André Themudo, responsável pelo negócio da BlackRock em Portugal, apresentou esta quarta-feira aos jornalistas portugueses, o "2026 Global Outlook: Pushing limits, do BlackRock Investment Institute".
A BlackRock considera que a expansão da IA também está a acontecer a uma velocidade e escala potencialmente sem precedentes. Esta mudança de um crescimento com baixo investimento de capital para um crescimento intensivo em capital está a alterar profundamente o ambiente de investimento – e a ultrapassar limites em múltiplas frentes: física, financeira e geopolítica.
Este português que vive em Madrid, onde a BlackRock tem o hub para a Pensínsula Ibérica, começou por explicar o título do Outlook. "O título deste ano é Pushing Limits, porque acreditamos que nos próximos anos a economia global e os mercados financeiros vão testar, muitos dos limites que dávamos como adquiridos.
André Themudo falou de três coisas, a primeira delas são as megaforças que estão a transformar o mundo, em especial a inteligência artificial. "A inteligência artificial é a megaforça central. A economia global está a ser moldada por um pequeno conjunto de megaforças e a inteligência artificial está claramente no centro deste grupo", disse acrescentando que megaforças são aquelas forças estruturais, que vão estar daqui a 10, 20, 30 anos, que se vão manter.
"A segunda coisa que vos queria comentar é o que é que isto significa para o posicionamento das carteiras, tanto táctica como estratégica, e por fim, como é que nós vemos temas estruturais como a Europa, Portugal, sustentabilidade e ativos digitais".
As megaforças podem ser a digitalização da economia, temas demográficos, sustentabilidade ou transição energética. São portanto temas estruturais que vão ter impacto na alocação de ativos e na maneira como a economia e a sociedade se vão moldando.
IA como megaforça central
"A megaforça central que nós achamos que está este ano no centro de todas é a inteligência artificial e a tecnologia. A inteligência artificial está a transformar a tecnologia numa atividade muito mais intensiva em capital e estimam-se investimentos acumulativos de 5 a 8 biliões dólares até 2030. Este o valor o que nós estimamos que sejam os investimentos acumulados em inteligência artificial, no mundo inteiro mas sobretudo nos Estados Unidos", disse André Themudo.
"Mantemos a nossa postura favorável ao risco e consideramos que a inteligência artificial continua a ser o principal motor das ações americanas. No entanto, este cenário é propício para investimentos ativos – selecionando vencedores e perdedores entre as empresas em crescimento agora e, posteriormente, à medida que os ganhos da IA começam a disseminar-se", é a opinião da BlackRock revelada no Outlook.
"Achamos que isto não é apenas um tema de tecnologia, é um fator que mexe com o crescimento, com mercados de capitais, com a energia, com geopolítica e hoje em dia investimentos em inteligência artificial estão no centro de toda esta confluência geopolítica, de defesa, energético, mercados de capitais e etc", frisou.
Quando tão poucas megaforças, como é o caso da inteligência artificial, isoladamente explicam uma parte tão grande dos movimentos do mercado, "deixa de existir uma posição neutra em termos de inteligência artificial. Ou se está a favor, e acredita, ou se está a contra", explicou.
"A inteligência artificial vai continuar a ser o tema dominante em 2026"
"Estar investido hoje em índices ou ETF é hoje uma grandíssima aposta", disse o responsável da BlackRock que vê a temática de inteligência artificial como o principal motor das ações norte-americanas. "Este é também um ambiente em que existe cada vez mais gestão ativa. Ou seja, diferenciar entre vencedores e perdedores [no mercado de ações]. Tanto entre quem está hoje a construir a infraestrutura de inteligência artificial, como entre aqueles que mais à frente vão capturar os ganhos de produtividade.", referiu
A BlackRock, que tem tanto gestão ativa como gestão indexada, assume que gosta de ações com instrumento financeiro de aplicação do investimentos dos seus fundos. A gestora norte-americana, tradicionalmente conhecida por popularizar fundos passivos (ETFs), tem vindo a reforçar e expandir a sua aposta na gestão ativa nos últimos anos. A empresa reconhece que o atual ambiente de mercado, moldado por "megaforças" como a IA é mais propício para estratégias ativas do que para a simples indexação.
