A sociedade de capital de risco portuguesa Bynd VC tem estado a trabalhar em vários investimentos em empresas de base tecnológica que se encontram em fase inicial, mas têm ambição global. Neste terceiro trimestre do ano, investiu quase um milhão de euros em três startups nas áreas da Inteligência artificial (IA) e energia.
O mais recente investimento da Bynd VC, no valor de 250 mil euros, foi na empresa espanhola Quixotic 360, que desenvolve e comercializa serviços de software e cloud (armazenamento na nuvem) para fornecedores de energia e comunidades de energias renováveis, revelou ao Jornal Económico (JE) um dos sócios.
“A nossa estratégia passa por apoiar projetos disruptivos e inovadores, com a sua base de desenvolvimento na Península Ibérica. Enquanto investidores, queremos tirar o melhor proveito do contexto favorável e continuar a apostar em projetos inovadores no setor tecnológico, contribuindo para o seu desenvolvimento a nível ibérico”, explicou Tomás Penaguião ao JE.
Entre janeiro e julho de 2024, o valor das rondas de investimento em venture capital em Portugal aumentou 56%, em termos homólogos, para 519 milhões de euros. Porém, o número de transações registou numa queda de 25% em relação aos primeiros sete meses do ano passado.
“Pode ser explicado, entre outros fatores, por uma maior convicção dos investidores em investir montantes superiores em empresas em áreas específicas, como a IA generativa, ou em fases de maturidade mais avançadas e com um caminho para o exit mais curto”, esclarece, em declarações ao JE.
Segundo o investidor português, “o ecossistema em Portugal demonstra dinamismo tanto a nível de criação de empresas inovadoras, como no levantamento de capital de fundos para apoiar o desenvolvimento destes negócios”. “Portanto, esperamos uma evolução positiva das oportunidades de investimento e respetivo volume a investir até ao final do ano”, conclui.
Questionado sobre o sentimento das participadas tech em relação ao sell-off desde mês, que penalizou empresas do sector, Tomás Penaguião reconhece que causou “algumas disrupções no mercado tecnológico”. “Uma grande venda nos mercados públicos pode tornar as avaliações de startups privadas mais conservadoras e limitar o seu financiamento, sobretudo para empresas em fases mais avançadas de desenvolvimento. Contudo, também cria oportunidades. Startups com modelos de negócios sólidos e foco na rentabilidade continuam a atrair investimento”, garante.
A Bynd VC vai voltar à maior conferência de empreendedorismo e tecnologia em Lisboa, nos próximos dias 11 a 14 de novembro, e terá uma equipa na nona edição da Web Summit, que volta ao Parque das Nações sob liderança de Paddy Cosgrave.
“A nossa abordagem incide, sobretudo, na preparação atempada para o evento. Assim que temos informações sobre as startups que irão marcar presença, iniciamos um processo de análise metódica dos projetos mais interessantes, de acordo com a nossa tese de investimento, e tentamos agendar reuniões presenciais. Temos também em atenção os eventos paralelos”, conta ainda Tomás Penaguião.