A BP prevê que o consumo global de petróleo atinja o o pico em 2025. A petrolífera espera que o consumo aumente em dois milhões de barris por dia até atingir o pico de 102 milhões de barris diários em 2025.
Este pico é atingido nos dois cenários previstos pela BP, no seu anual BP Energy Outlook, divulgado recentemente: trajetória atual (baseada nas políticas atuais de redução de carbono) e carbono zero, com medidas mais radicais para reduzir emissões. Já as emissões de carbono também atingem um pico em 2025.
O recuo do consumo de petróleo acontece com a queda no uso para o transporte rodoviário, e com o crescimento das energias renováveis, em particular a solar fotovoltaica e a eólica.
O consumo de petróleo deverá cair para 98 milhões de barris por dia em 2035, e para os 75 milhões em 2050, no cenário atual; e recuar para 80 milhões em 2035, e para os 25-30 milhões de barris por dia, no cenário net zero.
Se, por um lado, o uso de petróleo desce com o recuo do uso nos transportes rodoviários, por outro, o consumo aumenta com o uso de petróleo para produzir plásticos, têxteis e outros produtos à base de crude.
A BP não tem dúvidas: "o petróleo vai continuar a desempenhar um papel significativo no sistema global de energia nos próximos 10-15 anos".
Mas os dois cenários estabelecem diferenças em relação ao consumo futuro de gás natural. No cenário carbono zero, o consumo de gás atinge o pico em 2025, antes de recuar para metade em 2050 face aos níveis de 2022.
No cenário da trajetória atual, a procura de gás vai continuar a crescer até 2050, altura em que já terá crescido em um quinto face aos valores atuais. Isto acontece porque as economias emergentes (sem contar com China) vão precisar de mais 50% de gás para os sectores industriais e energético. Já o consumo chinês vai estabilizar em 2040, e até 2050 deverá estar um terço acima do registado agora.
Já a procura por gás natural liquefeito (GNL) vai continuar a aumentar: entre 40% a 30% nos dois cenários.
O GNL vai crescer, assim, mais de 25% nos próximos 20 anos, sendo necessários mais 300 mil milhões de metros cúbicos de capacidade de liquefação após 2030.
Em termos de energias renováveis, a capacidade eólica e solar deverá crescer oito vezes na trajetória atual, e 14 vezes no cenário carbono zero.
Até 2035, a maioria da nova capacidade vai estar concentrada na China e nas economias desenvolvidas, entre 30% a 45% da nova capacidade total.
A aposta nas energias renováveis vai ser sustentada pela queda nos preços das tecnologias.
"Quanto mais tempo demorar para o mundo concluir a transição energética, maiores os riscos de um caminho dispendioso e desordeiro no futuro. O desafio colocado pela transição energética complicou-se pelas repercussões da disrupções de energia causadas pela guerra na Ucrânia. Estas disrupções, e os custos económicos e sociais que acarreta, servem para lembrar que a transição também precisa de ter em conta a segurança e a acessibilidade em termos de custos", disse Spencer Dale, economista-chefe da BP no relatório.