguem-se os CTT cujo dividendo subiu 33%, para 24 milhões, e a Mota-Engil, que pagou 28%, para 39 milhões.

Em termos de valor total entregue, quem registou os maiores recuos percentuais foram a Ibersol (-82%, para 5,7 milhões), a Semapa (-33%, para 51 milhões) e a Navigator (-25%, para 150 milhões).

“A estabilidade da remuneração acionista é parcialmente explicada pela estabilização do valor dos dividendos por ação, praticada por importantes sociedades cotadas designadamente EDP, Galp, REN e Sonae”, segundo o relatório da Maxyield.

Já o BCP “aumentou significativamente o dividendo, ajudando a ‘compensar’ as diminuições de dividendos ocorridas em diversas sociedades”.
Entre as cotadas do PSI, a Greenvolt é a única sociedade que não distribui dividendos “face ao ciclo de vida em que se encontra e exigências financeiras de expansão”.

Analisando o payout, a Altri e a NOS praticam um payout de 100%, com a EDP, a EDP Renováveis, a Jerónimo Martins, a REN e a Navigator a praticarem um payout superior a 50% e inferior a 100%. Já as restantes sociedade praticam um payout inferior a 50%.

A Maxyield destaca que está-se a assistir à adoção no mercado nacional de “outras formas de remuneração acionistas”, como a compra de ações próprias, ou buyback, conforme praticado pela GALPe CTT, ou com o pagamento através de novas ações da própria sociedade, como no caso da EDPRenováveis.

“É de assinalar que anteriormente a 2023, diversas sociedades praticaram um payout superior a 100% ou em torno deste referencial, por vários anos consecutivos”, destaca o Clube dos Pequenos Acionistas.

Destaque para as sociedades com um dividend yield superior a 5%: Altri, BCP, CTT, Mota-Engil, NOS, Navigator, Mota-Engil, REN e a Sonae.
Em termos de earning yield, existem oito sociedades que registam um superior a 10%: BCP, CTT, Galp, Navigator, Semapa, NOS, Mota-Engil e a Sonae.

A Maxyield destaca que existem sete sociedades com rentabilidade dos capitais próprios superior a 15%: BCP, CTT, Galp, Navigator, Semapa, Jerónimo Martins e NOS.

Em termos de price to earnings ratio (PER), três sociedades apresentam um PER inferior a seis anos: BCP, Sonae e Semapa. Por seu turno, seis sociedades apresentam um PER superior a 15 anos: Altri, EDP, EDP Renováveis, Greenvolt, Ibersol e Jerónimo Martins.

As receitas geradas pelas companhias do PSI desceram 2,6% em 2023, para os 99,3 mil milhões de euros, com o EBITDA agregado a subir quase 5%, para os 19,9 mil milhões de euros, período em que a margem passou de 18,6% para 20,1%.

A capitalização bolsista total cresceu de 76 mil milhões de euros, para 81,1 mil milhões de euros, entre 2022 e 2023, com o free float a atingir o valor de 43,2%.

A dívida líquida total das companhias do PSI cresceu 6,3 mil milhões para 43,2 mil milhões no final de 2023, com o rácio dívida líquida/EBITDA a subir de 2,19 para 2,51 vezes.

À exceção dos CTT, todas as cotadas aumentaram a sua dívida em 2023, mas “fundamentalmente” a subida é alimentada pelo sector energético.
“O rácio dívida líquida/EBITDA apresenta grande amplitude, entre o máximo da Greenvolt (6,7) e o mínimo da Navigator ou Galp (0,9)”, segundo a Maxyield.

“As sociedades do universo EDP, a Greenvolt, a REN, a Altri e a SonaeSGPS apresentam um rácio Divida Liquida Total /EBITDA acima da média de mercado”, segundo o relatório que analisa os números no final de 2023. Só a dívida da EDP pesava 52% no total das cotadas (fora a EDPR).
Já o Capex total cresceu de 12,6 mil milhões para 16 mil milhões de euros, com destaque para a família EDP, Galp, Jerónimo Martins, Sonae, Semapa, Mota-Engil e NOS.

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