Apesar do fraco histórico recente de governos de iniciativa presidencial em Itália – incapazes de levarem uma legislatura até ao fim e de promoverem qualquer reforma de fundo no país – a União Europeia apressou-se a demonstrar especial apreço pelo último, o do ex-governador do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que tomou posse em fevereiro passado. A situação, na ótica de Bruxelas, era extrema: o país foi o primeiro e um dos que mais profundamente sentiu os efeitos da pandemia de Covid-19, contaria com a mais volumosa ‘bazuca’ dos 27 para promover a recuperação económica, mantinha acesa discordância com a Comissão Europeia e o Conselho Europeu no que dizia respeito à questão dos refugiados e era, como sempre, um formigueiro de intriga política ao nível mais básico – que descambara num formidável crescimento dos diversos grupos de extrema-direita.