"Nós achamos que cada vez mais temos um ambiente de gestão ativa. Este ano, é importante distinguir vencedores de perdedores e fazer uma distinção em gestão ativa daqueles que nós achamos que vão ter maior potencial e evitar aqueles que nós achamos que não vão ter tanto potencial", disse André Themudo.
"Existem limitações de inteligência artificial e uma delas é o consumo de energia que implica, e o financiamento para toda esta infraestrutura", disse o gestor que sublinhou também que a posição da BlackRock é que "não estamos numa bolha de inteligência artificial" e que "a inteligência artificial vai continuar a ser o tema dominante em 2026".
"Achamos que a grande diferença para a revolução da internet é a velocidade de adopção da inteligência artificial. A internet demorou quase 30 anos para demonstrar o seu full potential e a inteligência artificial é bastante mais rápida esta adopção. Portanto, achamos que não há uma bolha", sublinhou.
Defesa, energia e poupança ou mobilização da poupança são assim as grandes linhas de orientação da Europa
Sobre a Europa, o responsável da BlackRock disse que o continente europeu está a ser obrigado a mexer em temas que adiou durante muitos anos, lembrando o Relatório Draghi. "Mas, basicamente, há aqui quatro temas importantes na Europa. Um é competitividade, o segundo é energia, o terceiro é defesa e o quarto é a própria profundidade dos mercados de capitais na Europa", defende André Themudo.
A revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento deu muito mais flexibilidade orçamental e permite que os países avancem com reformas estruturais. Pelo que a BlackRock vê três prioridades claras para os países europeus. "Um, mais defesa, há maior margem para subir a despesa aqui até mais de 1,5% do PIB em alguns casos. Segunda é a prioridade de energia não só mais barata, mas também mais segura através de investimento em renováveis, redes e simplificação do licenciamento; e a terceira medida prioritária na Europa consiste em mobilizar a poupança", defende.
André Themudo diz que na Europa existem mais de 14 biliões de euros parados em depósitos que geram pouco ou nenhum rendimento, ou seja, nenhum investimento produtivo.
Defesa, energia e poupança ou mobilização da poupança são assim as grandes linhas de orientação da Europa e "há também um esforço muito mais micro de competitividade", disse. O relatório Draghi apontou 383 reformas, onde cerca de um terço já foi ou implementado completamente ou posto em marcha, revelou.
A BlackRock na Europa gosta principalmente em três setores, o setor financeiro europeu; as infraestruturas europeias e a saúde europeia.
"Mantemos a nossa preferência por Espanha"
“Em termos geográficos, costumamos falar do excecionalismo ibérico”, disse o responsável pelo negócio da BlackRock em Portugal.
"Dentro da Europa há um excepcionalismo ibérico de Portugal e Espanha, com crescimentos muito acima da média europeia. Mas aqui nós mantemos a nossa preferência por Espanha", disse André Themudo que acrescentou que "a estabilidade económica da região continua, na nossa opinião, a ser favorável para as obrigações".
"Portugal tem surgido como um caso de resiliência macroeconómica. Vemos, por um lado, crescimento acima da média da zona euro, baixa inflação relativamente aos países pares, mercado acionista dinâmico e o turismo que continua a ser o motor da atividade. Portanto, olhamos com bons olhos para Portugal que goza também de estabilidade política. Mas ao mesmo tempo, não podemos ignorar alguns desafios em Portugal", disse.
Os desafios que aponta a Portugal são a dívida pública ainda elevada, o envelhecimento demográfico e ganhos de produtividade modestos em alguns setores da atividade.
Investimento nas empresas de IA, tem um impacto macro
"O micro é macro, ou seja o investimento nas empresas de IA, tem um impacto macro", disse o gestor. Isto porque o desenvolvimento da IA é dominado por um pequeno grupo de empresas que investem a uma escala tão grande que gera um impacto macroeconómico. As ambições de investimento ligadas à expansão da IA são tão grandes que o micro se torna macro.
O desafio para os investidores é avaliar se a IA irá gerar receitas da mesma magnitude que os enormes planos de investimento.
