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Bolsa de Londres volta a ser a maior da Europa, por causa da instabilidade em França

Vitória da extrema-direita nas eleições europeias em França e a convocação de eleições legislativas antecipadas fez a bolsa de Paris perder 9% do seu valor numa semana, evaporando os ganhos que tinha registado desde o início do ano.

O principal mercado de capitais do Reino Unido, a Bolsa de Valores de Londres (LSE, na sigla inglesa), voltou a ser o maior mercado acionista europeu, destronando a bolsa de Paris, devido à turbulência vivida na política francesa.

No fecho dos mercados, na segunda-feira, 17 de junho, o CAC, índice da bolsa gaulesa, apresentava uma capitalização bolsista de 2,4 biliões de dólares (cerca de 2,42 biliões de euros), enquanto o FTSE 100, índice britânico, valia 3,41 biliões de dólares (cerca de 3,17 biliões de euros).

LSE foi o maior mercado de ações da Europa por décadas, até ser ultrapassado, em novembro de 2022, na sequência do Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia.

“O fraco desempenho do mercado francês deve-se à perceção dos investidores sobre o risco de instabilidade política na zona euro – com o aumento dos assentos no parlamento por partidos de extrema-direita –, bem como a decisão de [Emmanuel] Macron de antecipar eleições no país e do risco que corre de perder contra Marine Le Pen”, diz ao Jornal Económico (JE) Henrique Tomé, analista da XTB.

“A reação da bolsa francesa tem sido clara ao entrar em sell-off na semana passada, com os investidores a estarem preocupados com o risco de instabilidade política no país”, acrescenta.

O Reagrupamento Nacional, de extrema-direita, liderado de facto por Marine Le Pen, foi o vencedor das eleições para o Parlamento Europeu em França, obtendo 31,37% dos votos, permitindo-lhe ocupar 30 lugares. A coligação do partido do presidente francês obteve 14,6% e elegeu 13 deputados, o mesmo número de mandatos conquistado pela coligação dos socialistas, que obteve 13,83% dos votos.

Face a estes resultados, Macron anunciou a convocação de eleições legislativas para 30 de junho. “Não posso fingir que nada aconteceu”, justificou.

Na bolsa, os investidores reagiram de forma negativa, levando o índice acionista francês a cair 9% e a perder todos os ganhos acumulados ao longo deste ano em apenas uma semana.

“Em conjunto com a instabilidade política, temos também as duas potências europeias – Alemanha e França – a abrandar consideravelmente o seu crescimento, o que pode afetar os earnings das empresas e, em consequência, também os índices bolsistas”, acrescenta Henrique Tomé.

Assim, o mercado britânico beneficia, ainda que sofra, também, com a instabilidade política, com eleições convocadas para 4 de julho. “Com a inflação aparentemente sob controlo e a perspetiva de crescimento a melhorar, acreditamos que a eleição oferecerá a muitos investidores uma oportunidade para reavaliar as ações do Reino Unido, onde as avaliações são atrativas e as perspetivas de rendimento parecem fortes”, diz Simon Gergel, diretor de Investimentos de Ações do Reino Unido da Allianz Global Investors.