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"Com esta carga fiscal, não conseguimos construir casas para as necessidades que existem"

Luís Côrrea Bastos, CEO da Habitat Invest, assume que não consegue construir casas para as necessidades que existem no mercado com a atual carga fiscal que existe sobre o sector. “O custo da construção não vai permitir trazer projetos considerados acessíveis para as famílias portuguesas”, salienta Patrícia Barão, vice-presidente da APEMIP.

O sector imobiliário continua a deparar-se com a elevada carga fiscal como principal entrave para dar resposta à falta de habitação que existe em Portugal. A ideia foi partilhada por Luís Côrrea Bastos, CEO da Habitat Invest, durante um dos painéis de debate da 11ª edição da Semana da Reabilitação Urbana, que decorre no LX Factory, em Lisboa, entre os dias 9 e 11 de abril.

"Não conseguimos construir casas para as necessidades que existem no mercado com esta carga fiscal", referiu o promotor que a este aspeto adiciona o problema da demora nos licenciamentos, o que levou a Habitat Invest a procurar zonas fora de Lisboa para concretizar os seus projetos. Neste momento, a promotora está a desenvolver 1.200 habitações acessíveis todas já em processo de venda, nos municípios de Loures, Ameixoeira, e Almada, município onde os compradores são todos portugueses. "Não estamos a ter nenhuma dificuldade em todos os sectores do mercado para os quais estamos a vender", realçou.

Quem também partilha desta visão problemática sobre a elevada carga fiscal que incide sobre o sector imobiliário é o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP), Paulo Caiado, que assume que "só vão existir casas a preços acessíveis com alterações fiscais à construção", salientando que medidas como o fim do programa dos vistos gold, não tiveram qualquer impacto no mercado.

Quem espera que Lisboa coloque novos territórios para investimento na cidade é Paulo Diogo, diretor municipal de urbanismo, da autarquia, que apresentou no evento algumas das zonas da capital que se encontram em reabilitação para uso residencial, como são os casos da Quinta Bensaude, o Vale de Santo António ou a Praça de Espanha. "Estamos a apostar na consolidação destes territórios, desta ‘cidade esquecida’. Em breve vamos começar a ter outro tipo de oferta de habitação", salientou.

Contudo, o responsável pela área do urbanismo alertou que não se pode esperar que o investimento privado chegue a Lisboa só por ser a capital e espera que com esta maior oferta qualificada talvez a cidade consiga equilibrar a habitação acessível.

Quem não tem dúvidas de que Lisboa é o centro das atenções de qualquer investidor é Aniceto Viegas, CEO da promotora Avenue, assumindo, no entanto, que a cidade não é só investimento privado, mas também público. "Há dois ou três anos havia algum receio de investir, mas nos últimos meses já existe algum otimismo", afirmou.

Por outro lado, Patrícia Barão, vice-presidente da APEMIP, considera que o atual contexto económico das taxas de juro, a que se junta o aumento da inflação e os salários que não acompanham, fazem com que os promotores em Lisboa se posicionem para o segmento alto.

"Temos investidores que abandonaram o país com as medidas do ‘Mais Habitação’ e dadas as constantes alterações perderam a confiança nas regras do jogo", realça, acrescentando que a estas medidas se junta o custo da construção que "não vai permitir trazer projetos considerados acessíveis para as famílias portuguesas".