A sociedade de advogados Cuatrecasas lançou-se na área da formação profissional com o lançamento de uma academia direcionada para as empresas que pretendem – ou precisam de - (re)qualificar os seus trabalhadores. Constituída com uma entidade autónoma do escritório ibérico e com marca própria, esta academia garante que não chega para falar “legalês” dos juristas nem para competir com a oferta das universidades portuguesas e internacionais.
“A academia surge da sequência de uma necessidade que nos foi transmitida em vários casos por vários clientes empresariais, que é a necessidade de ministrar formação profissional certificada, com um elevado nível de qualidade, que não se restringe necessariamente ao domínio jurídico”, avançou ao Jornal Económico (JE) o advogado Paulo de Sá e Cunha, sócio da Cuatrecasas e presidente da direção desta academia. “As universidades têm a sua formação académica de base. Esta será, sobretudo, focada no interesse das empresas, que pode ser feita à medida, modelada, de acordo com o que as empresas pretendem fazer”, ressalva.
Neste momento, existem quatro cursos no catálogo curricular: Direito para não-juristas, Desafios da economia digital, Reequilíbrio financeiro – desenhado para a Administração Pública e concessionárias de serviços públicos (mais especializado em matérias contratuais de concessão) - e Distribuição de seguros e resseguros. As aulas poderão ser frequentadas em formato presencial, e-learning (digital) ou misto (o chamado blended learning) e personalizadas, mas no final de cada módulo ou curso há sempre uma avaliação dos conhecimentos adquiridos.
Paulo de Sá e Cunha explica que as organizações poderão disponibilizar aos seus recursos humanos formação profissional com certificação da Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT) e, portanto, utilizá-la para cumprir o Código do Trabalho, que prevê 40 horas mínimas de formação anual para os trabalhadores. “Permite às empresas que beneficiem desta formação dar cumprimento a obrigações da lei laboral em matéria de formação. Hoje, os trabalhadores das empresas têm um pacote de horas que tem que ser preenchido através de formação profissional. Como é certificada tem também a possibilidade de vir a ser co-financiada, o que é mais uma vantagem para as empresas que entendam a promover ações de formação com recurso à academia”, esclarece ao JE, acrescentando que vê “potencial” nesta área quer do lado da oferta quer da procura, que “está em franco crescimento”.
Os docentes podem ser da casa – há mais de uma dezena de advogados e consultores internos com luz verde para o fazer – mas também de entidades com as quais a Cuatrecasas estabeleça parcerias, como associações empresariais ou reguladores sectoriais. “Tudo está em aberto”, admite Paulo de Sá e Cunha. “Preparámos agora um curso sobre seguros que se destina a profissionais da área e tem uma formação dada pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões [ASF] e é certificada tanto pela DGERT como pelo supervisor. Podemos recorrer a parcerias com a Associação Portuguesa de Seguradores ou com as próprias empresas de seguros que entendam ter pessoas especialmente habilitadas a colaborar connosco”, exemplifica.
O projeto conta ainda com Lourenço Vilhena de Freitas, sócio e professor no Instituto de Ciências Jurídico-Políticas, como presidente do Conselho Científico e Maria João Ricou, a managing partner, enquanto presidente da mesa da Assembleia Geral.
A fita da Academia Cuatrecasas será cortada na terça-feira (30 de novembro), dia em que está agendado um debate, no auditório da nova sede em Lisboa, sobre a “Formação do Futuro” em termos de modalidades de formação disruptivas, experiências de aprendizagem com impacto e compliance dos empregadores na qualificação dos recursos humanos (RH). Entre os oradores confirmados estão Alexandra Monteiro, vice-presidente de Pessoas da Outsystems, Anabela Barbosa, diretora de RH da Farfetch, Catarina Horta, diretora de Capital Humano e Fit & Proper Officer do Novobanco, Nuno Moraes Bastos, presidente do Observatório Português de Compliance e Regulatório e responsável de Compliance na Galp Energia, bem como a managing partner, a diretora de RH e dois sócios da Cuatrecasas.