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Coitado do sedutor

Serge Bozon, o realizador de Don Juan, deu a volta, no seu filme anterior, Madame Hyde, à história clássica de Dr. Jekyll e Mr. Hyde, pondo Isabelle Huppert no papel de uma professora de liceu desconsiderada quer pelos alunos, quer pelos colegas, e que se transfigura depois de certa noite de tempestade ter sido atingida por um raio. Passa a ser uma professora exemplar, e a relacionar-se muito bem com os alunos e o corpo docente, sendo alcunhada de Madame Hyde devido a tão grande e súbita transformação, e vendo mesmo a vida sexual com o marido, que era inexistente, melhorar imensamente.

Depois da narrativa fantástica de Robert Louis Stevenson, Bozon pega agora, para também o desassossegar, em Don Juan, na personagem homónima do lendário sedutor, e no respectivo mito, ambos já ampla e diversamente abordados, comentados, glosados e mesmo subvertidos na cultura ocidental (inclusivamente em Portugal, por Guerra Junqueiro e José Saramago), sem esquecer o cinema, em que passou por múltiplas incarnações. O realizador francês dá-lhe os traços de Tahar Rahim e faz dele um actor chamado Laurent, que está precisamente a ensaiar a peça Don Juan, de Molière (a primeira após a original do espanhol Tirso de Molina, criador da personagem).

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