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DPD Portugal estima crescimento de 13% na faturação com mudança para Loures

Com um crescimento cada vez mais sustentado, a DPD inaugura esta quarta-feira o seu novo hub em Loures. Em entrevista ao Jornal Económico, Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, assume um aumento de 13% na faturação deste ano e um crescimento contínuo na ordem dos dois dígitos, impulsionado pela velocidade do novo local.

A DPD Portugal está de voo marcado para...Loures. A empresa de transporte expresso vai mudar toda a sua distribuição para um novo hub em Loures, numa aposta de expansão da atividade em território nacional. Trata-se de um investimento de 30 milhões de euros, e que marca o arranque de novos investimentos para os próximos anos.

Ao Jornal Económico, Olivier Establet, CEO da DPD Portugal, explica em que consiste esta mudança, quais as vantagens que a nova localização oferece, as perspetivas para este ano, num crescimento contínuo, e as previsões para o futuro do sector do transporte de encomendas expresso.

Tem aqui um novo investimento. O que me pode contar?

É um investimento importante para a expansão da DPD Portugal. Acaba por ser, por um lado, o resultado do crescimento dos últimos anos e a necessidade de criar outras condições. Mas é também um acreditar na expansão que vamos ter nos próximos anos, porque é um investimento previsto para os próximos anos.

O crescimento da empresa e do sector é conhecido devido ao e-commerce, que tem crescido bastante em Portugal, e o acreditar na expansão também é baseado na realidade porque o ano passado crescemos mais de 10% e nos primeiros quatro meses do ano já vamos com um crescimento de 16%.

O e-commerce em Portugal, apesar de ter crescido, continua a mostrar indícios de algum atraso em relação à média europeia, que está nos 15% ou 16%, cerca do dobro das vendas de retalho no país. Sabemos que vai haver uma evolução natural, mas ela não aparece do nada. Pouco a pouco, o e-commerce vai encontrar as receitas para recuperar este atraso, porque os consumidores portugueses não são assim tão diferentes.

Estamos confiantes que o crescimento, com a ajuda do e-commerce, vai continuar a ser feito de forma muito sustentada. Na DPD vamos continuar a crescer, seguramente, a dois dígitos todos os anos. Daí também a importância deste investimento ter sido feito este ano.

Porque Portugal foi um dos mercados que mais cresceu, no ano passado, dentro da rede Geopost, certo?

E este ano continua a ser. Estamos entre as três business units, no total de 50, do grupo Geopost que mais cresce este ano. É o segundo ano consecutivo em que isso acontece. Há realmente algo que se passa em Portugal e connosco que não é passageiro e estamos confiantes, por isso é que estamos a fazer este investimento de 30 milhões de euros.

Não se decidem investimentos destes sem acreditar no futuro. Por isso estamos a acreditar que vai ter o seu retorno. Estamos também a chegar a um momento em que a quantidade de encomendas obriga a uma organização muito industrial, de forma a não falhar e a existir fiabilidade e segurança nos processos.

Apresenta aqui um investimento considerável.

Não são investimentos que fazemos todos os anos. É um ciclo que terminou e um novo ciclo que se inicia. A DPD não está cá de passagem, está cá para oferecer às empresas e consumidores portugueses um serviço do nível de mais alto padrão que existe internacionalmente. Aliás, é um projeto internacional: é um projeto com um promotor belga, instalador italiano com equipa de engenharia francesa e assessoria portuguesa pelo meio.

Falando no novo hub... Em que é que vos vai permitir crescer em termos de encomendas?

O hub tem capacidade de 10 mil encomendas por hora, e isso dá-nos outra capacidade. O nosso peak period, que é um momento importante no nosso sector, porque a partir da Black Friday a atividade dispara. Muitas vezes é difícil, no nosso sector, lidar com crescimentos de 50% que acontecem repentinamente. Qualquer consumidor nota que, a partir desta altura, é mais difícil cumprir com os prazos de entrega.

É outro pulmão que vamos ter dentro da rede. Dá-nos outra capacidade para enfrentar picos de atividade sem ter preocupações. Depois há outra questão que é ter mais pessoas na rua para efetuar as entregas, mas isso é outro desafio.

Mas a capacidade de tratamento no processamento de 10 mil encomendas por hora dá-nos outra seriedade para atender os picos de atividade. Depois há muito mais fiabilidade porque é uma máquina de alta precisão [crossbelt] e não origina tantas falhas no ponto de vista dos encaminhamentos para a plataforma errada, que depois leva à perda da encomenda. São erros graves na nossa atividade, raros, mas graves. Esta solução permite reduzir à mínima expressão estes tipos de falhas.

