Chuva de janeiro, cada gota vale dinheiro”. O ano começou de forma positiva no mercado das fusões e aquisições em Portugal, depois de um dezembro tipicamente marcado pela conclusão de várias operações que não podiam passar para a folha seguinte do calendário.
Desde logo, há um valor que se destaca: 235,2 milhões de euros, o preço pelo qual a Fosun, através da Chiado Luxembourg, vendeu 5,6% do BCP. O accelerated bookbuilding (colocação acelerada dos títulos do banco fora de bolsa) reduziu a participação da holding chinesa para cerca de 20%, sendo que este processo – coordenado pelo UBS - envolveu 846 milhões de ações do BCP e foi dirigido exclusivamente a investidores institucionais qualificados. Alguns analistas (ler jornaleconomico.pt) acham que o BCP é mais “opável”, depois de os dois maiores acionistas terem deixado de ter uma participação de 50%.
Duas semanas antes, provavelmente o maior negócio de sempre na área das ciências da vida em Portugal, foi anunciado do outro lado do Atlântico, na 42ª conferência anual de saúde de J.P. Morgan. Mas é na Europa que sentirá o impacto, e quiçá na vida de cada um de nós no futuro. Referimo-nos à venda à alemã BioNTech de terapias contra o cancro da biotecnológica portuguesa CellmAbs.
A startup participada da Portugal Ventures e Bionova Capital (antiga Hovione Capital) trabalha há vários anos com advogados da CCSL, que deram apoio na due diligence inicial, mas foi a Morais Leitão que liderou esta operação com Segismundo Pinto Basto, Luís Roquette Geraldes e Vasco Stilwell d’Andrade. O grupo multidisciplinar contou ainda com a intervenção de Maria Gouveia, Isabel Carneiro Kahlen, Tomás Jonet, Priscila Macedo Pinto e Inês Carreiro, apurou o Jornal Económico (JE).
A contribuir para o facto de Espanha ser o país que mais investe em M&A em Portugal esteve o fundo ibérico de private equity Henko Partners, que entrou no capital da Quadrante – Engenharia e Consultoria e afiliadas na Europa, África e América Latina para posicionar a empresa nacional na dianteira da sustentabilidade.
O valor não foi publicado, mas terá sido significativo, uma vez que em causa está um processo de venda de 49,5% das ações da consultora portuguesa Quadrante, especializada em engenharia, arquitetura, ambiente e sustentabilidade.
A assessoria a esta aquisição esteve a cargo da Abreu Advogados (sócios Manuel Santos Vítor e Cláudia Santos Malaquias) e da Cuatrecasas (sócia Mariana Norton dos Reis) na parte jurídica, enquanto a GBS Finance e a consultora Deloitte assessoraram na vertente financeira.
Destaque ainda para o negócio entre os grupos CUF e Clínica Médica Arrifana de Sousa (CMAS). A CMAS, que é detentora de várias unidades de saúde nos concelhos do Tâmega e Sousa, incluindo um hospital (Penafiel) e seis clínicas com cerca de 700 trabalhadores, vendeu a totalidade do capital social ao grupo hospitalar privado detido pela José de Mello Capital. A Morais Leitão (ML) e Vieira de Almeida (VdA) encabeçaram a assessoria a esta operação, autorizada pela Autoridade da Concorrência (AdC).
Em termos mais concretos, os vendedores foram assessorados pelos advogados Jorge Simões Cortez e Clara Almeida, da ML, Tiago Cardoso da Silva, da Delgado & Associados, Albano Teixeira (da Albano Teixeira, Paula Pinto Alves, Margarida Correia & Carlos Sousa Pinto – Sociedade de Advogados) e Eduardo Castro Marques e Cláudia Rodrigues Carvalho, da recém-lançada boutique Dower Law Firm, ao passo que os compradores estiveram com a VdA, nomeadamente Paulo Trindade Costa e Maria Leonor Piconez, entre outros profissionais. Mais negócios virão (consultar pág. 10).