O concurso público internacional para a compra de novos comboios para a CP vai ser lançado na próxima segunda-feira, dia 7 de janeiro, durante um visita de diversos responsáveis do Governo às obras de melhoria e renovação da linha do Douro, que estão a decorrer.
A cerimónia, prevista para estação ferroviária de Marco de Canaveses, contará com a presença do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. Está previsto um investimento de cerca de 168 milhões de euros em 22 novas composições - 10 elétricas e 12 bimodo (elétricas e a diesel).
É o fim do interregno de mais de duas décadas sem entrar material circulante novo na frota da transportadora ferroviária nacional. O último concurso público internacional para a compra de material circulante para a CP foi suspenso pelo Governo de José Sócrates devido ao impacto financeiro provocado pela crise internacional de 2008. E responde a uma das últimas notícias publicadas pelo Jornal Económico no ano de 2018, alertando para o facto de este concurso já estar com quatro meses de atraso, desde que o governo autorizou, em Conselho de Ministros, a CP a efetuar este investimento.
Mesmo que a decisão sobre a compra de novo material circulante seja tomada ainda durante o presente ano, a entrada em funcionamento destes novos comboios só deverá ocorrer em 2022 ou 2023.
Na corrida ao fornecimento destes comboios à CP deverão estar os principais grupos fabricantes de material circulante como os franceses da Alstom, os espanhóis da CAF e da Talgo, os suíços da Satedtler, os alemães da Siemens ou os canadianos da Bombardier, não estando prevista a participação neste concurso dos principais fabricantes asiáticos.
A compra de material circulante para a CP é vista pelos principais especialistas do setor como uma necessidade imperiosa no sentido de repor alguns dos padrões de qualidade de serviço e dos níveis de segurança aos passageiros, os quais se têm posicionado num nível bastante crítico. Avarias, atrasos, supressões e outras falhas de serviço têm sido uma constante nos últimos anos de atividade da CP, devido à falta de material circulante e à falta de pessoal para proceder à respetiva manutenção por parte da participada da CP para esse efeito - a EMEF - Empresa de manutenção de Equipamentos Ferroviários. Problema a que se aliaram as greves regulares.
Como o Jornal Económico noticiou em primeira mão, no final do exercício de 2017, de acordo com o relatório e contas da CP referente a esse ano, a transportadora ferroviária nacional tinha mais de metade do seu parque de material circulante inoperacional. Uma situação que se deve ter agravado no último ano, tendo em conta a idade média dos comboios da empresa.
Aliás, diversas fontes do setor, consideram que esta aquisição de 22 novos comboios não irá colmatar todas as lacunas atuais do serviço da CP. Até porque, apesar da degradação dos níveis de serviço, a transportadora ferroviária nacional tem vindo a registar um crescimento do número de passageiros transportados nos últimos anos. Outra das soluções a que as sucessivas administrações da CP têm recorrido para suprir a falta de material circulante é recorrer ao aluguer de comboios à congénere espanhola Renfe, uma alternativa que tem sido criticada por diversos gestores e especialistas do setor por ser alegadamente pouco propiciadora de uma melhoria de serviço, além de gerar eventualmente custos adicionais para a empresa pública.