Daniela Hirsch trabalha numa sociedade de advogados do Chile e, como responsável pela desk europeia, quer aprender mais sobre o mercado português e fazer networking. A advogada da Albagli Zaliasnik acha que há indústrias nas quais podem ser criadas sinergias entre os dois países e esteve no Fórum de Lisboa da Chambers & Partners para procurar mais parceiros e novas referências. “Têm sido sessões muito interessantes. Tive boas reuniões com vários advogados e escritórios de diferentes dimensões aqui e parece-me um mercado em crescimento. Apesar de neste momento não haver uma grande cultura de negócio entre Portugal e Chile, acreditamos que há espaço de expansão em setores como Energia, Infraestruturas e também Turismo”, refere ao Jornal Económico, no evento que se realizou a 4 de julho, no Hotel Intercontinental.
O diretório internacional organizou um evento na capital portuguesa essencialmente com três propósitos: dar espaço aos advogados para aprenderem nos seminários, conhecerem-se e perceberem como é que funciona a empresa. Os cerca de 100 juristas querem saber a receita para chegar aos seus reconhecidos rankings, criados com base em fontes do mercado. Mais, como é que um advogado que já foi premiado mas tem um ano menos dinâmico e bem-sucedido a nível profissional se mantém nomeado ao galardão? O diretório defende que a candidatura tem de apresentar contexto de mercado e complexidade do trabalho.“Temos consciência de que isso acontece, e olhamos para o feedback e trabalho desenvolvido ao longo dos tempos, que tem de ter consistência”, assinalaram os porta-vozes da organização, no painel «How to Chambers?». “Não é fácil entrar no ranking e perceber o que querem saber de nós. É um grande desafio. Todas as firmas, pequenas ou grandes, têm de aprender. Algumas têm uma grande experiência, mas as pequenas e médias estão sempre em processo de aprendizagem para melhorarem a sua candidatura”, admite Daniela Hirsch.
Juristas das empresas também precisam dos escritórios
A Chambers considera que os departamentos jurídicos legais internos estão a tornar-se cada vez “mais significativos” no mercado português – uma visão partilhada pelos próprios advogados das organizações. Entre as equipas jurídicas das empresas portuguesas houve 10 “general counsels (GC) influencers” que se destacaram, da banca à indústria do cimento: Mariana Abreu (Banco BNI Europa), Miguel Varandas (Robert Bosch), Ana Paula Reis (Cimpor), Manuela Vasconcelos Simões (Tranquilidade) Rui de Oliveira Neves (Galp Energia), Patrícia Afonso Fonseca (Novo Banco), Marta Almeida Afonso (REN), João Gomes da Silva (Santander Totta), Alexandra Reis (Philip Morris International – Tabaqueira) e António Neves (Navigator).
Porém, estes departamentos jurídicos internos por vezes também precisam de recorrer a sociedades de advogados ‘fora da casa’, devido à falta de recursos (humanos ou financeiros), a projetos específicos ou a conhecimento extraordinário de que precisam. Num debate moderado por Pedro Marques Bom, sócio da Cuatrecasas, José Maria Azeredo, do Lidl, Ana Patrícia Carvalho, da Nestlé e Luís Graça Rodrigues, da tecnológica Indra, defenderam que estes advogados internos estão a ganhar cada vez “maior preponderância”. Ou seja, passaram de meros apoiantes dos administradores na gestão de crise para fazerem parte da estratégia da empresa. Ainda assim, lançaram conselhos aos seus colegas das sociedades: sejam parceiros e não prestadores de serviços; estruturem ideias e sintetizem; sejam menos reativos e tragam-lhe as tendências que, na bolha da empresa, não conseguem absorver. l