A associação Business Roundtable Portugal (BRP) lançou esta terça-feira uma ferramenta estatística comparativa para ajudar a diagnosticar a perda de competitividade da economia portuguesa e inverter esta tendência, isto numa altura em que o país debate propostas na antecâmara das legislativas de 10 de março.
A plataforma ‘Comparar para Crescer’ foi lançada em parceria com a KPMG e a InformaDB, fazendo uso de dados públicos do INE, Eurostat e Pordata para estabelecer uma comparação em 30 indicadores-chave com um grupo de países equiparáveis a Portugal. Com séries estatísticas a começar em 2000, o grupo de comparação foi estabelecido com base em economias que, no início do século, tivessem um PIB per capita semelhante ao nacional.
Passados 23 anos, a BRP traça como um dos seus objetivos recolocar Portugal no grupo dos 15 países com um PIB per capita mais elevado no bloco europeu, depois de ter sido ultrapassado por vários países da coesão.
“Para tomar decisões adequadas, é fundamental ter informação. Esta ferramenta tenta dar resposta a essa necessidade utilizando parceiros com grande credibilidade e baseando-se em dados públicos, verificáveis e que permitem basear decisões em informação concreta”, explicou Vasco de Mello, presidente da associação, ao JE.
Durante a apresentação da plataforma, o também presidente do grupo José de Mello tinha afirmado que o país precisa “de ter a capacidade de aumentar a nossa ambição”, urgindo a que tal “passe a ser um desígnio nacional”.
Antes, já Nuno Amado, presidente do Millennium BCP e membro da direção do BRP, havia argumentado que, “se não houver evolução nas políticas no sentido de serem pragmáticas, de apostarem na sociedade civil, nas empresas, de acelerar a velocidade de execução, não vamos crescer à velocidade necessária”.
Mais do que “o dinheiro que se gasta”, importa perceber “o esforço financeiro” que os agentes têm de fazer para poderem contar com os bens e serviços necessários à sua prosperidade, continuou Nuno Amado, justificando a importância do ‘Comparar para Crescer’.
A plataforma compila 30 indicadores divididos em quatro áreas – performance global, pessoas, empresas e Estado – os principais eixos de ação da BRP, estabelecendo uma comparação com um grupo de oito países constituído por Espanha, Itália, Grécia, Polónia, República Checa, Eslovénia, Estónia e Hungria. Economias como Malta e Chipre ficaram de fora devido à sua dimensão, explicou Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da BRP, enquanto a Croácia entrou há demasiado pouco tempo na UE para conferir uma comparação relevante.
Sendo ainda uma ‘versão zero’, é expectável que venha a contar com mais análises sectoriais e ‘snapshots’ de análise, indicaram os responsáveis da associação.