"Os chamados hyperscalers, os hiperscaladores, estão a anunciar planos de investimento de biliões e quando fazemos as contas percebemos que, para justificar estes montantes, são precisas duas coisas acontecerem. Por um lado, ganhos de produtividade na economia em geral, crescimentos do PIB acima da média que façam com que estes investimentos em inteligência artificial de facto sejam motores de aumentos de produtividade. E segundo, uma maior fatia de receita para o setor tecnológico. Quanto à tecnologia, o peso nas receitas globais, é hoje em dia de 25%, mas se passámos para 35% isto pode criar um acréscimo de 400 mil milhões de dólares por ano", referiu o gestor.
"Há assim uma pergunta que é quem é que captura estas receitas todas? É preciso saber quais são as empresas, os setores, as geografias que vão efetivamente transformar este investimento em retorno para o acionista. É por isso que dizemos que a inteligência artificial vai ser, cada vez mais, uma história de gestão ativa", acrescentou.
"Ao dia de hoje, atualmente, quem melhor capta essas oportunidades é, sem dúvida, o mercado norte-americano. Continuamos overweight, sobreponderados positivos em ações americanas", explicou André Themudo que admitiu ao mesmo tempo que no futuro, "podemos focar mais na energia".
"As receitas totais podem justificar os gastos, mas não é claro quanto resultará para as empresas tecnológicas que impulsionam a expansão. Mantemos a nossa postura de risco e a nossa posição acima da média em ações americanas no setor da IA. Consideramos também este um ótimo momento para investimentos ativos", defende a BlackRock.
O segundo tema é a subida da alavancagem. Os programadores de IA estão a alavancar os seus recursos. "Achamos que a alavancagem financeira vai ter que acontecer. As empresas vão-se ter que alavancar mais [junto de bancos e de fundos de crédito privado].
As grandes tecnológicas cotadas têm níveis de alavancagem relativamente baixos, o rácio de dívida sobre EBITDA é de cerca de 0,5 vezes. Portanto, há muita margem ainda para se alavancarem e portanto, têm capacidades, de se alavancarem mais. Sem esquecer que o investimento é concentrado no início, enquanto as receitas são obtidas posteriormente.
Ao contrário dos governos que não têm tanta margem para se endividar porque já estão muito endividados, em média. É por isso que esperamos ver mais recursos em mercados de crédito públicos e privados, criando oportunidades de investimentos em crédito privado, investimentos em obrigações corporativas, em instrumentos de financiamento de infraestruturas. "Investidores institucionais como nós podem financiar empresas quando levantam dívida", salientou.
"A contrapartida é que o mundo mais alavancado tende a ser um mundo de taxas de juros mais altas", disse o gestor que prevê uma subida de preço das obrigações de longo prazo, "sobretudo nos treasuries americanas. Nós achamos que as obrigações americanas de longo prazo vão ter-lhes yields mais altas"
A BlackRock escreve no relatório que "juntamente com governos altamente endividados, isto cria um sistema financeiro mais alavancado e vulnerável a choques como picos nas taxas de juro das obrigações. Observamos que o crédito privado e as infraestruturas estão a suportar este financiamento e, por isso, estamos com uma posição estrategicamente abaixo da média nos títulos do Tesouro americano de longo prazo".
"Por isso estamos subponderados, ou seja, mais negativos, em dívida pública de longo prazo americana. Preferimos procurar rendimento de crédito, ou seja, em dívida privada", reforça o gestor português.
A mudança de um crescimento com baixo investimento de capital para um crescimento intensivo em capital está a alterar profundamente o ambiente de investimento, defende a BlackRock.
BlackRock vê o ouro como ativo tático
O outro tema abordado prende-se com o "desaparecimento da diversificação fácil".
"Acreditamos que os investidores devem concentrar-se menos em distribuir o risco indiscriminadamente e mais em assumi-lo de forma deliberada. Acreditamos que os portefólios devem ser ágeis, com um plano B bem definido. Gostamos de exposições específicas em mercados privados e hedge funds", refere a maior gestora de ativos do mundo no seu Outlook.
André Themudo disse que "os diversificadores tradicionais, como obrigações de longo prazo, já não funcionam tão bem como contrapeso nas carteiras. E isso levou muitos diversificadores a olhar para o ouro como ativo. Nós, na BlackRock, vemos o ouro como um ativo mais tático".
