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Dinamarca proíbe drones civis durante semana de cimeira da União Europeia

País escandinavo quer segurança máxima, numa altura em que, apesar das evidências em contrário, Serjey Lavrov insistiu que a Rússia não está interessada em atacar países da NATO ou na União. Domingo foi dia de fortes ataques a Kiev.

A Dinamarca vai proibir todos os voos de drones civis na próxima semana, para garantir a segurança da cimeira da União Europeia que reunirá chefes de Governo em Copenhaga, capital do país – depois de duas semanas de incidentes com aparelhos daquele tipo, que obrigaram ao fecho de aeroportos. "A Dinamarca vai receber os líderes europeus na próxima semana e vamos prestar especial atenção à segurança. Portanto, de segunda a sexta-feira, fecharemos o espaço aéreo dinamarquês a todos os voos de drones civis", declarou o ministro dos Transportes, Thomas Danielsen, citado pelas agências internacionais.

A Dinamarca, que preside neste segundo semestre ao Conselho da União Europeia, acolhe na quarta-feira um Conselho Europeu informal, em Copenhaga. No dia seguinte, realiza-se, também na capital dinamarquesa, uma cimeira da Comunidade Política Europeia, uma plataforma para debate sobre o futuro da Europa, criada em 2022 e em que participam de 44 países europeus, o presidente do Conselho Europeu e a presidente da Comissão Europeia. Segundo a agência Lusa, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro estará pessoalmente presente em ambos os encontros.

A Dinamarca pediu ajuda às Forças Armadas alemãs para garantir a segurança da reunião informal. A Alemanha prometeu deslocar um contingente das suas forças anti-drones para Copenhaga.

Entretanto, e para além da guerra propriamente dita, Rússia e Ucrânia envolveram-se nos últimos dias numa guerra de palavras. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou para que Vladimir Putin irá atacar outro país europeu e acusou a Rússia de estar a promover a incursão com drones em vários países, numa tentativa de testar as defesas da NATO. "Putin não vai esperar para terminar a sua guerra na Ucrânia. Ele vai abrir outra frente. Ninguém sabe onde. É isso que ele quer", afirmou.

Neste contexto, A União Europeia vai avançar com a criação de uma ‘parede de drones’ para reforçar a sua defesa aérea e proteger o bloco dos 27 de possíveis ameaças russas, noticiou o jornal britânico ‘The Guardian’. O sistema de defesa é uma resposta ao facto de os espaços aéreos de Polónia, Dinamarca, Roménia e Estónia terem eventualmente sido violados por aparelhos russos.

Do seu lado, o chefe da diplomacia da Rússia, Serguy Lavrov, afirmou na ONU que Moscovo não pretende atacar nenhum país da NATO, mas avisou que qualquer agressão contra o país terá uma “resposta decisiva”. “A Rússia é acusada de quase planear e atacar os países da NATO e da União Europeia. O presidente Vladimir Putin tem refutado” tais acusações, declarou o ministro, sublinhando que "nunca teve nem tem essas intenções, mas qualquer agressão terá uma resposta decisiva" e "não deve haver dúvidas sobre isto entre os países da NATO e da UE".

Lavrov enfatizou que a Rússia "desde o início esteve e permanece aberta a negociações que visem abordar as causas profundas do conflito" na Ucrânia, garantindo ao mesmo tempo a segurança e os interesses vitais da Rússia. Referindo-se às esperanças do regime de Kiev de restituir à Ucrânia as suas fronteiras de 2022, o ministro observou que esperar tal resultado constituiria "cegueira política" e uma completa incompreensão da situação. Lavrov repetiu a retórica moscovita segunda qual a Ucrânia e os seus patrocinadores europeus não demonstram disposição para negociar de boa-fé. AO mesmo tempo, disse que a Rússia e os Estados Unidos têm uma responsabilidade especial na prevenção de riscos que possam levar a uma nova guerra. E enfatizou que a nova iniciativa do presidente russo, Vladimir Putin, sobre o futuro do Novo Tratado START visa contribuir para a manutenção da estabilidade estratégica. De acordo com Lavrov, o lado russo assume que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentará pessoalmente a iniciativa da Rússia.

Lavrov afirmou ainda que os drones supostamente detetados em território polaco têm um alcance menor que a distância desse território até a fronteira russa. O ministro enfatizou que a Rússia nunca ataca alvos civis e não direciona drones ou mísseis contra países da União ou da NATO. E lembrou que em Moscovo, "no mesmo dia, foi feita uma proposta para se realizar uma reunião e resolver a situação".

Lavrov informou que a Rússia e os Estados Unidos concordaram em realizar uma terceira ronda de negociações neste outono para abordarem questões delicadas nas relações bilaterais. "O diálogo abrange vistos, o funcionamento das embaixadas, os bens confiscados nos Estados Unidos e outros aspetos das operações quotidianas das missões diplomáticas. Já realizámos duas rondas e a terceira foi acordada com o secretário de Estado Marco Rubio para este outono".

Quanto à guerra propriamente dita, o fim-de-semana ficou marcado por mais uma intensificação dos ataques russos ao território ucraniano. A Rússia lançou centenas de drones e mísseis contra Kiev e outras zonas da Ucrânia na manhã de domingo, matando pelo menos quatro pessoas e ferindo várias dezenas. A vizinha Polónia fechou o seu espaço aéreo perto de duas cidades do sudeste e a força aérea enviou jatos até que o perigo passasse.

O exército ucraniano afirmou que a Rússia lançou 595 drones e 48 mísseis durante a noite e que suas defesas aéreas abateram 568 drones e 43 mísseis – sendo que Kiev foi o principal alvo dos ataques. O Ministério da Defesa da Rússia disse também este domingo que realizou um ataque "massivo" à Ucrânia usando armas aéreas e marítimas de longo alcance e drones para atingir a infraestrutura militar, incluindo campos de aviação. E negou ter atacado civis.

O presidente Volodymyr Zelenskiy disse que o ataque, que durou mais de 12 horas, danificou uma clínica, fábricas e prédios residenciais e pediu à comunidade internacional uma ação decisiva para cortar as receitas energéticas da Rússia, que financiam a invasão. "O momento para uma ação decisiva já passou há muito tempo, e contamos com uma resposta forte dos Estados Unidos, da Europa, do G7 e do G20", disse.