As bolsas europeias sentiram os resultados das eleições europeias e refletiram a desconfiança dos mercados face ao novo panorama do parlamento europeu. Em França, porém, a situação foi mais além, com o chefe de Estado, Emmanuel Macron, a convocar eleições legislativas antecipadas, que acarretam riscos a vários níveis.
Foi neste contexto que o CAC40 (o principal índice da bolsa de Paris) protagonizou uma semana particularmente difícil. Aquele índice caiu 2,66% na sexta-feira, ampliando para perto dos 4% o recuo que protagonizou no total da semana passada, que foi a primeira com reações aos resultados dos cidadãos europeus nas urnas. Para se ter uma noção, foi a pior semana desde o fim de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia.
A bolsa gaulesa perdeu cerca de 196 mil milhões de euros em capitalização de mercado na última semana, aproximadamente o tamanho da economia da Grécia, após a decisão de convocar eleições tomada pelo presidente Emmanuel Macron. O índice CAC 40 eliminou mesmo todos os ganhos de 2024, de acordo com a Bloomberg.
Os títulos mais impactados foram os bancos franceses, entre os quais BNP Paribas e o Société Générale, uma vez que possuem elevadas quantidades de dívida soberana francesa.
São vários os analistas que apontam a inseguranças dos investidores como fator fundamental para a descida acentuada. Isto porque a proximidade de eleições pode significar uma mudança de governo em pouco tempo, visto que a força de direita-radical União Nacional (RN – Rassemblement National), obteve mais de 31% dos votos, tendo vencido por larga margem.
Jordan Bardella será o candidato da extrema-direita ao cargo de primeiro-ministro de França, no âmbito desta convocação para a ida às urnas.
Os resultados levam a crer que aquele partido poderá fazer parte de um governo dentro em breve e, nesse sentido, surgem preocupações. De acordo com uma análise da DBRS, a incerteza política, acompanhada de menor previsibilidade de políticas num “período de importância significativa da trajetória fiscal de França” leva a receios entre os mercados.íodo.
Também na sexta, o ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, referiu que uma vitória do RN, liderado por Marine Le Pen, poderia levar a uma crise financeira como a de 2011.
As eleições legislativas estão marcadas para 30 de junho, com a segunda volta agendada para 7 de julho. Assim sendo, uma eventual mudança do quadro político vai ocorrer poucas semanas antes de um “grande evento desportivo”, como são os Jogos Olímpicos, que vão ter início a 26 de julho, em Paris, assinala-se.
Em simultâneo, a agência de rating alerta para os eventos fiscais que se aproximam, incluindo “novos cortes nas despesas e a preparação do orçamento para 2025” que, de acordo com os analistas, “são fundamentais para a trajetória fiscal da França”.
Também a ActivTrades analisou a temática, tendo assinalado que “os investidores tendem a procurar segurança e preferem moderar temporariamente a sua ação nos mercados”, após os resultados das eleições europeias, que tiveram lugar a 9 de junho. Ora, assim sendo, “o índice francês CAC-40 é o que apresenta o pior desempenho da zona euro atualmente e tem registado perdas significativas na maioria dos setores”, pode ler-se na análise da ActivTrades.