"Na nossa visão, a diversificação hoje significa outra coisa. Significa ir para além das grandes classes de ativos e adotar um posicionamento mais granular, mais ágil e mais temático. Os mercados privados, por exemplo, seja Private Equity, Private Credit, ou Hedge Funds, que têm estratégias que tendencialmente têm o objetivo de conseguir dar retornos positivos em qualquer circunstância de mercado. Mas, também, investimento temático-estrutural em transição energética, por exemplo, em infraestrutura ou em temas demográficos. Ou seja, investimento em megatendências", referiu André Themudo.
"Ou seja, não achamos que a típica diversificação 60%-40% de ações e obrigações, não faz tanto sentido hoje em dia. O conceito da carteira de 60 a 40 passa para 50, 30, 20. Isto é 50% é ações e os outros 50% são divididos entre obrigações e mercados privados ou investimentos mais alternativos", disse.
A economia global e os mercados financeiros estão a ser transformados por megaforças, especialmente a IA. A tecnologia está a tornar-se intensiva em capital, e a expansão da IA pode ser sem precedentes em velocidade e escala.
Mas a expansão da AI está condicionada por limitações físicas, que é capacidade de computação, a rede elétrica, o acesso à energia barata e acesso à energia estável.
Só nos Estados Unidos estima-se que os centros de dados de AI possam consumir até 2030 entre 15% a 20% da procura elétrica atual o que justifica o otimismo em relação ao setor de energia. "Isto é um choque estrutural para as redes, para os combustíveis fósseis e para os materiais".
O gestor detalhou que a China está a responder com forte expansão da geração e transmissão, incluindo nuclear, carvão, hidroelétrica, renováveis e com produção interna de painéis solares e baterias o que reduz bastante os custos. "A China está aqui a tomar uma velocidade importante", disse.
"A rivalidade dos Estados Unidos e China é hoje o eixo central da geopolítica"
O segundo mega-tema é a fragmentação geopolítica. "A rivalidade dos Estados Unidos e China é hoje o eixo central da geopolítica, com impacto no comércio, mas não só. Tem impacto em tecnologia, energia e defesa. E a inteligência artificial está no coração desta competição", disse.
"Na Europa, o protecionismo americano e a competitividade e a guerra na Ucrânia estão a acelerar esta transformação energética e estamos a começar a repensar nas cadeias de valor. Depois de décadas a investir consideravelmente menos do que os 2% em defesa, assumimos realista que a Europa possa passar a investir mais de 3% do PIB já em 2030", referiu.
"Achamos que existem, assim, oportunidades nos sectores de defesa a médio prazo, e em utilities ou em energia europeia", avançou.
Stablecoins e tokenização como futuro do setor financeiro
"Uma outra mega-tendência é o futuro do setor financeiro e aqui queria falar de stablecoins e de tokenização, que são, na nossa opinião, sinais claros de um sistema financeiro em rápida evolução. São uma ponte entre finanças tradicionais e finanças digitais. Estamos a ver 3 coisas a acontecer em relação a esta digitalização. Por um lado, as stablecoins reguladas, obviamente, como meio de pagamento. O market share de stablecoins em relação à totalidade do mercado de cripto não pára de aumentar. A stablecoin já não é um nicho dentro do mundo cripto", referiu.
A bola de cristal da BlackRock prevê "dólares digitais a coexistirem com canais tradicionais e vê a tokenização como forma de tornar a emissão, a negociação e a liquidação de ativos muito mais rápida, eficiente, se quisermos chamar, inclusiva".
Portanto, maior digitalização, uma aproximação das stablecoins, uma maior adopção das stablecoins e uma tokenização de alguns ativos que vai permitir um maior acesso, uma maior facilidade na infraestrutura da negociação de ativos.
"O dólar continua a ser a moeda dominante e a perda de dinâmica do dólar não vai acontecer nas próximas décadas, dado o peso que tem hoje em dia em meios de pagamento, na transação de FX, no mercado de capitais, e tudo o mais,", afirmou o gestor da BlackRock.
