A Issuu, maior plataforma de publicação e marketing de conteúdos SaaS do mundo, inaugura esta quarta-feira, 6 de setembro, o seu novo centro tecnológico na cidade de Braga. Trata-se duma mudança de instalações que acaba por se consumar por via do crescimento que a empresa teve nos últimos dois anos, na cidade e no mercado português.
O evento terá lugar, a partir das 17 horas, no novo espaço, localizado no Largo da Estação, mais concretamente no edifício da estação ferroviária de Braga, e contará com a presença do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.
A empresa de origem dinamarquesa, agora com sede em Palo Alto (EUA), fruto das suas raízes enquanto startup, tem apenas quatro centros tecnológicos no mundo. Para além do de Palo Alto e Braga, conta ainda com espaços semelhantes em Berlim (Alemanha) e Copenhaga (Dinamarca).
A gigante tecnológica tem mais de 50 milhões de documentos carregados, 100 milhões de visitantes mensais. A Issuu Story Cloud permite que os criadores de conteúdos transformem designs de arquivos estatísticos em ativos de marketing para todos os canais de distribuição – incluindo flipbooks para incorporar em sites e blogs, artigos otimizados para dispositivos móveis, histórias gráficas para social media, GIFs para e-mail e muito mais.
Joe Hyrkin, CEO da Issuu, numa entrevista exclusiva ao Jornal Económico (JE), realça a importância de Braga e do mercado português para a empresa.
Porquê esta mudança de instalações?
Porque precisávamos de crescer em relação ao nosso escritório anterior. Nós abrimos o nosso antigo espaço há dois anos e gostamos do talento que temos aqui na nossa equipa. Ajudaram no processo de crescimento, ao ponto de termos pessoas a trabalhar por turnos e por isso tivemos a necessidade de encontrar um espaço maior e mais agradável e, para além disso, estamos mesmo comprometidos a permanecer em Braga durante muitos anos. Pretendíamos encontrar uma localização que nos permitisse crescer ainda mais, apetrechando a equipa com mais talento. Temos mais de 30 pessoas aqui e pretendemos aumentar o grupo.
Significa que Braga é uma aposta ganha por parte da Issuu?
É uma perfeita combinação de pessoas talentosas no campo tecnológico. Penso que a equipa inicial que construímos aqui foi capaz de atrair ainda mais talento. Para além disso, a ligação com a Universidade do Minho é também muito forte porque nos permitiu tirar rendimento e contratar pessoas que lá se formaram. A proximidade com a Câmara de Braga tem sido também essencial, pois deu-nos a possibilidade de fazer parte de um ecossistema tecnológico na cidade. O autarca (Ricardo Rio) tem feito tanto para criar um ambiente capaz de captar investimento para a cidade, tem sido um apoio importantíssimo para nós também e, por isso, estamos entusiasmados por estar aqui. É um presidente da câmara que quer assegurar que Braga tem o seu espaço na economia global, particularmente na área da tecnologia.
O que é que oferece Portugal, e mais concretamente Braga, agora que não oferecia no passado?
A Issue quer expandir-se aqui no país. Apreciámos o talento e energia que aqui existe. Identificamos Braga como uma excelente localização, por todas as razões que já mencionei anteriormente. Saber que esta era uma cidade com uma interação especial com as empresas tecnológicas foi importante. Começamos com uma pequena equipa, formada essencialmente por pessoas da área tecnológica, mas progressivamente fomos contratando colaboradores com outras capacidades como engenheiros, temos um departamento de maketing, pessoas especializadas em customer success, em vendas, em business intelligence, etc. Agora, aqui, temos pessoas em todas as áreas e pretendemos continuar a crescer.
Disse anteriormente que pretendia contratar ainda mais colaboradores. Quantos e para que vagas?
Quando arrancamos aqui, há dois anos atrás, não sabíamos o quanto iríamos crescer e quão rápido seria esse crescimento e foi isso que fez com que mudássemos de instalações. Vamos ver...queremos aumentar o grupo com centenas de pessoas. Temos esse objetivo para o futuro e vamos contratar à medida que o nosso negócio cresce e se conseguirmos detectar talento para reforçar a equipa.
A Issuu passou por um período de lay-off no último ano devido ao contexto de todo o sector tecnológico?
Aqui em Braga isso não aconteceu. Continuamos a trabalhar e a crescer mas nos restantes escritórios espalhados pelo mundo tivemos que fazer alguns ajustes, realocando recursos. Mas o negócio continuou a crescer e a expandir.
Angariaram mais de 20 milhões de dólares numa ronda de investimento em setembro de 2021...
Conseguimos um financiamento de 22 milhões de dólares. Um ronda que contou com as participações da Heartcore Capital, que é uma das maiores empresas de capital de risco escandinavas e estão connosco desde o início, a japonesa KDDI Open Innovation Fund é também um dos investidores. Obtivemos ainda um financiamento da dívida através duma empresa chamada Eastward Capital e conseguímos fechar esse dossier bem cedo este ano.
É expectável que a Issuu feche uma nova ronda de investimento em breve?
Vamos ver...eu acredito na estratégia de angariar dinheiro com o propósito de lucrar e fazer crescer o negócio e não numa perspectiva de o obter para depois gastar em seguida. Sendo sincero, não temos planos de partir para essa via pois estamos focados noutros objetivos que é continuar a crescer, construir o negócio. Por essa razão, só iremos obter algum tipo de financiamento se avançarmos com alguma iniciativa.
Quais são as perspectivas para o capital de risco? As startups estão a enfrentar mais dificuldades em obter financiamento. Esse panorama vai mudar?
Está sempre a mudar. E o que está a mudar nesta altura é sobretudo aquilo que é considerado o aspecto fundamental do capital de risco. O que os investidores pretendem ver é um plano que seja rentável. Nos finais de 2020 e inicio de 2021 isso não acontecia. O que víamos era este grande aumento de financiamentos em negócios cujo lucro não era um dado adquirido, nós não somos um desses, devo acrescentar. Havia uma grande quantidade de empresas numa situação complicada que pediam financiamento, de forma constante, sem nenhuma garantia de poder liquidar a dívida. Já nos dias de hoje, tem-se verificado uma exigência maior na rentabilidade. Portanto, não creio que o investimento esteja a mudar mas sim aquilo que é requerido às empresas. Que percebam a importância de mostrar e provar serem rentáveis. Claro que em relação às startups isso ainda não é possível, mas essas têm que demonstrar que são capazes de ser rentáveis no futuro. Para que isso aconteça, há que ter um produto forte, que seja relevante para o consumidor e merecedor de investimento. Não há nada mais importante do que isso.
O mercado português é lucrativo para a Issuu ou apenas encarado como base de talento?
As duas coisas. Nós representamos uma atividade muito global com um milhão de clientes por ano que usam os nossos serviços a partir de qualquer parte do mundo. Aqui nós temos uma aposta bem vincada no talento e no crescimento da equipa. Quer isto dizer que não existe uma meta financeira definida quer para Braga quer para o mercado português Somos sobretudo uma plataforma para ser utilizada por quem quer que nos encontre.
Qual foi a vossa faturação no primeiro semestre? E em 2022?
Somos uma empresa privada, por isso não divulgamos as nossas receitas mas estamos muito próximos do lucro a nível global. Todos os anos temos crescido e é essa a tendência, duplicando os números anteriores.