Com este processo, a presença de mão de obra humana também é reduzida porque o sistema é automático. Tudo isso são garantias adicionais de maior segurança no processo.

Então conseguem implementar, com este investimento, novas tecnologias.

Lá fora já temos novas tecnologias. Em Portugal é a primeira vez que utilizamos a tecnologia crossbelt que permite organizar 10 mil encomendas por hora.

É um motivo de orgulho. Somos pioneiros em trazer este tipo de tecnologia para Portugal.
Abordou aqui a redução na mão de obra. Com este tapete há menos exigência de mão humana, mas estão a prever contratações?

Há uma curva de crescimento na mão de obra. É constante todos os anos. Este ano contamos com 1.500 colaboradores e nunca tivemos tantas pessoas a trabalhar a tempo inteiro para a DPD em Portugal.

O hub de Loures não é propriamente um investimento de criação de emprego, porque acaba por haver migração das plataformas em que estávamos. Agora temos apenas Cacém e Loures como as únicas plataformas a prestar serviço na Grande Lisboa. Trata-se apenas da migração dos serviços que estavam na sede, que agora vão operar nesta nova plataforma em Loures.

Acho que a criação de mão de obra é uma consequência indireta do crescimento que tivemos e vamos continuar a ter e esperamos acelerar com este investimento.

Com este novo tapete preveem melhorar os tempos de entrega?

O nosso serviço já é extremamente rápido, e permite uma recolha em qualquer ponto do país e uma entrega na manhã seguinte. Isso não muda.

A questão é que a fase de triagem vai ocupar menos tempo, porque estamos a encurtar esta fase e podemos devolver parte deste tempo ao horário de recolha. Há um momento em que não é possível processar mais encomendas e estas ficam para o dia seguinte.

Este tipo de investimento vai dar mais tempo às empresas para processarem as suas encomendas até mais tarde, o que pode permitir que elas levem um dia a ser entregues, em vez de dois.

Serão 10 mil encomendas por hora. Quantas conseguem tratar agora?

Já estamos a atingir essa capacidade, mas durante pouco tempo. A nova máquina é diferente e vai permitir-nos utilizá-la durante mais horas no futuro. É rentabilizar o investimento que fizemos.

Não deixando de ser na Grande Lisboa... Têm previstos novos investimentos no país?

Naturalmente que sim. Quando anunciamos um investimento, a equipa já está a trabalhar no projeto seguinte. Como o crescimento tem sido muito sustentado, temos projetos para avançar no Grande Porto, mas não para já.

Não dá para desequilibrar, ou seja, ter capacidade de duplicar o negócio numa zona do país e na outra não... É preciso ter um certo equilíbrio faseado no tempo, de forma a que todo o território esteja preparado para assumir crescimentos.

Quais as perspetivas de crescimento para o próximo ano?

Estamos a prever um crescimento na ordem dos 13%. Na verdade estamos adiantados, porque nos primeiros quatro meses do ano conseguimos um crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Na altura veremos como será, mas as perspetivas são bastante positivas.

É um crescimento sustentado, sem dúvida, e vem a seguir a outro ano importante. Este é um ano de consolidação da estratégia de sustentabilidade da DPD, um tema importante tendo em conta as métricas do grupo para 2040. Este novo edifício recebeu a certificação Breeam Excellent, além de que instalámos 70 carregadores elétricos para abastecer as nossas viaturas.

Quais as suas previsões para o futuro do sector?

São positivas, mas também tem a ver com o ponto de partida ou estado do e-commerce em Portugal. O país apresentou crescimento durante o Covid, tal como todos os outros. Tanto que depois teve o reequilíbrio natural com a abertura do comércio e a curva de crescimento deixou de ser a mesma.

Mas atualmente o estado do e-commerce em Portugal é claramente baixo. Portugal tem 8% das vendas a retalho online, um valor que compara com os 16% da média europeia e 25% do Reino Unido. Ainda temos muito que caminhar.

Há oferta de produtos de e-commerce, não falta capacidade das empresas. Acho que falta um fator de locomotiva, um player puro de e-commerce que promova de forma mais agressiva, como nos outros países, a oferta online. Porque temos agentes económicos que participam no ecossistema do e-commerce, mas que ainda não apostaram tanto em Portugal como nos outros países. Penso que este é uma das chaves para a recuperação que Portugal deverá ter nos próximos anos.