Crédito privado: "Provável aumento do incumprimento em operações de crédito mal estruturadas"
Outro tema é o crédito privado que "está a entrar numa fase mais exigente, spreads comprimidos, algum relaxamento dos critérios em anos anteriores e um provável aumento do incumprimento em operações de crédito mal estruturadas, o que centralizar a importância na seleção de gestores dos fundos de crédito privado", referiu.
Em termos de fundos de infraestrutura, o gestor da BlackRock diz que "ganha dupla dimensão, por um lado continua a ser um ativo real essencial de longo prazo e com fluxos de caixa defensivos dada a natureza regulatória contratual (de longo prazo) que costumam ter, e costumam ser os Estados os arrendatários. Há aqui uma maior previsibilidade dos fluxos de caixa. Por outro lado, acrescenta, a infraestrutura torna-se absolutamente crítica para sustentar a expansão da IA".
"Vemos valor em infraestruturas, tanto em ações como em dívida. Obviamente que a infraestrutura não é um ativo líquido, não posso investir amanhã numa autoestrada, num hospital e vender o meu ativo depois de amanhã", destaca.
A aposta na Infraestrutura justifica que a BlackRock tenha comprado há cerca de um ano e meio atrás a Global Infrastructure Partners (GIP).
México, Brasil e Vietname são as escolhas da BlackRock para os mercados emergentes. A cinco anos ganha a Índia
O ano de 2025 foi forte para os Mercados Emergentes, disse. "Olhando agora para a frente, estamos positivos em dívida emergente em divisa forte, ou seja, euro ou dólar, com preferência por emissões high yield, que têm visto melhorias de rating. Estamos neutros em ações emergentes no curto prazo. Portanto, em emergentes, estamos mais positivos em dívida e mais neutros em ações. Temos bastante atenção, ou ênfase, em exposições muito seletivas em tecnologia", disse.
"Vemos com muito bons olhos, no curto prazo, México, Brasil e Vietname. Numa perspectiva estratégica de 5 anos, temos uma preferência clara, e é por Índia que combina uma demográfica favorável com uma rápida digitalização", revelou.
"Continuamos com a nossa visão positiva para o Japão. Crescimento nominal robusto, investimento empresarial saudável, reformas de corporate governance, de governação corporativa, que têm vindo a melhorar a atratividade da bolsa japonesa, e portanto têm várias perspectivas positivas para o Japão e nós continuamos, apesar de ter sido um bom ano para o Japão, continuamos positivos para 2026, para a bolsa japonesa", acrescentou.
"Em termos de sustentabilidade, devem-se também já saberem qual é a posição da BlackRock. Queremos dar mais alternativas aos investidores. Continuamos sempre com esta metáfora, a BlackRock é como um supermercado, quer dar a maior oferta e a maior opção aos investidores", continuou.
No que toca a ativos digitais a BlackRock tem vindo a lançar ETF sobre ativos digitais, de bitcoins, principalmente nos Estados Unidos. "Nos Estados Unidos e na Europa, os ETFs têm batido recordes de flows e de procura. Depois lançámos a versão europeia do ETF de Bitcoin também, que tem vindo a ter muitíssima procura", referiu.
O gestor disse ainda que a procura por ETF está a aumentar em Portugal.
"Na nossa opinião, uma alocação moderada, na ordem de 1% a 2% em Bitcoin, pode ser razoável para certos perfis de investidores mais institucionais, que possam absorver a volatilidade desta classe de ativos tão particular", concluiu.
"Não prevemos muito mais campo para a Fed descer os juros. Temos uma perspectiva diferente de mercado"
Por fim, André Themudo desvendou que a BlackRock defende que há pouca margem para a Fed descer muito mais as taxas de juros diretoras porque "a inflação pode ser um bocadinho mais persistente do que se poderia achar". Portanto, "achamos que pode haver espaço para alguma descida, mas não prevemos muito mais campo para descer. Temos uma perspectiva diferente de mercado". A BlackRock acha que em 2026 se houver é mais uma descida dos juros nos Estados Unidos. "Aliás, eu acho que a perspectiva média do consenso de mercado são as taxas a 3,3%", disse.
"Na Europa achamos que não vai haver espaço para mais descida dos juros pelo BCE", disse ainda.