A 27ª edição da Mostra de Teatro de Almada (MTA) já arrancou e celebra uma relação de longa data da cidade com esta expressão artística. A programação, que se distribui por diversos palcos do concelho – Almada, Costa da Caparica, Sobreda, Cacilhas e Trafaria –, estende-se até 30 de novembro.
Ana Cristina Pais, o rosto deste festival de teatro amador e profissional, realça a solidez e diversidade da programação, que este ano apresenta 19 criações e 12 estreias, em 26 sessões que envolvem 17 grupos de teatro, entre amadores e profissionais. Assim, é natural que o leque de autores escolhidos seja amplo, abarcando nomes como Sam Shepard, Bess Wohl, Paul Maar, Eugène Ionesco, Karl Valentim, Alberto Luengo ou Roald Dahl. E para que não restem dúvidas da relação ‘umbigal’ da cidade com as artes de palco, a organização salienta a sua ambição de consolidar Almada “como um lugar especial de arte e cultura de todos e para todos, onde o Teatro tem particular destaque”.
E se o fim de semana teve dois “S” a brilhar no palco, Shepard e Shakespeare, na semana que agora se inicia, o destaque vai para a estreia de “Aquacultura de sereias”, de Patrícia de Brito, que a cooperativa de artistas Kilig apresenta nos dias 8 e 9, no auditório Fernando Lopes-Graça. O objetivo da empresa Aquacultura de Sereias Lda. É ser reconhecida como uma referência na área, apostando na oferta de produtos diferenciados, como sereias e tritões criados em tanques de esteiro.
No dia 11, no Solar dos Zagallos, será a vez da peça “Murta, a guardiã da floresta”, de Ângela Ribeiro, subir ao palco pela mão da companhia Embalarte. A história dá a conhecer Murta, uma das últimas guardiãs das florestas, de forma a sensibilizar o público para a sua proteção e, em última instância, mobilizar os cidadãos para um futuro mais verde.
No dia 11 de novembro há mais uma estreia, “Fome”, do Alfa Teatro, uma criação coletiva com espaço cénico e interpretação de João Lisboa, Luís Menezes e Sofia Raposo, no auditório Fernando Lopes-Graça, que recebe uma segunda apresentação no dia 12. O auditório recebe ainda nesta data outra estreia, “Chamusca — Abertura do processo”, a partir de Aristófanes e de “Lisístrata”, com conceito e encenação de Sandra Hung. O espetáculo do Novo Núcleo alarga as referências a nomes como Pina Bausch, dança Butoh, Guy Debord, Jorge Luis Borges e Maria Gabriela Lllansol, sem esquecer o universo do dramaturgo romeno Matei Visniec.
No dia 17 de novembro, o Teatro de Areia leva a cena no auditório Fernando Lopes-Graça a criação coletiva “Também tinha coisas para fazer mas alguém tem de manter isto aberto”, em estreia absoluta, enquanto a Et-Al Companhia de Teatro apresenta, no mesmo dia, a peça “Vultos”, a partir de “As vedetas”, de Lucien Lambert, no auditório da Costa de Caparica. Neste espetáculo não haverá cozinheiros e a mesa estará posta, mas para um ato eleitoral. Porque é que, passados 50 anos, há ainda tanto para perguntar?
O mundo de Karl Valentim é abordado pela encenação de Luzia Paramés para a Universidade Sénior D. Sancho I de Almada, com “O teatro obrigatório”, partindo de textos como “A carta”, “A encadernadora”, “A ida ao Teatro”, “A loja de chapéus” e “Porque os teatros estão sempre vazios?”. Uma estreia com data marcada para dia 19, na Sociedade Filarmónica Incrível Almadense, que coloca a tónica na comicidade e fragilidade da condição humana.
O coletivo Teatro & Teatro estreia a sua visão de “A cantora careca”, de Eugene Ionesco, no auditório Fernando Lopes-Graça, também a 19 de novembro. Data em que “Pequenos sons da boca”, de Bess Wohl, com adaptação e dramaturgia de Rui Silvares e Ana Nave, será levada a cena pelo Arte 33- Núcleo Cultural, no Casino da Trafaria.
Na reta final da Mostra de Teatro de Almada, no dia 25, destaque para três estreias. Começamos pelo Teatro Filosófico, um coletivo informal de pensadores performativos que promove ensaios abertos à comunidade, apresenta-se, na Casa Municipal da Juventude — Ponto de Encontro, com “InSólido”, a partir de Nietzsche. Passamos para “Matilda Jr”, de Roald Dahl, uma adaptação do musical vencedor dos prémios Tony e Olivier pelo grupo Plateias d’Arte, no auditório Fernando Lopes-Graça. E chegamos à história de dois sem-abrigo, Bartolomeu e Cominhos, em “Kokorokokaixa”, de Paul Maar, pelo Teatro Extremo, que sobe ao palco do Teatro Estúdio António Assunção pelas 16h00.
Ainda a 25, o Grupo Cénico da Incrível Almadense toma de assalto o Salão de Festas deste emblemático espaço de Almada para brindar o público com um duplo espetáculo: “Beltrana, muito prazer”, de Paulo Sacaldassy, e a criação coletiva “Central natura – Alerta vermelho”, dirigida por Eugénia Viana e Carla Silva, com estreia marcada para 26 de novembro.
“A noite dos naufrágios”, de Alberto Luengo, encerra o MTA de 2023. Tudo acontece em Roma, no ano 63 a.C., na noite de 6 de novembro, em que ganha forma uma conspiração contra a República… Saiba porquê nos dias 29 e 30 de novembro, nesta encenação da associação cultural Ninho de Víboras, que encerra a Mostra no auditório Fernando Lopes-Graça.
O bilhete normal tem o custo de 6 euros, os jovens com idade inferior a 30 anos pagam 5 euros, tal como os seniores com idade superior a 65 anos. O preço para grupos a partir de 6 pessoas é de 4 euros. A bilheteira abre uma hora antes de cada sessão e o levantamento de reservas deve ser feito até 30 minutos antes do início de cada sessão.